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Estado de Minas

Acidentes com ciclistas aumentam 35% de janeiro a agosto em BH

Além do desrespeito de motoristas, 30% dos adeptos da bike preferem pistas do Move às mistas, mostra pesquisa


postado em 07/09/2015 06:00 / atualizado em 07/09/2015 07:32

Ciclista pega
Ciclista pega "carona" na traseira de um ônibus na Avenida Antônio Carlos... (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)

Acidentes de trânsito envolvendo ciclistas aumentaram 35% de janeiro a agosto em Belo Horizonte, na comparação com o mesmo período do ano passado, e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) socorre mais de duas vítimas de ocorrências com bike por dia. Se não bastasse o desrespeito dos motoristas, há ciclistas que também se arriscam pedalando em locais proibidos. Pesquisa da União de Ciclistas do Brasil, com mil entrevistados na capital mineira, revela que 30% deles preferem as pistas do Move às faixas mistas. O EM  flagrou na última quinta-feira um ciclista transitando pela pista exclusiva dos coletivos da Avenida Antônio Carlos, na Pampulha. O homem ainda pegou “carona” na traseira de um ônibus. A bike foi puxada por vários quarteirões, em velocidade incompatível para uma bicicleta.


De acordo com a BHTrans, assim como os carros e motos, bicicletas também são proibidas nas pistas de trânsito rápido de ônibus. Nos oito primeiros meses deste ano, 276 ciclistas vítimas de acidente no trânsito deram entrada no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS). Em 2014, no mesmo período, foram 204. De janeiro a agosto, o Samu já socorreu 540 vítimas de acidentes com bicicletas. Durante todo o ano passado, as ocorrências somaram 791 casos.

... Após alguns quilômetros, ele larga o coletivo, mas permanece na pista do Move...(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
... Após alguns quilômetros, ele larga o coletivo, mas permanece na pista do Move... (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)

... e segue na pista exclusiva de ônibus até a altura do Bairro Lagoinha(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
... e segue na pista exclusiva de ônibus até a altura do Bairro Lagoinha (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)


Para o diretor da União dos Ciclistas do Brasil e integrante da Associação BH em Ciclo, Guilherme Tampieri, não dá para criminalizar os acidentes afirmando que a culpa é dos ciclistas. “Belo Horizonte, como a maior parte das cidades do Brasil, foi construída para utilização do automóvel. Então, se deslocar de bicicleta em BH, às vezes, é muito complicado”, disse Guilherme, lembrando que a Avenida Antônio Carlos foi duplicada e não construíram ciclovia, assim como a Cristiano Machado, que há décadas passa por alterações e nunca foi pensada para usuários de bicicleta.


Guilherme reconhece que alguns ciclistas conduzem a bicicleta de forma impropriada, mas considera que os imprudentes são minoria. Outro problema é o desrespeito por parte dos motoristas, segundo ele, que não foram treinados para entender a bicicleta como parte do trânsito. Entretanto, de acordo com o especialista, os conflitos têm diminuído, embora o número de bikes nas ruas de BH tenha aumentado, principalmente no Centro.“A cidade está se devolvendo para o uso da bicicleta, mas existe uma resistência social à ciclovia. Todo mundo acha a ciclovia muito bonita, desde que não seja na sua própria rua. É preciso que a sociedade evolua e compreenda que a bicicleta está na cidade desde sempre, e que a tendência é que aumente muito mais”, explicou. Para ele, o uso maciço do automóvel não é benéfico. “A cidade está começando a perder dinheiro. O número de acidentes com motoristas é muito maior, e o índice de poluição aumentou estrondosamente nos últimos anos”, conclui.


Veja os números dos acidentes atendidos pelo Hospital João XXIII e os deveres dos ciclistas (clique para ampliar)(foto: Arte EM)
Veja os números dos acidentes atendidos pelo Hospital João XXIII e os deveres dos ciclistas (clique para ampliar) (foto: Arte EM)
O número de ciclistas mortos no trânsito de BH tem diminuído, segundo o diretor da União dos Ciclistas do Brasil, com base nos dados do Sistema de Mobilidade Urbana de Belo Horizonte. O último levantamento é de 2013, com seis mortos. Em 2012, foram cinco e, em 2011, oito. “Em 2004, registraram 17 mortes”, lembra Guilherme, que prefere disputar espaço com os carros. “Há quem prefira a pista do Move, pois ela está mais vazia por mais tempo. No entanto, não recomendo a ninguém pedalar nela”, disse.

CONSCIENTIZAÇÃO De acordo com especialistas de trânsito, o investimento em ciclovias e o aumento no número de adeptos à bicicleta não são seguidos de conscientização dos motoristas. Segundo eles, com o aumento do número de ciclovias na capital e a disponibilização de pontos de compartilhamento de bicicletas, mais pessoas estão usando a bike como meio de transporte, mas poucos usam equipamentos de segurança, como capacete, retrovisor esquerdo e sinalização noturna. De cada 20 acidentados que dão entrada no João XXIII, apenas um usa algum tipo de proteção, segundo dados do próprio hospital. O mais comum são ferimentos em membros inferiores, como pés, pernas, coxas e joelhos. De acordo com o HPS, em caso de atropelamentos, em que os ciclistas são ejetados, há exemplos de traumatismos cranioencefálicos graves, principalmente quando a vítima não usa capacete.

Para tentar melhorar o convívio entre motoristas e ciclistas nas ruas, evitar conflitos e, principalmente, acidentes, a BHTrans informou que a Gerência de Educação para a Mobilidade desenvolve ações educativas de conscientização junto aos motoristas para o respeito aos ciclistas, sempre que uma nova ciclovia é implantada. “Essas ações também são dirigidas aos ciclistas com o objetivo de sensibilizá-los para o cumprimento das normas de trânsito”, ressaltou, em nota.

 


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