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Estado de Minas VANDALISMO REINCIDENTE

Pichador da Igrejinha da Pampulha é responsável por mais seis ataques em BH

Mário Augusto Faleiro Neto, de 25 anos, já havia sido preso em 2013. Ele foi liberado depois de ser ouvido nesta quarta-feira, 23


postado em 24/03/2016 06:00 / atualizado em 24/03/2016 07:44

'Marú' (detalhe) e a pichação na igrejinha da Pampulha - vandalismo seria protesto contra a tragédia de Mariana (foto: Polícia Civil / Divulgação e Túlio Santos / EM / D.A Press)
'Marú' (detalhe) e a pichação na igrejinha da Pampulha - vandalismo seria protesto contra a tragédia de Mariana (foto: Polícia Civil / Divulgação e Túlio Santos / EM / D.A Press)

O pichador responsável pelo ataque à Igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha,  já era conhecido da Polícia Civil e havia sido preso em 2013 pelo mesmo ato. Mário Augusto Faleiro Neto, de 25 anos, morador de Ibirité, na Região Metropolitana de Belo Horizonte,  foi identificado, ouvido ontem pelos delegados Aloísio Daniel Fagundes, da Delegacia de Meio Ambiente, e Murilo Ribeiro de Lima, da Delegacia Regional Noroeste,  e em seguida liberado.


Segundo a polícia, Mário Augusto confirmou ser o autor da pichação. O delegado informou que o rapaz alegou ser trabalhador, mas não revelou sua atividade profissional. Aloísio Daniel acrescentou que Mário Augusto é responsável por pelo menos mais seis pichações na capital, sempre usando o codinome “Maru”.

Foi graças à assinatura que ele usa que os investigadores conseguiram identificá-lo. A polícia tem um arquivo de pichadores que agem em BH e foi fácil identificar a marca deixada nas paredes da igrejinha da Pampulha. Os policiais consultaram o arquivo e apuraram que Mário já havia sido detido em 2013. De posse do endereço do rapaz, os agentes foram até sua casa e o conduziram para prestar depoimento.

Mário Augusto não conversou com os jornalistas, mas afirmou aos policiais que “desconhecia que a igrejinha da Pampulha se tratava de patrimônio histórico” e que sua intenção era “fazer um protesto contra a tragédia de Mariana”, se referindo ao rompimento da Barragem do Fundão, em 5 de novembro.

O delegado Aloísio Daniel, afirmou não acreditar na justificativa do pichador para o ataque à igrejinha da Pampulha: “Nas outras pichações cadastradas pela polícia ele só deixou sua assinatura, sem motivações ideológicas. É sempre a assinatura enaltecendo o próprio ego”, disse o policial.

Além disso, não é o primeiro ato dele e, por morar perto de BH, é difícil acreditar que ele desconhecesse a importância da igrejinha”, afirmou Aloísio Daniel, que criticou a legislação que pune pichadores, considerada branda “mesmo para reincindentes.”

O delegado Murilo Ribeiro acrescentou que Mário Augusto só parou de pichar as paredes da igreja porque no momento em que fazia isso, por volta da 1h de segunda-feira, pessoas que passavam pelo local começaram a gritar com ele, o que o levou a fugir.

LIMPEZA Equipe técnica contratada pela Fundação Municipal de Cultura (FMC) fará a limpeza da pichação na manhã de hoje. Ontem, foi feito um teste com o produto a ser usado na remoção da sujeira no painel de Cândido Portinari e na parede lateral. O custo da limpeza será de R$ 8 mil,  pagos pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH)


Prejuízo alto para BH
<b>Patrimônio ameaçado</b> - Esculturas na frente da Biblioteca Pública de BH também já foram alvo de vandalismo(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 17/10/2014)
Patrimônio ameaçado - Esculturas na frente da Biblioteca Pública de BH também já foram alvo de vandalismo (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 17/10/2014)


Embora a pichação seja contravenção prevista no artigo 65 da Lei Federal 6.995, com pena de multa e detenção de três meses a um ano, dezenas de gangues agem em Belo Horizonte. Desde 2014, a Guarda Municipal deteve 328 vândalos. A ousadia deles desafia o poder público e causa grande prejuízo ao erário. Para limpar a sujeira apenas em prédios e monumentos públicos a prefeitura desembolsa cerca de R$ 2 milhões anuais, valor suficiente para comprar 5.070 cestas básicas (R$ 394,48), segundo a Fundação do Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis da Universidade Federal de Minas Gerais (Ipead-UFMG).

A Polícia Civil, que identificou o autor do ataque à igrejinha da Pampulha, tem um cardápio com várias assinaturas de pichadores que agem na cidade. Até por isso, o Movimento Respeito por BH, que reúne integrantes da prefeitura e da sociedade, recomenda aos proprietários ou responsáveis de imóveis atacados que façam o registro de boletins de ocorrência.

O Movimento já capacitou 104 monitores de escolas municipais integradas com objetivo de conscientizar alunos da importância do combate à pichação. A Guarda Municipal também realiza palestras em instituições de ensino. Mas a audácia dos vândalos parece não ter limite.

A igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha, não foi a única edificação tombada pelo patrimônio histórico atacada com spray na capital. Também projetada por Oscar Niemeyer (1907-2012), a Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, na Praça da Liberdade, amanheceu pichada em 2014, o que levou o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e as polícias Civil e Militar a deflagrarem uma operação conjunta.

Além da biblioteca, eles sujaram as imagens em bronze dos quatro cavaleiros do apocalipse, erguidas em frente ao prédio e que retratam os escritores Fernando Sabino (1923-2004), Hélio Pellegrino (1924-1988), Otto Lara Resende (1922-1992) e Paulo Mendes Campos (1922-1991).


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