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Estado de Minas

Empresa garante estabilidade da Barragem do Germano, mas MP exige relatório de risco

Informação sobre trinca e reparos na maior barragem do complexo onde se originou o desastre de Mariana fecha novamente acessos a povoados e leva bombeiros a adotar medidas de segurança


postado em 12/11/2015 06:00 / atualizado em 12/11/2015 08:17

Barragem do Germano, a maior de todo o complexo da Samarco, passa por reparos para aumentar
Barragem do Germano, a maior de todo o complexo da Samarco, passa por reparos para aumentar "grau de segurança". Promotor quer projeção de eventuais impactos (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)

Mariana –
O medo de enfrentar uma nova avalanche de lama – desta vez ainda maior que a primeira – voltou a fazer soar o alerta em povoados de Mariana, na Região Central do estado. Por causa do risco de rompimento da Barragem do Germano, a maior da empresa Samarco na região, foram novamente fechados ontem os acessos ao subdistrito de Bento Rodrigues, devastado pela avalanche de rejeitos dos reservatórios do Fundão e de Santarém, rompidos há uma semana. O anúncio de que o lugarejo estava condenado e que o acesso estaria bloqueado por tempo indeterminado foi dado ontem, por volta das 10h, pela Polícia Militar, quando moradores tentavam voltar às casas que permaneceram de pé. Em entrevista coletiva, o presidente da Samarco, Ricardo Vescovi – ao lado dos representantes da Vale e da australiana BHP Dilliton, controladoras da empresa –, se limitou a dizer que as estruturas da barragem estão estáveis, mas admitiu que foi necessário que fosse aumentado seu “grau de segurança”.

Mesmo assim, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) deu prazo de 48 horas, a contar da tarde de ontem, para que a Samarco apresente uma projeção de impactos causados por um eventual rompimento da Barragem do Germano. Junto a isso, a mineradora deve relacionar as ações emergenciais a serem conduzidas no caso de mais um desastre. “Precisamos ter segurança total”, disse o coordenador regional das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente das Bacias Hidrográficas dos Rios das Velhas e Paraopeba, Mauro da Fonseca Ellovitch, que integra a força-tarefa montada pelo MP para apurar as causas e responsabilidade no rompimento das barragens, considerado o maior desastre ambiental da história de Minas.

À tarde, o promotor disse ter conversado com representantes do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil e da empresa, obtendo garantia que não há risco de rompimento da Barragem do Germano. “Os bombeiros falaram que uma trinca existente seria natural e não danificaria a estrutura”, afirmou. Mesmo assim, Ellovitch disse que não há clima de tranquilidade.

O Superintendente da Defesa Civil de Minas Gerais minimizou os riscos do rompimento. “Houve lá um tremor de terra de 2,1 graus ontem, por isso foram retiradas as pessoas. Engenheiros estão avaliando as rachaduras e providenciando reforço. As possibilidades de rompimento são mínimas, mas, mesmo assim, já está sendo feito o reparo.”

Segundo o presidente da Samarco, intervenções são feitas no dique do Germano, com apoio do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar, para garantir o máximo de segurança. Porém, em vídeo gravado com exclusividade pelo Estado de Minas na manhã de ontem, o tenente Sebastião Nogueira, que comandava a equipe do Batalhão de Choque da 3ª Companhia de Missões Especiais de Lagoa Santa, informava a moradores que o risco era alto. “Infelizmente, tenho uma notícia ruim pra vocês: uma das paredes de sustentação da barragem trincou e a empresa está fazendo uma intervenção na estrutura. Por isso, não será possível mais descer para Bento Rodrigues. Neste momento, temos que preservar a vida humana. E, se permitirmos que alguém desça, pode ser que essa pessoa não volte mais”, disse.

Confira o vídeo exclusivo gravado pela equipe do Estado de Minas


Depois de pedir desculpas à população, o tenente informou ainda que o povoado de Paracatu de Baixo já havia sido evacuado e que outras comunidades abaixo do ponto da barragem estavam em alerta. Assim como o tenente, o major Rubem Cruz, assessor de comunicação do Corpo de Bombeiros, chegou a dizer à reportagem do EM, no meio da manhã e por telefone, que o trabalho dos bombeiros havia sido alterado no local. “Estamos com uma pequena equipe e em uma área menor, fora das imediações de Bento Rodrigues.  Os bombeiros estão de sobreaviso, em alerta”, afirmou. A mudança no trabalho, segundo ele, ocorreu porque a empresa daria início na tarde de ontem a uma intervenção na estrutura para escoamento da água, o que poderia representar risco de rompimento da estrutura.

Disse ainda que, por isso, não havia previsão de que o acesso a Bento Rodrigues fosse liberado. Ainda de manhã, o bloqueio da PM, que estava a três quilômetros do povoado, foi ampliado para 10 quilômetros.

Vídeo relembra tragédia que deixou mortos e desaparecidos
INTERVENÇÃO Horas mais tarde, após a coletiva de imprensa com presidentes da Samarco, da Vale, Murilo Ferreira, e do CEO da BHP Dilliton, Andrew Mackenzie, o major voltou a falar sobre a necessidade das medidas de segurança por parte da empresa. “Tivemos uma reunião com equipe da Samarco e seria necessário intervenção técnica para que os bombeiros não corram risco. Por isso, vamos realocar guarnições, para que as buscas não sejam interrompidas”, disse.

O major foi enfático, porém, ao afastar o risco de rompimento da estrutura, mas disse que as medidas estavam sendo tomadas para evitar que os bombeiros ou a população corressem risco. “Tivemos algumas informações não oficiais, que trataram do possível rompimento da barreira. Isso não existe”, disse. Também dentro da área da empresa Samarco, o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Luiz Henrique Gualberto Moreira, disse que, ao contrário da diminuição do trabalho, equipes seriam reforçadas com mais 65 homens da escola de cadetes.

Em nota divulgada na tarde de ontem, a mineradora negou “boatos, especialmente nas redes sociais, a respeito da instabilidade da Barragem do Germano”. “A Samarco reitera que todos os seus mecanismos de controle não apontam qualquer indício de abalo na estrutura”, conclui o texto.


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