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Estado de Minas

Violência faz moradores do Mangabeiras deixarem suas casas nos fins de semana

Quem vive no entorno da Praça do Papa é obrigado a sair do imóvel e ir para hotéis nos fins de semana por causa de eventos irregulares no local. PM promete câmeras


postado em 12/02/2016 06:00 / atualizado em 12/02/2016 07:46

Operação na Agulhas Negras: PM aposta na instalação de câmeras do Olho Vivo para diminuir criminalidade(foto: Marcos Vieira/EM/DA Press - 27/11/15)
Operação na Agulhas Negras: PM aposta na instalação de câmeras do Olho Vivo para diminuir criminalidade (foto: Marcos Vieira/EM/DA Press - 27/11/15)
A onda de violência durante os sucessivos e irregulares bailes funk na Praça do Papa, onde o som mecânico acima dos decibéis permitidos em lei e até atos libidinosos ditam a conduta dos frequentadores, obriga moradores do Bairro Mangabeiras, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, a mudar a rotina radicalmente. Há pessoas trocando o conforto de casa por quarto de hotéis nos fins de semana, quando os eventos no cartão-postal varam a madrugada. Para reduzir a criminalidade no entorno da praça, a Polícia Militar aposta, entre outras medidas, na instalação de câmeras do Olho Vivo.

O ápice da explosão da violência no lugar em que o papa João Paulo II (Karol Wojtyla, 1920-2005) celebrou uma missa campal, em 1980, foi a morte de um casal de jovens na noite do dia 1º desse mês. Vítor Almeida de Oliveira, de 23 anos, e Lara Ferraz Medina da Silva, de 16, teriam sido espancados até a morte durante um baile funk batizado de “Segunda sem lei”. O evento, organizado por um perfil fake no Facebook, ocorreu sem o aval da prefeitura. O caso é investigado pela Polícia Civil.

O crime deixou moradores ainda mais aflitos. Há quem só volte para casa depois de pedir a parentes que monitorem a chegada do carro pela janela. As sucessivas badernas levaram o engenheiro M.J., de 46, a decidir passar fins de semana em hotéis em BH. “Fui cinco vezes”, lamentou. “Outras pessoas fazem o mesmo que ele”, emendou o aposentado Maurílio Mansur. Os dois participaram ontem de uma audiência pública, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), organizada pelo deputado estadual Fred Costa.

Os moradores cobraram maior presença do Estado. Destacaram que há casas colocadas à venda ou para alugar diante da criminalidade. “Há poucas semanas, seis pessoas foram assaltadas por um motoqueiro num ponto de ônibus. Há um tráfico de drogas permanente no entorno da praça”, reclamou a advogada Aparecida Lopes Cançado, de 68.

A PM pretende melhorar a vigilância com a instalação de câmeras do Olho Vivo. “Fizemos uma mancha da criminalidade e aguardamos a instalação dos equipamentos na região”, disse o tenente-coronel Olímpio Garcia, comandante do 22º batalhão. Ele, entretanto, não soube especificar os locais, a data e quantos aparelhos serão instalados no Bairro Mangabeiras. Procurada, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) informou que as informações devem ser repassadas pelo Comando de Policiamento da Capital (CPC). A reportagem encaminhou perguntas ao CPC, mas não obteve retorno até o fechamento dessa edição.

A presença de criminosos no entorno do cartão-postal é constante. O número de prisões pela PM apenas na praça e na Avenida Agulhas Negras (a via é a continuação da Afonso Pena, após a Praça da Bandeira) aumentou 8% de 2014 para 2015, totalizando 81 ocorrências no ano passado. Dessas, 60 pessoas já haviam sido detidas antes.

PROPOSTAS Além da instalação de câmeras, a polícia e a comunidade tem duas propostas para reduzir a criminalidade no Mangabeiras. Uma delas é a lavratura pela corporação do termo circunstanciado de ocorrência (TCO), que é uma ocorrência de infração de menor potencial ofensivo (pena máxima de dois anos de reclusão ou multa).

“Se uma guarnição prende uma pessoa fumando maconha, ficará em torno de quatro horas registrando a ocorrência (na delegacia). A guarnição fica esse tempo fora do policiamento. Com o TCO, ficará em torno de 15 e 25 minutos”, justificou o tenente-coronel Olímpio Garcia, acrescentando que a segunda proposta é o que ele chamou de termo de reconhecimento eficaz.

Trata-se de um álbum com fotos de criminosos que agem na região. Segundo o tenente-coronel, o livro com as fotos seria apresentado imediatamente às vítimas, acelerando a possibilidade de o criminoso ser detido. Atualmente, a vítima precisa ir a uma delegacia, o que nem sempre ocorre no mesmo dia do fato.

“Todas as pessoas de bem são bem-vindas à Praça do Papa. O problema é a ocupação ilícita no lugar”, resume Aparecida, a advogada, que mora no bairro há 33 anos.


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