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Estado de Minas

Terceiro acidente com trem em menos de 10 dias acende sinal amarelo nas ferrovias

Composição descarrila e tomba em Betim, na Grande BH. Frequência indica falta de manutenção e excesso de peso, diz especialista


27/01/2016 06:00 - atualizado 27/01/2016 07:31

Um vagão descarrilou e outros sete carregados de milho tombaram no Bairro Vianópolis, em Betim: passagem de nível foi liberada ainda pela manhã(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Um vagão descarrilou e outros sete carregados de milho tombaram no Bairro Vianópolis, em Betim: passagem de nível foi liberada ainda pela manhã (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
O terceiro acidente com trem de carga no período de nove dias acende um alerta nas linhas férreas de Minas Gerais. Dois deles envolveram composições da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). Ontem, um vagão descarrilou e outros sete carregados com milho tombaram no Bairro Vianópolis, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O primeiro acidente ocorreu em Brumadinho, no dia 17, em um terminal próximo a Inhotim, no Fecho do Funil, em um trecho de responsabilidade da MRS Logística S.A. Três dias depois, um vagão e uma locomotiva, da FCA, descarrilaram em Mateus Leme e 11 vagões ficaram tombados.

O descarrilhamento de trens numa frequência tão alta não é comum, segundo a avaliação do chefe do Departamento de Engenharia de Transportes do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Antônio Prata. O especialista afirma que o problema parece ter sido a falta de uma manutenção adequada nos sistemas de drenagem dos trilhos e o excesso de peso das composições. “O terreno nos aterros sob os trilhos pode ter ficado com excesso de umidade e, com o peso, afundado, desestabilizando a composição, que acabou tombando”, resume.

“O principal motivo de o solo ficar com excesso de umidade num período chuvoso é o sistema de drenagem ineficiente. Talvez as gestoras dos trechos tenham de melhorar a manutenção dos dispositivos de drenagem previstos nesses projetos”, afirma. “Outro ponto que pode ter ocasionado o afundamento é o excesso de peso”, avalia.

Consultada pelo Estado de Minas, a FCA disse, por meio de nota, que seu plano de manutenção “inclui um cronograma com atividades regulares de manutenções preventivas e corretivas”. Segundo o texto, cerca de R$ 60 milhões foram investidos na manutenção da linha férrea somente no corredor Centro-leste, trecho que compreende as cidades de Betim e Mateus Leme, onde ocorreram os acidentes deste mês com suas composições. A empresa descarta a possibilidade de os acidentes com suas composições terem sido provocados por excesso de carga e afirma que há um “controle rigoroso de peso das composições” e que “toda a carga carregada nos trens segue o limite de capacidade dos vagões e do perfil da linha férrea.

O acidente ocorrido em Betim envolveu um comboio com cinco locomotivas e 82 vagões, que transportavam milho do Triângulo Mineiro até Vitória, no Espírito Santo. A liberação da passagem de nível, que havia sido bloqueada pela carga, foi feita ainda pela manhã, e o cruzamento foi liberado para carros e pedestres. Os trabalhos agora, segundo a FCA, continuam com o objetivo de restabelecer o tráfego ferroviário. Sobre as causas do acidente, a empresa informou que uma apuração está sendo feita por uma comissão de técnicos.

No acidente em Brumadinho, segundo a MRS Logística, as fortes chuvas dos últimos dias podem ter causado “uma instabilidade pontual na linha férrea e o descarrilamento de vagões”. O mesmo pode ter ocorrido em Mateus Leme, onde 11 vagões tombaram e um vagão e uma locomotiva de um trem da FCA descarrilaram. Análises preliminares, segundo a empresa, apontam que o volume de chuvas pode ter provocado danos significativos na estrutura que suporta a linha férrea. Nos três acidentes, segundo as empresas, não houve feridos e não foram registrados impactos para a comunidade. De acordo com a MRS Logística, as condições operacionais da linha afetada já foram restabelecidas.

TEMOR Entre os moradores que assistiram aos trabalhos de recomposição do trecho durante todo o dia, fica a sensação de insegurança. Ao ver que parte da estação Vianópolis, que está desativada, havia sido atingida por um dos vagões, a doméstica Raimunda de Sousa revelou temer por sua casa. “Imagina se um acidente como esse ocorre do lado da minha casa, que já é muito perto da linha? Não posso sair ou alugar uma outra casa porque não tenho condições. Então ficamos com medo de que ocorra um acidente maior e que atinja nossa casa”, confessa.

Há quase um ano e meio, vizinhos da linha férrea assistiram a um acidente semelhante. “Vagões com milho tombaram nessa mesma região”, conta o aposentado Antônio Luiz da Silva, que vive em uma casa há um quilômetro do local do acidente e reclama da manutenção dos trilhos.


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