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Estado de Minas ARTE OU VANDALISMO?

Moradores de São João del-Rei são surpreendidos por pintura em fachada de imóveis da cidade

Desrespeito ao patrimônio ocorreu há um mês e logo foi levado ao Conselho Municipal. Caso deve ser decidido com ajuda da Justiça


postado em 25/07/2015 00:12 / atualizado em 25/07/2015 07:34

(foto: Mariana Resende/Divulgação)
(foto: Mariana Resende/Divulgação)

A pintura de duas casas, em área tombada, dá o tom polêmico à paisagem colonial de São João del-Rei, na Região do Campo das Vertentes, e eleva a discussão sobre a preservação do acervo cultural. Sem autorização dos órgãos de proteção do patrimônio e, principalmente, sem licença do proprietário dos imóveis fechados com um muro, um morador tingiu as fachadas com várias cores berrantes – rosa, amarelo, vermelho e roxo –, que destoam das demais existentes na Rua Marechal Bittencourt, mais conhecida como Rua da Cachaça, no Centro Histórico.

“O caso certamente irá parar na Justiça, pois a pessoa que fez essa pintura não pediu permissão ao dono. Estamos sempre informando à população para não agir sem autorização do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural”, disse ontem o secretário municipal de Cultura e Turismo, Pedro Leão. As denúncias já foram levadas ao escritório local do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), reponsável pelo tombamento do núcleo histórico de São João del-Rei em 1938, e a prefeitura poderá tomar providências.

“Se a prefeitura for notificada, entraremos em contato com o proprietário dos imóveis. Caso ele não tenha condições financeiras para pintar de branco, voltando ao original, poderemos ajudar, já que, antes, as paredes eram caiadas”, afirmou Leão. Conforme moradores, o responsável pela pintura – o nome dele e do proprietário não foram divulgados – seria dono de uma loja de vinhos na Rua da Cachaça, que fica perto da Igreja de Nossa Senhora do Carmo.

O desrespeito ao patrimônio ocorreu há um mês e logo foi levado ao Conselho Municipal. A turismóloga e moradora do Centro Histórico, Mariana Resende, diz que “a situação precisa ser revista, já que se trata de um local preservado pelo patrimônio”. Na sua avaliação, é absurdo alguém interferir na memória de uma cidade dessa forma. “Valorizo a história da minha cidade e busco preservá-la, para fortalecer a cultura e garantir o incremento ao turismo, gerando renda e emprego aos moradores. Agir por conta própria em intervenções urbanas, sem consentimento dos órgãos responsáveis, é um desrespeito imensurável”, acrescentou Mariana.

MOBILIZAÇÃO Nos últimos dias, cresce a mobilização da comunidade, em grande parte pelas redes sociais, para que a fachada seja pintada novamente na cor original. O Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural, com o apoio de técnicos do Iphan, esteve local e notificou o morador responsável pela pintura. Ele tem o prazo de 40 dias, em média, para regularizar a situação. “Tomamos as providências necessárias e cabíveis para que o local volte a ser como era. Temos que esperar o fim desse prazo para que o morador pinte a fachada. Se ele descumprir a ordem da notificação, encaminharemos o caso para o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG)”, explicou disse a presidente do conselho, Ruth Viegas.

O guia de turismo e conhecedor da história de São João del-Rei, Luiz Miranda, diz que a situação precisa ser resolvida com urgência, pois a cidade recebe turistas o ano inteiro. “Os visitantes chegam aqui querendo conhecer a história como ela é, mas, desse jeito, acabam perdendo parte importante do conteúdo. Acho que o morador não fez por mal, mas é preciso manter viva a memória”, ressaltou.


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