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Estado de Minas

O que você precisa saber sobre o zika vírus


postado em 07/02/2016 00:12

Participaram desta reportagem e projeto: Ana Laura Bernardes, Carolina Cotta, Cristiana Andrade, Fred Bottrel, João Carlos Lacerda, Paula Carolina, Quinho e Valéria Mendes

 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou emergência pública internacional a epidemia causada pelo zika vírus, que já se alastrou por mais de 25 países. O zika, originário de Uganda, na África, chegou ao Brasil recentemente, em 2014, ano em que o país sediou a Copa do Mundo. Mas foi em 2015 que o Ministério da Saúde (MS) registrou o surto de zika em Pernambuco, associado a um mal muito maior: a microcefalia, má formação congênita no cérebro de bebês. O último informe do MS sobre microcefalia, de 2 de fevereiro, indica que estão em investigação 3.670 casos suspeitos em todo o país. Isso representa 76,7% dos casos notificados.

O balanço apontou ainda que 404 casos já tiveram confirmação de microcefalia e/ou outras alterações do sistema nervoso central, sendo 17 com relação ao zika vírus. Outros 709 casos notificados já foram descartados. Ao todo, 4.783 casos suspeitos foram registrados até 30 de janeiro. Na sexta-feira, a Organização das Nações Unidas pediu aos países atingidos pelo zika vírus que permitam o acesso das mulheres à contracepção e ao aborto. O Alto Comissariado para os Direitos Humanos dirigiu seu apelo especificamente aos países sul-americanos, muitos dos quais não permitem nem o aborto, nem a pílula anticoncepcional, e que aconselharam as mulheres a evitar a gravidez devido ao risco representado pelo vírus. “O conselho dado por alguns governos às mulheres para que evitem engravidar ignora que muitas mulheres não têm qualquer controle sobre o momento ou as circunstâncias nas quais podem ficar grávidas, especialmente em âmbitos onde a violência sexual é bastante habitual”, pontuou o Alto Comissariado dos Direitos Humanos, Zeid Ra’ad al-Hussein.

Para alertar leitores e internautas para a gravidade da situação, o Estado de Minas produziu um vídeo na internet – que pode ser acessado pelo portal www.saudeplena.com.br –, com a participação do cartunista Quinho, que desenhou as situações de contágio, sintomas e medidas para combater o Aedes aegypti, mosquito que transmite o zika. O vídeo, postado na quinta-feira, alcançou cerca de 100 mil pessoas e teve 1 mil compartilhamentos na internet. Reproduzimos aqui alguns trechos do material.

 

 

» Relação com a microcefalia

A relação entre o vírus e a microcefalia foi confirmada pelo Instituto Evandro Chagas, órgão do MS em Belém (PA), que encaminhou o resultado de exames realizados em um bebê, nascido no Ceará, com microcefalia e outras malformações congênitas. Em amostras de sangue e tecidos, foi identificada a presença do zika, uma situação inédita na pesquisa científica mundial. As investigações sobre o tema, entretanto, continuam em andamento para esclarecer questões como a transmissão desse agente, sua atuação no organismo humano, a infecção do feto e período de maior vulnerabilidade para a gestante. Em análise inicial, o risco está associado aos primeiros três meses de gravidez. O achado reforça o chamado para uma mobilização nacional para conter o mosquito transmissor, o Aedes aegypti, responsável pela disseminação doença.
O ministro da Saúde, Marcelo Castro, recomendou que as mulheres adiem a gravidez. A Fiocruz recomendou às mulheres que tiveram a infecção pelo vírus que esperem pelo menos de seis a oito meses para engravidar. E o governo brasileiro alertou que as gestantes não venham às Olimpíadas no Rio de Janeiro.


» A praga do Aedes aegypti

A infecção é transmitida por um mosquito já bem conhecido dos brasileiros: o Aedes aegypti. Ele é o mesmo que transmite a dengue, a chikungunya e a febre amarela. É a fêmea do Aedes que transmite o vírus e ela pica preferencialmente durante o dia. Há relatos na literatura científica de que o zika vírus pode ser transmitido também pela relação sexual e por transfusão de sangue. Na sexta-feira, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) anunciou ter detectado o zika na urina e na saliva, mas afirmou que ainda é muito cedo para dizer que se trata de um novo meio de contágio. Além do mosquito, outra forma de transmissão do vírus é a perinatal. Já está confirmado que o zika consegue atravessar a placenta e infectar o bebê. A principal consequência dessa infecção é a microcefalia.

 

 

» Os sintomas

Estima-se que 80% dos infectados pelo zika não apresentem sinais da doença. Quando se manifesta, os sintomas são muitos parecidos com os da dengue: manchas vermelhas pelo corpo, febre baixa, dor de cabeça e nas articulações, vermelhidão nos olhos e náuseas.
Não existe tratamento específico para a infecção por zika.
Em caso de sintomas, é recomendado o uso do paracetamol para controle da febre e da dor.


» Bebês com malformação

O MS está investigando todos os casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso central, informados pelos estados, e a possível relação com o zika vírus e outras infecções congênitas. A microcefalia pode ter como causa diversos agentes infecciosos além do zika, como sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes viral e outros agentes infectocontagiosos. A microcefalia se caracteriza pelo perímetro cefálico igual ou menor a 32cm: a face e a cabeça ficam desproporcionais.
As consequências de ser infectado pelo vírus no primeiro trimestre da gestação são mais graves porque é nesse período que se desenvolve o sistema nervoso central. A malformação pode ser vista em ultrassom entre a 24ª semana e 28ª semana de gravidez. É possível confirmar se a mãe teve contato com o vírus por meio do exame RT-PCR. O mesmo exame confirma a infecção pelo vírus entre o quarto e o sétimo dia depois do início dos sintomas. Além do RT-PCR, capaz de detectar o zika apenas na fase aguda da doença, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovou recentemente novos exames. O IgG e o IgM são capazes de detectar em único teste anticorpos do zika, da chikungunya e da dengue (subtipos 1, 2, 3 e 4). A diferença é que o IgG consegue indicar se houve infecção mais antiga pelo zika vírus. O IgM só consegue detectar o vírus na fase sintomática da doença, mas ele é um avanço em relação ao RT-PCR porque, em um único exame, responde se a pessoa teve infecção pelas doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Além desses, foi aprovado também um teste que verifica a presença do vírus em amostras biológicas em estudo. A metodologia utilizada é a de reação em cadeia da polimerase. A expectativa agora é a de que aumente a capacidade de diagnóstico de zika no país.


» Repercussões ao longo da vida

As repercussões para a vida do bebê variam em gravidade. Além das consequências neurológicas, existe a chance de cegueira e surdez. Quanto mais cedo começar a estimulação desses bebês, melhor a evolução. A microcefalia não é uma doença, e sim um sinal de que o cérebro foi comprometido durante a gestação por algum agente infeccioso ou doença genética. Outros vírus, doenças genéticas e mesmo abuso de álcool e drogas durante a gestação também podem levar à microcefalia. Porém, os casos possivelmente relacionados ao zika estão se mostrando mais graves. Outra malformação relacionada ao zika vírus é a artrogripose, que provoca deficiências nas articulações e impede os movimentos das crianças


» Faça sua parte

Hoje, a única forma de prevenir a transmissão do zika vírus é eliminando os criadouros do mosquito Aedes aegypti e se protegendo contra as picadas. Tampe caixas e tonéis de água, desentupa ralos que possam acumular água, jogue fora pneus velhos, evite deixar garrafas e recipientes que possam acumular água da chuva em área descoberta, elimine pratinhos com água embaixo dos vasos de planta. Todos devem fazer sua parte neste momento. No caso das gestantes, a recomendação é usar repelente dos tipos deet ou icaridina, calças, blusas de mangas compridas e colocar tela de proteção nas janelas para barrar a entrada no mosquito.


» 1,5 milhão de brasileiros serão infectados

A situação é grave. O vírus zika também pode desencadear a Síndrome de Guillain-Barré, uma doença autoimune que provoca fraqueza muscular e paralisia dos músculos. A estimativa é que 1,5 milhão de brasileiros e brasileiras sejam infectados pelo zika em 2016.


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