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Estado de Minas

Mancha da epidemia de dengue marca 58% das cidades mineiras

Considerando critérios da OMS, números da Saúde estadual projetados para grupos de 100 mil habitantes põem mais da metade dos municípios mineiros em quadro epidêmico


postado em 21/04/2016 06:00 / atualizado em 21/04/2016 07:29

Campanário continua a aparecer como cidade de maior incidência, mas prefeitura informa que situação foi revertida(foto: Túlio Santos/EM/D.A Press 4/3/16)
Campanário continua a aparecer como cidade de maior incidência, mas prefeitura informa que situação foi revertida (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press 4/3/16)
Mais da metade das cidades mineiras apresentaram em abril quadro compatível com epidemia de dengue, de acordo com critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo levantamento do Estado de Minas com base no último balanço epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG), 58,3% dos municípios – 498 no total – têm taxa de incidência superior a 300 casos em uma população projetada de 100 mil habitantes. Classificação da OMS indica que lugares com essa proporção de infectados são considerados em situação epidêmica. Para chegar ao índice, a metodologia consistiu em dividir os totais de casos prováveis (confirmados e suspeitos) pela população de cada município, multiplicando por 100 mil.

Reportagem publicada em 12 de fevereiro pelo EM com base nos mesmos critérios apontava 104 municípios em situação de epidemia, o que significa que em dois meses o número de municípios em situação epidêmica cresceu 378,8%. Até o início da semana, 349.500 casos prováveis de dengue haviam sido registrados no sistema da Secretaria de Estado da Saúde (SES-MG). A quantidade de casos já corresponde a 84,3% do total percebido durante todo ano de 2013, período da pior epidemia enfrentada em Minas Gerais, quando houve 414.548 registros. O avanço da doença, que é acentuado entre os meses de março e abril, quando historicamente há maior quantidade de casos, preocupa pelos resultados. Já são 59 mortes confirmadas, sendo 45% das vítimas com faixa etária superior a 65 anos, e 164 mortes em investigação. Os óbitos de um bebê e de outras três crianças de 5 a 14 anos também foram notificados.

Cidades menores, embora tenham números absolutos mais baixos, despontam entre as de maior prevalência da dengue, quando se considera a proporcionalidade de pacientes projetada para uma população de 100 mil habitantes. Nessa situação, o destaque continua sendo Campanário (Vale do Rio Doce), que lidera o ranking de incidência no estado há pelo menos dois meses, com 534 casos entre os seus 3.720 moradores. Porém, segundo a Secretaria de Saúde do município, a situação começa dar sinais de melhora. Nas três últimas semanas, não foram registradas ocorrências de dengue na cidade. A avaliação é de que ações preventivas realizadas pelo município tenham gerado resultado.

Considerando apenas o número absoluto de doentes, o ranking destaca a situação de Belo Horizonte, que já tem 99.880 casos, Contagem, com 22.953, e Betim, com 9.209. Na sequência está Juiz de Fora, na Zona da Mata, com 9.026 registros, Ibirité e Ribeirão das Neves, ambas na Região Central (com 8.723 e 6.439, respectivamente).

CAPITAL Pelo menos 1,7% dos belo-horizontinos já foram infectados pela dengue este ano. De acordo com dados divulgados na noite de ontem pela Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), já são 40.192 casos confirmados da doença na capital mineira, que de acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tem população de 2,37 milhões de habitantes. São 6.042 novas confirmações desde o balanço da semana passada e há ainda 59.675 diagnósticos suspeitos em investigação. Quinze pessoas morreram na cidade por complicação da doença.

De mais de 100 mil diagnósticos de dengue em BH, entre notificações e confirmações, apenas 9.888 foram descartados, menos que 10%. A regional com o maior número de pessoas infectadas é a do Barreiro, com 9.086 ocorrências, seguida pelas regionais Nordeste (7.166) e Oeste(4.827).

INFLUÊNCIA Fernando Avendanho, assessor da Superintendência de Vigilância Epidemiológica, Ambiental e de Saúde do Trabalhador da SES-MG, explica que a dengue é uma doença sazonal, cuja tendência de maior concentração se dá, de fato, entre março e abril. “Vários fatores influenciam o resultado, como índice de chuvas, população suscetível à cepa do vírus circulante, envolvimento variável da população de cada região na rotina de vistoria de suas casas, além de outros fatores imensuráveis”, explica. Ainda de acordo com ele, desde o ano passado a secretaria vem intensificando as ações de controle do Aedes aegypti e de suporte aos municípios, bem como as campanhas de mobilização junto à sociedade.

Em Belo Horizonte, mais de 3,7 mil toneladas de materiais que poderiam abrigar criadouros foram recolhidas nos mutirões intersetoriais. A prefeitura destaca ainda a entrada forçada em imóveis abandonados, a colocação de telas em casas de gestantes, o agendamento de vistorias à noite e o reforço de agentes da Defesa Civil, Guarda Municipal e agentes comunitários de saúde nas vistorias como medidas contra a proliferação do mosquito.

Já em Contagem, onde há quase 20 mil casos e 19 mortes em investigação, foram recolhidas de casa em casa cerca de 270 toneladas de inservíveis, como pneus, móveis e eletrodomésticos. Mais de 13 mil proprietários de lotes vagos foram notificados a fazer a limpeza e conservação de seus terrenos e cerca 500 proprietários de áreas consideradas de maior risco à saúde foram autuados e multados, em valores que variam de R$ 2,8 mil a R$ 18 mil. Para diminuir a incidência da dengue, a prefeitura informou também ter iniciado na semana passada o uso do fumacê nas regionais do Ressaca e Industrial. A medida que tem como foco o mosquito adulto será feita em três ciclos, com intervalo de 48 horas. Ao final, serão 1.200 litros de inseticida espalhados por 274 quarteirões.


Palavra de especialista
Antônio Carlos Toledo, médico infectologista e diretor da Sociedade Mineira de Infectologia

Prevenir em vez de corrigir

“O cuidado com a dengue deve ser permanente durante todo o ano, para que seja possível reduzir o problema no ano seguinte. Historicamente, começamos a nos preocupar com o assunto em dezembro, quando a epidemia já está rondando, o que é errado. A ação deve ser preventiva e não corretiva. O pico de transmissões pelo Aedes aegypti costuma ocorrer em março e pode ser prolongado a partir de fatores como o clima, que variam muito de um lugar para o outro. Portanto, não temos uma regra única; devemos permanecer vigilantes.”


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