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Estado de Minas

Belo-horizontinos de diferentes regiões e classes sociais adotam a gentileza

Apesar do corre-corre típico das grandes cidades, gestos de cortesia que traduzem o sentido da vida em comunidade são praticados em grande número na capital


postado em 22/08/2015 06:00 / atualizado em 24/08/2015 14:18

Generosidade - Depois de limpar as ruas no entorno do Fórum Lafayette, as garis Cleuza Ramos e Ana Xavier oferecem café a quem passa no ponto de varrição da Rua Guajajaras(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Generosidade - Depois de limpar as ruas no entorno do Fórum Lafayette, as garis Cleuza Ramos e Ana Xavier oferecem café a quem passa no ponto de varrição da Rua Guajajaras (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

 Levar os filhos para escola, fazer um pagamento no banco, ir à consulta médica, fazer a feira, chegar a uma reunião de trabalho. Com tantas atividades para serem realizadas diariamente, falta tempo e sobra estresse. Nesse corre-corre das cidades, as tarefas que precisam ser realizadas para ontem e, em meio ao frenesi, gentileza parece ser um gesto em extinção. Mas não é. A reportagem percorreu diversos bairros em busca de exemplos de gentileza e encontrou muita gente amável com o próximo sem esperar nada em troca.

A partir de hoje, o Estado de Minas inicia série sobre gentileza urbana, como parte do concurso “Prêmio Jornal na Escola”, e mostra exemplos de ação cidadã: garis que oferecem café coado na hora para quem passa na Rua Guajajaras, no Barro Preto, na Região Centro-Sul; artista plástica que adota praça no Bairro Floresta, na Leste, transformando-a em lugar de encontro e de leitura; lanterneiro que cultiva horta e doa verduras fresquinhas para a vizinhança; arquiteta que faz doações a instituições de caridade para manter as paredes de seu prédio livre de pichações, no Gutierrez, também na Centro-Sul; padre que doa parte do seu dia para conversar com as crianças no Prado, na Oeste, e microempreendedor que ajuda idosos e crianças a atravessarem rua do  Santo Antônio, na Centro-Sul.

O uniforme laranja é motivo de orgulho para a gari Ana Xavier da Silva, de 56 anos. Mas, por usá-lo, ela foi barrada em um restaurante, sob o argumento de que ela não poderia entrar vestida assim para almoçar. Ela respondeu ao preconceito com a adoção no seu dia a dia de uma postura oposta à de que foi vítima: a generosidade. No ponto de varrição onde trabalha (na Rua Guajajaras, no Barro Preto), ela e a colega Cleuza Alves Ramos, de 50, transformaram o ambiente. O local não é só agradável para elas, mas para toda a vizinhança. Quem passa por lá pode se sentar para tomar um cafezinho e ter um dedo de prosa com as garis, que chegam ao trabalho às 6h para varrer as ruas no entorno do Fórum Lafayette. “É muito gratificante trabalhar em um lugar em que a gente se sente bem”, diz Ana.

 

Depois de concluir o trabalho, uma das duas passa o café no ponto de apoio. O cheiro e a boa prosa atraem quem passa. “Quem para aqui não faz diferença da gente. Não tem preconceito. Construímos amizades muito boas”, afirma Cleuza. O advogado Eduardo Teixeira da Costa, de 53, não resistiu. “Nos tempos atuais é tão difícil gentileza. Quando vejo algo dessa natureza fico feliz. Elas têm um trabalho tão difícil, mas ainda assim encontram tempo para ser gentis. Com certeza, inspiram muita gente”, diz o advogado.

Trabalho e educação - A artista plástica Estella Cruzmel (E)limpa diariamente a Praça Salvador Morici, rega plantas e ainda deixa livros sobre os bancos, num convite à leitura / Horta urbana - O lanterneiro Odilon Rodrigues da Silva (D) cultiva canteiro ao lado da oficina onde trabalha, fonte de alimentos gratuitos para a vizinhança(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Trabalho e educação - A artista plástica Estella Cruzmel (E)limpa diariamente a Praça Salvador Morici, rega plantas e ainda deixa livros sobre os bancos, num convite à leitura / Horta urbana - O lanterneiro Odilon Rodrigues da Silva (D) cultiva canteiro ao lado da oficina onde trabalha, fonte de alimentos gratuitos para a vizinhança (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

Em outra região da cidade, versos de Carlos Drummond de Andrade pintados em caixotes chamam a atenção de quem passa pela Praça Salvador Morici, na Avenida do Contorno. Desde 6 de dezembro de 2014, diariamente, a artista plástica Estella Cruzmel, de 65, molha as plantas e retira ervas daninhas do gramado. Tamanha doação inspirou a funcionária pública Célia Ribeiro, de 72, e Sônia Arantes, de 56. “Resolvemos ajudar, porque ela sozinha não dava conta de cuidar da praça”, diz Célia. A artista também deixa livros sobre os bancos para quem quiser ler e, até mesmo, levar para casa. “Todos os dias venho aqui passear com o cachorro e aproveito para ler”, conta a diarista Cássia Ferreira, de 30.

O sentimento que move Estella também pode ser encontrado no Gutierrez. Na Rua Oscar Trompowsky, as ramas de chuchu sobem acompanhando a árvore ao lado da Automecânica Marco Paulo. Elas partem de um canteiro de três metros quadrados, onde há também pés de alface, couve, cana-caiana, laranja e mamão. De tempos em tempos, a vizinhança colhe tomates e manjericão frescos. Tudo graças a ação do lanterneiro Odilon Rodrigues da Silva, de 50, que cultiva uma horta urbana. “Ele planta uma sementinha do bem e não espera nada em troca”, diz Wilson Fernandes, de 58.

A poucos metros dali, a arquiteta Maria Aparecida Teles, de 41, e os colegas de condomínio transformaram pichadores em doadores indiretos. Uma placa diz que a cada mês em que as paredes permanecerem sem pichação o condomínio fará uma doação para uma instituição de caridade. “Mexe com esse lado cidadão das pessoas”, diz. No Prado ou no Santo Antônio, a amabilidade dá o tom. Aos 93 anos, padre Augusto Padrão faz questão de parar para conversar com as pessoas. Dá atenção especial às crianças. “Procuro sempre ser gentil, e a maioria retribui”, diz. O microempreendedor Carlos Henrique Barbosa, de 44, ajuda idosos e crianças a atravessar o cruzamento entre as ruas Cristina e Viçosa. “Gentileza gera gentileza”, aposta.

 

 Incentivo ao respeito - Placa criada por Maria Aparecida Teles (E)promete doação a entidade de caridade se prédio não for pichado / Amabilidade - Aos 93 anos, o padre Augusto Padrão (C)conversa com as pessoas na rua distribuindo amizade e conselhos / Gesto inspirador - O microempreendedor Carlos Henrique Barbosa (D) ajuda idosos e crianças na travessia de rua e acredita que atitude sirva de exemplo (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Incentivo ao respeito - Placa criada por Maria Aparecida Teles (E)promete doação a entidade de caridade se prédio não for pichado / Amabilidade - Aos 93 anos, o padre Augusto Padrão (C)conversa com as pessoas na rua distribuindo amizade e conselhos / Gesto inspirador - O microempreendedor Carlos Henrique Barbosa (D) ajuda idosos e crianças na travessia de rua e acredita que atitude sirva de exemplo (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)


#Bhmaisgentil

Os Diários Associados iniciam campanha de mobilização social que abordará assuntos relacionados a trânsito, cultura e sustentabilidade. A meta da campanha, batizada de #Bhmaisgentil, é fazer de Belo Horizonte a capital mais gentil do Brasil, sugerindo ações simples como como distribuir sorrisos, não jogar lixo na rua, desligar os celulares nos cinemas e teatros entre outras.

EM faz concurso de redação

O “Prêmio Jornal na Escola” vai agraciar os autores das três melhores redações sobre gentileza urbana. Parceria entre o jornal Estado de Minas e o Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH) o concurso cultural tem como objetivo reforçar atos de amabilidade e cidadania, bem como valorizar a prática da leitura e da escrita. Entre os prêmios estão smartphones, tabletes, notebooks, assinatura do jornal e bolsas de estudos – 25%, 50% e 100% de desconto – nos cursos do UniBH, à exceção de medicina. Os estudantes do ensino médio das escolas que se inscreveram terão até 10 de setembro para escrever essas histórias. As inscrições terminaram ontem.

“Gentileza urbana é um tema muito explorado na atualidade, mas queremos, de fato, enfatizar que essa atitude vai além da cordialidade no trânsito e da civilidade nas ações. Queremos propor uma transformação social. A escrita é o melhor meio para gerar esse processo, pois é pensando que escrevemos e geramos conteúdo. E nada melhor do que começar com os jovens, que são a grande mola transformadora da sociedade”, diz Helivane Evangelista, diretora do UniBH.

Além dos autores das três melhores redações, o concurso vai premiar os professores que orientaram os estudantes e suas escolas. As redações devem ser manuscritas a caneta, assim como é feito no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Os nomes dos vencedores serão anunciados na cerimônia de premiação, em 27 de outubro, no Teatro Ney Soares no câmpus do centro universitário, no Bairro Lagoinha. As escolas inscritas no concurso recebem um exemplar gratuito do jornal, assim como o acesso digital, para disponibilizarem o conteúdo aos seus alunos durante o período da confecção dos textos.

Serviço

Prêmio Jornal na Escola


Período da produção das redações: até 10 de setembro
Seleção pela banca avaliadora: de 12 a 23 de outubro
Cerimônia de premiação: 27 de outubro
Tema: Gentileza Urbana


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