O laudo foi feito entre 12 e 15 de abril, vistoriando todas as ações emergenciais executadas, em curso ou planejadas desde a barragem rompida do Fundão até a Usina Hidroelétrica Risolteta Neves (Candonga). O instituto recomendou uma urgente ação nos diques de Sela e Tulipa, reservatórios de rejeitos que pertencem ao complexo minerário e foram afetados pelo rompimento, porque “ainda apresentam coeficiente de segurança abaixo da norma, demandado cronograma atualizado e efetiva estabilização antes do próximo período chuvoso”.
Na área entre Bento Rodrigues e Candonga, foram constatados ainda grandes locais de depósitos de rejeitos às margens dos rios. “Por isso, é necessário que se apresentem projetos de reconformação desses cursos d’água impactados pelos rejeitos, além de outras estruturas (diques) para sua contenção assim como tratamento(s) complementares visando à melhoria da qualidade da água”.
A Samarco afirma ter encontrado 68 cursos d’água que precisam ser recuperados, mas o Ibama afirma que “alguns tributários impactados não foram mapeados” e que é “necessária uma revisão dos mapeamentos dos tributários”. O instituto ainda aponta que a grande quantidade de madeira e material orgânico carreados pela lama e depositados no município de Santa Cruz do Escalvado deveria ser utilizada no processo de recuperação das áreas impactadas como fonte de estruturação física e matéria orgânica.
Sobre os plantios emergenciais realizados pela Samarco em 740 hectares dos 800 que a empresa afirmou ter identificado como áreas críticas para carreamento de sedimentos de volta aos rios, o Ibama reconhece que a ação é feita para a diminuição da erosão das chuvas, enxurradas e do vento. “Identificamos bons plantios”, afirmam os técnicos. Porém, apenas essa medida não é suficiente na avaliação dos profissionais, que recomendam a estruturação de drenagens nesses espaços para impedir que a chuva forme enxurradas e despeje os rejeitos acumulados de volta nos cursos d’água. “É necessário que se faça disciplinamento das águas pluviais”, define o levantamento. Hoje e amanhã resultados das pesquisas de impactos serão divulgados no seminário O Desastre da Samarco: balanço de seis meses de impactos e ações, organizado pela Fiocruz.
OUTRO LADO A Samarco informou que o trabalho de recuperação dos afluentes está em andamento, com o emprego de técnicas de engenharia adequadas para cada situação. “O plano é dinâmico e é continuamente adaptado de acordo com as necessidades encontradas em campo. Estão sendo recuperados afluentes nos rios Gualaxo do Norte e Carmo, de acordo com o Plano de Recuperação Ambiental apresentado ao Ibama em 17 de fevereiro”, disse a mineradora.
A empresa reiterou que suas estruturas de barragem e de diques se encontram estáveis. “Tais estruturas estão sendo monitoradas em tempo real por meio de radares, câmeras e inspeções diárias, realizadas pela equipe técnica da empresa. Além disso, estão sendo utilizados drones, escaneamento a laser, medidores de nível d´água, piezômetros e a instrumentação geotécnica existente para a avaliação técnica”.
Sobre o plantio de leguminosas, em que seria necessária a implantação de drenagens para impedir carreamento de sedimentos durante as chuvas, segundo o instituto, a Samarco informou que “são realizadas inspeções e monitoramentos constantes de tais plantios, com correções sendo realizadas, sempre que necessário”.
Ainda de acordo com a Samarco, as espécies foram apresentadas e aprovadas pelos órgãos ambientais e possuem o objetivo de contenção emergencial de sedimentos. A mineradora não comentou a ação civil pública proposta pelo MPF, por não ter sido notificada.