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Estado de Minas TRAGÉDIA EM MARIANA

Abastecimento de cidades que captam água do Rio Doce poderá ser afetado

Mancha de resíduos avança pelo Rio Doce, passa por Ipatinga e deve chegar hoje a Governador Valadares. Cidade cogita interromper retirada de água para testes


postado em 08/11/2015 06:00 / atualizado em 10/11/2015 12:50

Morador observa rio com rejeitos na BR-458: comitê recomenda estoque de água(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Morador observa rio com rejeitos na BR-458: comitê recomenda estoque de água (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Santana do Paraíso –
Depois de passar por Ipatinga, no Vale do Aço, a lama que desceu das duas barragens da mineradora Samarco em Bento Rodrigues, distrito de Mariana, Região Central do estado, e chega hoje a Governador Valadares, maior cidade da bacia hidrográfica, antes de seguir caminho rumo ao Leste do estado e ao Espírito Santo.

O abastecimento de cidades que captam água diretamente do manancial federal poderá ser afetado. “A ação natural seria interromper a captação de água para ver, através de testes, a intensidade dos resíduos sólidos e a carga química que virão”, afirmou o diretor-adjunto do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Governador Valadares, Vilmar Rios.

Além de Valadares, as outras 11 cidades que poderão ser afetadas são Aimorés, Alpercata, Conselheiro Pena, Resplendor, Tumiritinga, Galileia, Periquito e Itueta (em Minas Gerais), Baixo Guandu, Colatina e Linhares (no Espírito Santo).

A orientação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH/Doce) é que a Copasa e os demais prestadores autônomos estoquem o máximo de água para um período em que possa suprir a possibilidade de interrupção dos serviços, ainda não estimado.

“Até agora não temos informação de risco de inundações. Nossa preocupação é com a qualidade da água. Sabemos que a Samarco divulgou uma nota falando que os resíduos não fazem mal a saúde, mas estamos aguardando os laudos do Igam (Instituto Mineiro de Gestão das Águas) para ter certeza, afirmou Lucinha Teixeira, presidente da Câmara Técnica de Gestão de Eventos Críticos do CBH/Doce.

“Enquanto a onda está passando, a recomendação é que os sistemas de abastecimento parem de captar essa água. A onda deve durar quatro horas, talvez um pouco mais, mas para retomar a captação será preciso, primeiro, ter certeza que a água não fará mal a população. E isso pode durar dias. A população deve economizar água, porque ainda não sabemos quanto tempo isso vai demorar”, completou ela.

Prejuízos Equipes da Polícia Militar do Meio Ambiente têm acompanhado o deslocamento da massa de lama ao longo do Rio Doce, que ontem já tinha atingido a cidade de Ipatinga. O objetivo é observar quais serão os prejuízos, que constarão em um boletim de ocorrência a ser lavrado pela corporação.”O que está ficando para trás é um cenário de terror, além do odor muito forte”, afirma o tenente Átila Porto, da Polícia Militar do Meio Ambiente.

A lama chamou a atenção em Ponte Queimada, uma área do distrito Cava Grande, em Marliéria, nos limites do Parque Estadual do Rio Doce. A reportagem do EM presenciou a passagem da sujeira por uma ponte metálica do Rio Doce na BR-458, na divisa com Santana do Paraíso. Várias pessoas se reuniram, algumas até atrapalhando a circulação do trânsito, ainda sem acreditar no fato dos resíduos que saíram das duas barragem de Bento Rodrigues, chegarem tão longe.

Segundo a Polícia Militar do Meio Ambiente, o nível da água do Rio Doce neste ponto já tinha subido 70 centímetros na tarde de ontem, quando a reportagem passou pelo local, em que a cor marrom já era completamente dominante. Uma das pessoas que parou para observar foi o representante comercial Agenor Ferreira, de 56 anos, morador de Ilha do Rio Doce. “Cheguei para ver se existe algum risco para o meu povoado. Achei impressionante a capacidade da natureza empurrar toda essa lama”,afirma.


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