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Estado de Minas

"Eu me sinto mais seguro", diz rapaz que vive em cima de ponto de ônibus

O lavador de carros Jorge Miguel dos Santos Guerra, de 23 anos, utiliza o ponto de ônibus há uma semana como casa


postado em 24/08/2015 19:59 / atualizado em 24/08/2015 20:16

"Matamos um leão por dia. O jeito é o jeitinho brasileiro", justificou o lavador de carros (foto: Túlio Santos/EM/D.A.Press)

Faz uma semana que o endereço do lavador de carros Jorge Miguel dos Santos Guerra, de 23 anos, é um ponto de ônibus desativado na Avenida Carandaí (região hospitalar), em Belo Horizonte. Mais precisamente a parte de cima da estrutura de concreto pré-moldado que fica ao lado da Igreja Sagrado Coração de Jesus. A imagem do abrigo improvisado com papelão e cobertores foi publicada nesta segunda-feira pelo Estado de Minas e teve repercussão nas redes sociais. Jorge aceitou conversar sobre sua situação. “Matamos um leão por dia. O jeito é o jeitinho brasileiro”, justificou. “Já vi muita coisa na rua, muita covardia, facada. Preferi ficar aqui em cima, me sinto pelo menos um pouco mais seguro", completou.

Jorge conta que nasceu em Belo Horizonte, cresceu "entre a Serra e o União" e que tem onde morar. Viver nas ruas, ele diz, é uma “necessidade temporária”. Até a semana passada, o lavador dormia na escadaria da igreja. Mas ele diz ter sido expulso do lugar. Jorge então decidiu se instalar em cima do ponto de ônibus, onde outra pessoa havia improvisado um abrigo antes. “O pessoal da prefeitura levou tudo (do outro morador). Como vi que o homem não voltou, resolvi subir no ponto”, conta. No pequeno espaço, suspenso a pouco mais de dois metros de altura, ele guarda baldes que usa lavando automóveis e um carrinho de supermercado que pertence ao irmão, que também mora na praça.

Segundo Jorge, fiscais já pediram que ele saia do local. “Me recusei", disse. Nem o alerta de representantes da prefeitura de que há risco de o ponto desabar o fez mudar de ideia. Ele afirma que só planeja sair do ponto quando ganhar o registro de lavador de carros. “Espero ficar aqui só mais um pouco”.


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