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Estado de Minas

Ipês colorem ruas e encantam a população de Belo Horizonte

Na temporada dos ipês, contraste de cores encanta quem vive ou trabalha em algumas das principais vias de Belo Horizonte. Árvore símbolo do Brasil ganha cada vez mais admiradores na capital mineira


postado em 21/07/2015 06:00 / atualizado em 21/07/2015 07:24

Ipês rosas dão colorido especial em meio ao concreto e movimento de carros na Avenida Afonso Pena(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Ipês rosas dão colorido especial em meio ao concreto e movimento de carros na Avenida Afonso Pena (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
A primavera ainda está distante, mas as floradas de ipê embelezam os corredores de trânsito em Belo Horizonte. Nas avenidas Afonso Pena, do Contorno, Amazonas e Brasil e nas alamedas da Praça da Liberdade, eles contrastam com o azul do céu de inverno e fazem jus ao nome da capital. Emoldurada pela Serra do Curral, a identidade belo-horizontina ganha tons vivos da árvore símbolo do Brasil. Apesar de a espécie ser encontrada em todo o país, é certo que se adaptou bem aos ares mineiros e, caprichosamente, dão charme a cada esquina. Não é exagero dizer que o ipê está para a cidade como o queijo está para a goiabada e o pão de queijo para o cafezinho.

As flores não só dão mais alegria ao dia a dia como também despertam memórias afetivas de quem transita por esses corredores e trabalha nos prédios do entorno. É o que ocorre com a administradora Patrícia Cardoso, de 56 anos, quando olha da janela do seu escritório no 14º andar de um prédio na Avenida Afonso Pena. De lá, ela consegue ver as torres das igrejas da Boa Viagem e de Lourdes, que se misturam às copas dos ipês. “Cresci nessa região do Funcionários, lembro muito de um ipê-amarelo enorme em frente à Igreja da Boa Viagem.” De outra janela que dá para a avenida, ela consegue enxergar de longe as copas rosas no Bairro Santa Tereza. “Essa beleza nasce do estresse hídrico da planta. O ipê floresce depois de um período de seca, para espalhar as sementes e preservar a espécie”, diz, admirada.


No nível da rua, as copas encantam e, dos andares mais elevados, são ainda mais charmosas. No alto da Afonso Pena, é possível ver as flores ao longo de todo o trajeto. Nos próximos dias, a cidade deverá ficar ainda mais colorida, com a floração dos ipês-amarelos e brancos. “Um dia desses fiquei encantada quando ia para casa e vi o chão todo coberto com as pétalas rosas. É muito lindo e embeleza demais a cidade”, afirma Bruna Melo, de 21. Ela se encanta com a imagem que vê todos os dias do escritório onde trabalha, na Afonso Pena, no Centro.

Do alto do prédio onde trabalha, Bruna Melo (E)se encanta com o que vê:
Do alto do prédio onde trabalha, Bruna Melo (E)se encanta com o que vê: "Embeleza a cidade", diz. Na Praça da Liberdade, (C) uma árvore florida dá boas-vindas a quem vai visitar o cartão-postal de BH. Contraste de cores chama a atenção no cruzamento das avenidas Carandaí e Brasil, no Funcionários (D) (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

ESPERANÇA COLORIDA
Na Região Hospitalar, os ipês-rosas atraem os olhares de quem passa pela Avenida Brasil. “A cidade está mais colorida e isso deixa as pessoas mais esperançosas. As pessoas mudam diante de tanta beleza”, diz a relações-públicas Cynthia Lúcia Brasil, de 40. Para a professora aposentada Lúcia Magalhães, de 66, este ano os ipês-rosas floresceram antes da época e tomaram conta da cidade. “Eles disputam beleza com as quaresmeiras, mas predominam. Por onde você passa, encontra ipês. E o mais impressionante é que não têm folhas, só flores”, observa Lúcia. Para a aposentada Tânia Álvares, de 45, BH deveria ter mais ipês-rosas. “A cidade está muito bonita. Pena que as flores duram tão pouco tempo. De todos os ipês, o rosa é o mais bonito”, compara Tânia.

No final do ano passado, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) realizou um inventário das árvores na cidade. Foram contabilizadas 215,5 mil árvores, sendo 72,2 mil na Região Centro-Sul. Das 382 espécies identificadas, a floração de 69 impactavam positivamente na paisagem urbana. Os ipês correspondiam a 8,54% das árvores levantadas, sendo os rosados, tabaco, mirim e roxo os mais comuns. Os roxos e rosados representavam cerca de 80% do total de ipês. O amarelo e branco, por sua vez, ocupavam a quinta e sexta posições, respectivamente, correspondendo a 8,19% e 7,93% do total. Na primavera do ano passado, a prefeitura iniciou o plantio de outras 50 mil árvores, sendo a maior parte delas de ipê-roxo. 

BH tem ipês do cerrado e de mata atlântica

Haroldo Sampaio, engenheiro-agrônomo

“Temos o ipê em todo o Brasil. Belo Horizonte fica na transição do cerrado com a mata atlântica e, por isso, temos o ipê do cerrado, com um porte menor, e o ipê de mata atlântica, de porte maior. Nos últimos três anos, a prefeitura intensificou o plantio de ipês. No inverno, eles embelezam com a floração e, no verão, dão sombra devido às grandes copas, aumentam a umidade e reduzem a poluição. O nome científico do gênero é Tabebuia, que comporta diversas espécies do roxo e do amarelo. O branco, o Tabebuia aurea, ocorre em menor quantidade na capital e é o último a florescer. No início da década de 1960, Jânio Quadros declarou o ipê como a flor nacional, juntamente com o pau-brasil.”

Concurso para substituir ficus

Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Belo Horizonte pretende divulgar até agosto o edital do concurso de revitalização paisagística das avenidas Barbacena e Bernardo Monteiro e Praça da Boa Viagem, na Região Centro-Sul, onde quase 101 árvores do gênero Ficus (microcarpa) foram infestadas pela mosca-branca, de origem da Índia, das quais 38 morreram e foram cortadas. A contaminação foi constatada em 2013 e ativistas criaram o movimento Fica Fícus, que se posicionou contra o corte das árvores, sem antes tentar recuperá-las, exigindo a manutenção dos troncos das que ainda estavam vivas. Por meio do concurso, a PBH espera analisar propostas de plantio de novas espécies para recompor os espaços antes ocupados pelos fícus suprimidos, com base em 23 diretrizes discutidas com representantes de vários setores. Técnicos da SMMA seguem analisando as árvores que sobreviveram ao ataque da mosca- branca. Nesse período do ano, não são comuns os ataques do parasita.


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