Sentado em uma poltrona dourada, ao redor de arranjos florais e com os pés descansados em uma almofada decorada com pétalas de flores, Sri Prem Baba Maharaj fala, ao microfone, sobre os bons sentimentos e posturas do mundo atual aos devotos. Foram três dias de retiro do silêncio em Santana do Riacho, na Grande BH, onde a busca pelo autoconhecimento, orientada pelo mestre, trouxe reflexões e bons sentimentos, segundo os participantes. “Nesses dias, apresentei a vocês alguns poderes que nos habitam e que são capazes de transformar o sentimento de dor em alegria”, disse o guru ao final do retiro.
Sri Prem Baba, o paulista com milhares de discípulos no Brasil, prega o amor e defende o silêncio como autoconhecimento. Sua passagem curta por Minas trouxe reflexões e novas experiências a 85 pessoas que se propuseram a conhecer a si próprias, por meio do silêncio e meditações como forma de se enriquecerem espiritualmente.
Depois de lançar seu livro Amar e ser livre - As bases de uma nova sociedade, em 23 de junho, em Belo Horizonte, o mestre espiritual brasileiro promoveu o retiro do silêncio entre os dias 25, 26, 27 em Santana do Riacho. “O silêncio e o amor podem realizar milagres na vida”, ensinou o mestre. A busca por essa transformação ocorreu em uma das pousadas mais charmosas da Serra do Cipó, em meio ao verde e bangalôs.
Durante os três dias em Santana do Riacho, os seguidores de Sri Prem Baba não puderam se comunicar por meio de palavras. Além de meditações, caminhadas, havia os satsang com Sri – uma espécie de encontro em que há um mergulho profundo no autoconhecimento e que o guru transmite seus ensinamentos. “Ficar em silêncio não é o mais difícil, mas tive que usar mensagens de celular algumas vezes. Sei que saio do retiro mais leve”, comentou a advogada Carolina Lopes, de 27 anos, e moradora do Bairro Floresta, na Zona Leste da capital.
Não foi só Carolina que não conseguiu desligar por completo do smartphone. Muitos participantes do retiro, inclusive durante os ensinamentos de Sri, usam o aparelho, pelo menos para guardar uma imagem fotográfica do mestre. “Usaram as mensagens de texto do celular para se comunicarem com a gente também. Porque, como não podiam falar, muitos escreviam na tela o que queriam. Dava a aflição”, comenta Eduardo Júnior, recepcionista da pousada. Aliás, para os funcionários da Pousada Rancho do Cipó, tudo pareceu muito esquisito. “Eles só balançam a cabeça e fazem mímica. Isso não é pra mim”, divertiu-se auxiliar de serviços Regiane Luzia.
Adorado por fãs, muitas vezes, Sri Baba é visto como um Deus. Muitos dos seus seguidores que ali estavam o olham com admiração, beijam seus pés e o recebem, sempre, com muita alegria. “Nesses três dias de retiro, não pudemos chegar muito perto dele. Por isso, só hoje que estou podendo tirar uma foto com ele. Ele é um ser único, especial, iluminado”, comenta uma das seguidoras, que enfrenta uma fila para conseguir, no último dia do retiro, uma foto com o mestre. Há quem ainda quer levar uma fotografia de Sri para casa, mesmo que isso lhe custe R$ 50. Isso porque, no último dia do evento, no sábado, uma ''vendinha” foi montada em que foi possível comprar fotos, CDs, livros e camisetas do mestre. 
FOGUEIRA PARA AS DORES Sobre essa adoração, Sri diz entender que cada pessoa tem ídolos, seja de uma banda musical, do cinema, entre outros. “Não quero seguidores. Torço para todos sejam felizes e pessoas independentes em suas vidas e que ninguém seja dependente de mim”, garante. Apesar disso, já são 97,3 mil seguidores no Facebook, e ele quer espalhar sua filosofia no mundo todo.
Além de não usar a fala, os devotos se alimentaram de comida vegetariana e vegana. No sábado, dia em que o Estado de Minas, acompanhou o evento, havia no cardápio feijoada vegana, no qual o bacon é substituído por coco defumado e assado.
Enquanto o almoço era preparado para os devotos de Sri, o guru queimava as cartas escritas pelos participantes do retiro em uma grande fogueira. “Aqui, eles escreveram sobre suas dores”, explicou, enquanto jogava os papéis na fogueira e era acompanhado pelos seus seguidores. Alguns, ainda em silêncio, choravam, emocionados com o ritual e com tudo que ele representava.
MESTRE POP NAS REDES SOCIAIS Mas quem é esse homem que é capaz de despertar tantas emoções e fazer com que as pessoas lhe confiem tantos segredos? Natural de Aclimação, em São Paulo, Janderson Fernandes de Oliveira, de 49 anos, se tornou, na Índia, o Sri Prem Baba Maharaj, e, desde então, atrai milhares de seguidores. No alto de 1,68 metro, o brasileiro se tornou um guru mundial. Para se ter uma ideia de sua influência, basta olhar o sucesso que faz nas redes sociais. No Facebook, possui 97,3 mil seguidores. No YouTube, os vídeos com seus ensinamentos chegam a 200 mil visualizações. Os satsangs, ou encontros de verdades, atraem milhares de seguidores que não se importam de pagar cerca de R$ 800 para ouvir o guru falar. Atualmente, Prem Baba está separado e é pai de uma filha de 12 anos. Da linhagem indiana sachcha com bases filosóficas védicas do ioga, o título é de um mestre iluminado: sri quer dizer auspicioso, prem é amor divino, baba significa santidade e maharaj é graciosidade.
A base da mensagem de Prem Baba é bastante simples: difundir o amor por onde passa.“Posso mostrar o caminho, mas o amor é uma experiência que cada um só conhece vivendo”, diz. Prem Baba vive cinco meses na Índia e os outros meses do ano são divididos em viagens para São Paulo, Alto Paraíso e países em todos os continentes.
POLÍTICAS PÚBLICAS Ele pretende colocar em prática o Movimento Awaken Love, expressão que, em tradução literal do inglês, quer dizer amor acordado. A ideia é que os ensinamentos possam incidir na elaboração de políticas públicas. Para que isso ocorra, foi criado em 2013 o Instituto Awaken Love. Uma das frentes de atuação são as escolas com a implementação de ações para que os alunos saibam lidar com os sentimentos que ficam nas sombras, como ciúme e a inveja.
No meio ambiente, o instituto atua na preservação de mananciais e em ações de despoluição dos rios Ganges, na Índia; Tietê e Pinheiros, em São Paulo; e São Bartolomeu, em Alto Paraíso.
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