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Estado de Minas

Ladrões tentam arrombar igreja em Bento Rodrigues

Informação é do Ministério Público de Minas Gerais, que denunciou tentativa de invasão a patrimônio que escapou da lama no distrito de Mariana arrasado pela tragédia ambiental


postado em 19/04/2016 06:00 / atualizado em 19/04/2016 08:02

Lama poupou a Igreja Nossa Senhora das Mercês, que fica na parte alta de Bento Rodrigues, mas patrimônio sofreu tentativa de invasão(foto: Túlio Santos/EM/D.A PRESS)
Lama poupou a Igreja Nossa Senhora das Mercês, que fica na parte alta de Bento Rodrigues, mas patrimônio sofreu tentativa de invasão (foto: Túlio Santos/EM/D.A PRESS)
Depois do saque às ruínas cobertas de lama e também às casas que ficaram de pé na parte mais alta de Bento Rodrigues, o alvo dos ladrões agora é o que restou do patrimônio cultural do subdistrito arrasado pelo rompimento da barragem da Samarco, distante 23 quilômetros do Centro de Mariana, na Região Central. De acordo com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), houve tentativa de arrombamento da Igreja de Nossa Senhora das Mercês, do século 18, que foi poupada da tragédia por ficar na parte mais alta do antigo povoado e está cercada por tapumes, conforme orientação da Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais (CPPC/MPMG).

“Felizmente, não levaram nada, pois todas as peças foram retiradas logo após a tragédia e transportadas para o Museu Arquidiocesano de Mariana. Mas isso mostra que a mineradora Samarco não está cumprindo o acordo de proteger a área”, diz o titular da CPPC, Marcos Paulo de Souza Miranda. Ao lado de moradores e outras autoridades, ele participa hoje, às 18h, no Centro de Convenções da cidade, da audiência pública “Preservação da memória de Bento Rodrigues e Paracatu – A importância do tombamento”, promovida pelo Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Mariana (Compat).

Durante vistoria no último dia 9, a equipe contratada pela empresa para monitoramento da área notou a falta do cadeado inferior da porta de entrada da Igreja das Mercês, além de marcas da tentativa de arrombamento do cadeado superior. No relatório, os monitores informaram que, observando o entorno, outro local continha evidências de arrombamento, na extremidade frontal sul, onde o tapume se sobrepõe ao corte do terreno. “Nesse local, os dois materiais distintos que garantem o isolamento (tapume e madeira) estavam danificados, apresentando exposição suficiente para acessar a área restrita”, diz relatório da inspeção. Após a comprovação do arrombamento, funcionários pediram apoio à segurança patrimonial em Bento Rodrigues e registraram a ocorrência.

O relatório encaminhando à CPPC informa que na área interna do templo não havia evidências de arrombamento. O cadeado já foi substituído e a Igreja das Mercês está novamente lacrada e isolada. “Acreditamos que o fato tenha ocorrido no período noturno. A Samarco foi informada imediatamente”, relataram os técnicos.

TOMBAMENTO O destino de Bento Rodrigues, vilarejo quase riscado do mapa, e de Paracatu de Baixo, atingido duramente pela lama vazada da Barragem do Fundão, da Samarco, em 5 de novembro, será discutido hoje, às 18h, no Centro de Convenções de Mariana. “Vamos conversar com os antigos moradores sobre o que é melhor para as localidades onde viveram”, diz a presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural (Compat), Ana Cristina Maia. Ela conta que, dependendo dos depoimentos e ideias apresentadas, as discussões poderão conduzir ao pedido de tombamento de Bento Rodrigues, que perdeu a Capela de São Bento, com o rompimento da estrutura de rejeitos de minério, e de Paracatu, cuja Matriz de Santo Antônio teve os bens sacros retirados.

Na audiência pública de hoje, estará presente o promotor Antônio Carlos de Oliveira e representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), da prefeitura local, de universidades e de outras instituições e entidades.

Segundo Marcos Paulo de Souza Miranda, o objetivo na audiência é encontrar formas de proteção, para que Bento Rodrigues, em especial, não se torne apenas um cemitério de pessoas e casas. “É fundamental buscar alternativas, como transformar o subdistrito em um Museu de Território”, afirma.

Em resposta, a mineradora informa que “dentro do escopo do acordo assinado entre a Samarco, seus acionistas (Vale e BHP) e os governos federal, de Minas Gerais e do Espírito Santo, está contemplada a criação de um memorial na área do antigo Bento Rodrigues. Essa ação se encontra em fase inicial de tratativas junto à Prefeitura de Mariana e demais órgãos públicos. No dia 30 de novembro, a Samarco assinou um termo de compromisso preliminar com o MPMG, pelo qual a empresa ficou responsável pelo cercamento da Igreja das Mercês, medida acatada e realizada na semana seguinte”.


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