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Estado de Minas

Triciclos abrem nova concorrência por transporte em BH

Após disputa com aplicativo Uber, taxistas reclamam dos tuk tuks, que estariam fazendo corridas sem fins turísticos e disputando passageiros com táxis-lotação. Pilotos negam


postado em 30/07/2015 06:00 / atualizado em 30/07/2015 07:51

Tuk tuks são os veículos mais populares da Índia e estão ganhando as vias de BH, como a Avenida do Contorno (E). Triciclo pega turistas em frente a um hotel no Bairro Serra, na Região Centro-Sul de BH(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Tuk tuks são os veículos mais populares da Índia e estão ganhando as vias de BH, como a Avenida do Contorno (E). Triciclo pega turistas em frente a um hotel no Bairro Serra, na Região Centro-Sul de BH (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Depois do aplicativo Uber, taxistas de Belo Horizonte reclamam de uma nova concorrência na praça: os tuk tuks, que correspondem a uma moto adaptada com carroceria para transportar passageiros. Segundo os taxistas, principalmente os que ficam parados em frente aos hotéis, os turistas estão dando preferência pela novidade, que é o transporte mais popular da Índia. O movimento, segundo reclamam, caiu consideravelmente. “Perdemos a clientela, principalmente quando há criança entre o grupo”, diz José Carlos Costa, de 46 anos. O prejuízo é maior nos fins de semana, de acordo com ele, quando a taxa de ocupação dos hotéis é maior.

Costa conta que domingo passado estava à espera de passageiros em frente a um hotel da Avenida Álvares Cabral, no Bairro de Lourdes, Região Centro-Sul, mas os dois casais, um com uma criança e outro com um adolescente, deram preferência por dois tuk tuks para conhecer os pontos turísticos da cidade. “Antes, a gente pegava passageiros na maçaneta. Eles saíam do hotel, abriam a porta do carro e entravam. Agora, os próprios hotéis oferecem os tuk tuks para os hóspedes”, reclama o taxista.

Na terça-feira, dois turistas de São Luiz, capital do Maranhão, hospedados em um hotel da Rua Cícero Ferreira, no Bairro Serra, Região Centro-Sul, circulavam de tuk tuk pela Avenida Afonso Pena e conheceram a Serra do Curral, no Alto dos Mangabeiras, também na Centro-Sul. “Muito divertido. Achei uma novidade”, disse a auditora fiscal Nayde Carvalho Fonseca, de 53, que acompanhava o filho que presta concurso público. Ela conta que viu a propaganda do tuk tuk e se interessou. Nayde pagou R$ 180 para rodar por 3 horas com o filho. O valor por pessoa é de R$ 30 e o veículo tem capacidade para dois adultos e uma criança.

Mas não são apenas os turistas que usam os triciclos como meio de transporte. O estudante de engenharia ambiental Leandro Nahuel Aguas Coelho, de 25, conta que pagou R$ 2 para se deslocar de tuk tuk da Praça do Papa, no Bairro Mangabeiras, até a Praça Sete, no Centro. “É confortável. Concorre com o táxi-lotação e faz o mesmo trajeto”, conta o estudante. “Quem não está gostando muito são os taxistas. Eles chamam os tuk tuks de cumbuquinhas”, comentou Leandro, lembrando que pagou a passagem em dinheiro e o condutor pediu seus dados pessoais para registro.

Taxista José Carlos Costa reclama da concorrência:
Taxista José Carlos Costa reclama da concorrência: "Perdemos a clientela, principalmente quando há criança no grupo" (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
O empresário Nélson Gustavo Vilasa da Silveira, que oferece franquia de tuk tuk em BH e dono de seis veículos que circulam pela capital, negou fazer concorrência com os taxistas, ressaltando que não tem espaço para bagagem e afirmou, inclusive, que oferece táxi para os turistas. “Só fazemos roteiros turísticos e não temos como fazer o serviço de táxi porque não ultrapassamos 40km por hora.” Ela disse ainda que os veículos não podem transitar por rodovias estaduais e federais e negou cobrar R$ 2 para transportar passageiros pela Avenida Afonso Pena, o que seria uma concorrência com o táxi-lotação. Ele ressaltou ainda que sua empresa é legalizada, cadastrada no Ministério do Turismo e parceira da Belotur.

O português Caetano Souza, de 41, é piloto de uma empresa que tem seis tuk tuks em BH. “Atendemos vários hotéis. Basta telefonar ou agendar o passeio pelo e-mail”, disse ele, lembrando que também transportam moradores de BH, mas apenas para fazer roteiros turísticos, garante. “A gente pega o passageiro e volta com ele para o mesmo lugar ou perto de onde estava, para não considerar concorrência com os taxistas”, explicou Caetano.

ATRATIVO De acordo com o condutor, o grande atrativo dos triciclos, principalmente para turistas estrangeiros, é que os pilotos falam no mínimo duas línguas, além do português. “Isso é critério para ser contratado. Eu, por exemplo, falo inglês e francês. Meu amigo, que também é piloto, fala inglês e italiano”, disse. A professora de inglês Consuelo Guerra, de 64, moradora de BH, ficou encantada ao passar por um tuk tuk ontem à tarde, no Bairro Serra. “Lindo, maravilhoso”, disse ela, que chamou a amiga Luciana Cláudia Papa, de 31, para conhecer de perto o triciclo. A curiosidade foi tanta que elas pediram ao piloto para entrar no veículo.

O presidente do Sindicato dos Taxistas, Ricardo Luiz Faeda, disse que não recebeu nenhuma reclamação formal da categoria em relação aos tuk tuks, mas que vai procurar se informar junto às empresas que oferecerem o serviço, e também com hotéis, sobre a legalidade do serviço. “Não podemos deixar que mais um transporte ilegal tome conta da cidade”, disse.



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