(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Vacina contra a dengue não desliga o alerta

Vigilância Sanitária autoriza uso de imunizante para a doença, mas proteção abrange apenas a faixa etária de 9 a 45 anos e inicialmente não estará no sus. Inovação não cancela o alerta contra o Aedes aegypti, que também transmite chikungunya e zika


postado em 29/12/2015 06:00 / atualizado em 29/12/2015 10:20

(foto: ARte)
(foto: ARte)

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou ontem o uso da primeira vacina contra a dengue no Brasil, mas isso não significa que o combate ao mosquito Aedes aegypti, vetor da doença, deva ser deixado de lado. Em primeiro lugar, porque o medicamento só imuniza contra a dengue e não tem nenhum efeito sobre o zika vírus e a febre chikungunya, as outras duas doenças transmitidas pelo inseto. Em segundo, a vacina só será aplicada em pessoas entre 9 e 45 anos, o que deixa grande parte da população sem cobertura.

Também não há prazo para a comercialização das doses de imunização, pois a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos não definiu o valor de cada dose. Além disso, a proliferação do mosquito é mais intensa no período do verão, que está apenas no começo, graças à combinação de temperatura alta e chuva intensa, criando condições favoráveis à reprodução do Aedes aegypti.

Em Minas Gerais, o governo estadual lança hoje o Comitê Gestor Estadual de Políticas de Enfrentamento à Dengue, Chikungunya e Zika Vírus, para coordenar as ações de combate às três doenças. No estado, o número de casos de dengue confirmados quase triplicou neste ano em relação a 2014. De acordo com o balanço divulgado ontem pela Secretaria de Estado da Saúde, 148.123 pessoas tiveram a doença em 2015, contra 49.360 no ano passado.

Nos últimos oito anos, apenas 2013 (368.387 casos) e 2010 (194.636) superam 2015. O número de mortos também teve aumento neste ano na comparação com o ano anterior. Até o momento foram confirmados 67 óbitos no estado, contra 51 em 2014. Com nove mortes pela doença, Uberlândia, no Triângulo Mineiro, foi a cidade com o maior número de registros em Minas, seguida de Uberaba, com cinco. Em relação à febre chikungunya, o estado teve sete casos confirmados neste ano, além de 129 descartados. Vinte e três seguem sob investigação. Não há ainda registro de circulação de zika em território mineiro.

Em razão da gravidade da situação epidemiológica, o governo federal determinou a vistoria em 100% dos imóveis do país para eliminar criatórios do mosquito transmissor das três doenças. Em Minas, essa será uma das missões do comitê gestor que será implementado hoje. A circulação do zika vírus só serviu para agravar a situação, pois a doença está relacionada ao surgimento de casos de microcefalia e da síndrome de Guillain-Barré, que leva à paralisia dos músculos.

Pelo menos um caso de síndrome de Guillain-Barré está em investigação em Minas. Um adolescente de 16 anos, morador de Pedra Bonita, na Zona da Mata, teve a doença confirmada pela Santa Casa de Carangola, onde foi atendido. Trata-se de uma reação do sistema imunológico ao contato com o vírus. Dependendo da gravidade, pode causar a morte do paciente, pois, ao levar à paralisia dos músculos, pode impedir batimentos cardíacos e a respiração.

Em Belo Horizonte, onde a administração municipal decretou situação de emergência por causa do Aedes aegypti, o quadro também é preocupante. O número de casos de dengue quintuplicou este ano em comparação com 2014, passando de 3.307 para 15.645. Entre as linhas de combate traçadas pelo Prefeitura de BH para combater os focos do mosquito transmissor está uma parceria com o Ministério Público de Minas Gerais para intimar os donos de casas fechadas e de lotes vagos que não forem limpos. O decreto de situação de emergência tem validade de seis meses. Até lá, a administração municipal espera vistoriar todos os imóveis da capital.

IMUNIZAÇÃO A vacina contra a dengue será oferecida inicialmente na rede particular de Saúde. Depois que o preço do medicamento for definido, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do Sistema Único de Saúde avaliará se vale a pena incorporar o produto ao sistema público de vacinação. Para essa definição serão analisados os critérios de custo, efetividade e impactos epidemiológico e orçamentário da incorporação da vacina ao SUS.

A vacina é indicada para pessoas entre 9 e 45 anos e protege contra os quatro tipos do vírus da dengue. A promessa do fabricante é de proteção de 93% contra casos graves da doença, redução de 80% das internações e eficácia global de 66% contra todos os tipos do micro-organismo. A substância deve começar a ser vendida no país no primeiro semestre de 2016 e a capacidade de produção do laboratório é de 100 milhões de doses por ano.

Será aplicada em três doses, com intervalo de seis meses, mas, segundo Sheila Homsani, diretora médica da Sanofi Brasil, grupo farmacêutico que produz a vacina, “o medicamento tem eficácia a partir da primeira dose, protegendo em torno de 70% dos imunizados”. “A necessidade das outras doses ocorre porque a proteção vai caindo com o tempo, não se mantém sem as outras duas. A proteção só se efetiva por muitos anos quando são tomadas as três doses”, explicou Sheila.

O Brasil é o terceiro país a aprovar a vacina contra a dengue. No começo do mês, o México autorizou o registro do imunizante. Em seguida, foi a vez das Filipinas. O desenvolvimento clínico do produto envolveu mais de 20 estudos e mais de 40 mil participantes, entre crianças, adolescentes e adultos, em 15 países.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)