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Estado de Minas

Especialistas cobram prioridade para transporte coletivo; caso contrário, rodízio será inevitável

Incentivo a bicicletas e mais fiscalização reforçam as propostas


postado em 17/04/2016 06:00 / atualizado em 17/04/2016 08:04

Expansão do metrô não sai do papel, enquanto se priorizam investimentos em avenidas e viadutos, mais voltados para o transporte particular, apontam estudiosos (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press )
Expansão do metrô não sai do papel, enquanto se priorizam investimentos em avenidas e viadutos, mais voltados para o transporte particular, apontam estudiosos (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press )
O dobro de veículos registrados em Belo Horizonte nos últimos 10 anos e nenhum quilômetro construído de metrô no mesmo período. O professor Paulo Resende, que é coordenador do Núcleo de Logística da Fundação Dom Cabral, chama a atenção para esse período desperdiçado no que diz respeito aos investimentos necessários ao transporte de massa na capital mineira. Segundo ele, esse vácuo de investimento em um transporte público de grande impacto foi preenchido por viadutos e avenidas, com prioridade para os carros particulares, em detrimento de um projeto permanente de implantação e expansão do metrô, aliado aos trens metropolitanos intermunicipais. “O ideal seria contar com trens intermunicipais com linhas troncais de metrô entrando nas regiões periféricas de BH de maior densidade populacional, como Barreiro e Venda Nova. Os trens alimentariam essas estações e os terminais, por sua vez, também seriam alimentados pelo Move e por outras linhas de ônibus, formando um sistema que vem de fora para dentro, da periferia para o Hipercentro”, afirma o especialista.

No atual formato do Move, sistema de transporte rápido por ônibus (BRT, da sigla em inglês) implantado para a Copa do Mundo em Belo Horizonte, não foi possível retirar os carros das ruas, diz Resende. “A maior parte das viagens de longa distância que provocam os congestionamentos são feitas das cidades-moradia da Grande BH para o trabalho ou para a escola. Você pode ter o melhor sistema de transportes do mundo em BH, mas se ele não for tratado como metropolitano não vai resolver o problema”, acrescenta o professor. A previsão do especialista é que Belo Horizonte não suporte mais 10 anos de aumento de frota no mesmo ritmo. “Se BH tiver acréscimo de mais 50% da frota nesse período, chegaremos a uma situação praticamente insuportável, em que serão inevitáveis medidas restritivas, das quais não sou favorável”, afirma Paulo Resende.

O consultor em transporte e trânsito Osias Batista aponta que essas medidas poderiam ser ações como o rodízio de placas, pedágio urbano e restrições totais de estacionamento em áreas mais adensadas, como no Hipercentro de Belo Horizonte. Ele aponta que essa é a tendência em grandes cidades do mundo e só com práticas desse tipo o transporte público consegue melhorar o seu desempenho. “Essas medidas são voltadas para desaquecer o uso do automóvel e, consequentemente, abrir espaço para o transporte público. Cidades do mundo inteiro estão caminhando para isso, mas é claro que é necessário desenvolver um planejamento. Enquanto você não tiver uma decisão política de prestigiar o transporte coletivo sobre o automóvel, sempre estará fazendo um meio-termo e não melhora para nenhum dos dois lados”, afirma Batista.

CICLOVIAS
Uma mudança importante para minimizar o quadro de gargalos espalhados por ruas e avenidas da cidade, segundo o consultor, seria considerar as bicicletas como parte importante de uma rede de transportes integrada, de forma que fossem criadas rotas inteligentes, percorridas pelas pessoas que vão ao trabalho ou a outros compromissos. “As ciclovias são modelos complementares muito importantes, mas elas têm que perder a característica de lazer e ganhar papel de transporte, com as pessoas indo de bicicleta até uma estação de metrô, por exemplo, e seguindo o caminho com o transporte público”, afirma Osias Batista.

Paulo Resende aponta ainda uma medida menos complexa, que não depende de obras e intervenções viárias de grande porte, que poderia impactar diretamente no comportamento dos motoristas da capital mineira e, consequentemente, melhorar a circulação: “Precisamos fiscalizar e punir absolutamente as condutas que aumentam os gargalos de trânsito, como as filas duplas na porta das escolas e estacionamento em locais proibidos, montando uma verdadeira operação de guerra. Além disso, seria muito importante criar um sistema de inspeção veicular que retirasse os carros mais antigos e que não têm mais condições de rodar das ruas. Nesse caso, além de minimizar o impacto para a circulação, a medida também poderia contribuir para o meio ambiente”, completa o professor da Fundação Dom Cabral.


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