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Estado de Minas

Grilos e gafanhotos invadem cidades de Minas


postado em 05/06/2015 06:00 / atualizado em 05/06/2015 07:45

Insetos fotografados por moradores em Mariana e Poços de Caldas: caso surpreende bióloga, que aponta possível desequilíbrio ecológico(foto: Reprodução da internet)
Insetos fotografados por moradores em Mariana e Poços de Caldas: caso surpreende bióloga, que aponta possível desequilíbrio ecológico (foto: Reprodução da internet)
Um fenômeno intriga moradores do interior de Minas Gerais. Desde a semana passada, gafanhotos e grilos são vistos aos montes e, em alguns casos em nuvens, nas ruas de pelo menos sete municípios das regiões Sul de Minas (Poços de Caldas, Alfenas, Botelhos, Andradas e Ouro Fino) e Central (Mariana e Ouro Preto). Em março, milhares deles tomaram conta de Candeias, distrito de Claro dos Poções, no Norte de Minas, município com cerca de 8 mil habitantes. Os gafanhotos ficaram no lugarejo por quase duas semanas e comeram todas as árvores frutíferas e plantações. A infestação em Candeias despertou a curiosidade de moradores de toda a região e virou atração turística. Eles também surgiram em grande número em cidades de São Paulo.

“Eles estão em todo o lugar. Vi pela primeira vez na semana passada, quando passava pela políclínica da cidade. A caixa d’água estava tomada deles”, conta Claudete Oliveira, técnica em enfermagem e moradora de Mariana, onde os insetos começaram a aparecer na semana passada. “Eram de dois tipos, um bem grande e verde e outro amarronzado, da cor de um galho seco. Onde a gente anda na cidade pisa neles”, acrescenta. Ela também relata nuvens deles em alguns pontos da cidade. Segundo Claudete, as janelas de um restaurante da cidade tiveram de ser fechadas para evitar a entrada dos insetos.

Em Poços de Caldas, a funcionária pública Salete Machado, conta que eles têm sido vistos por toda a cidade e também no município vizinho de Andradas. “No centro de Poços a gente vê um gafanhoto, verde ou marrom, a cada metro. Geralmente estão mortos e pisados, mas vimos muitos vivos dentro de lojas, em paredes ou nos cantos de muro. Fomos em Andradas ontem e lá também apareceram muitos”, diz. “Estamos aqui desde 2011 e isso é novidade para nós. Tem gente que fala em infestação. Outros falam que todo ano eles aparecem, mas que agora aumentaram um tanto.”

Em Claro dos Poções, os gafanhotos apareceram de repente e sumiram da mesma maneira, relata José Valdeci, 55 anos, nascido e criado na cidade. “Nunca vi coisa igual. As árvores ficaram pretas de tantos gafanhotos. Eles comeram tudo. Todo mundo foi lá para ver os bichos. Tinha mais gente em Candeias do que na cidade”, conta Valdeci, que mora na cidade, mas foi ao distrito localizado a cerca de três quilômetros da sede, para ver com “os próprios olhos” os gafanhotos.

No interior de São Paulo, em São José do Rio Preto, Região Noroeste do estado, um posto de saúde chegou a ser fechado na segunda-feira por causa da infestação por grilos e gafanhotos. Na cidade vizinha de Araçatuba moradores também relatam grandes populações desses insetos. Eles também foram vistos na cidade de São João da Boa Vista, em São Paulo, perto de Poços de Caldas.

Mistério O entomólogo Angelo Machado classifica o fato como um “mistério”. Segundo ele, esses animais não se reproduzem nessa época do ano, quando as temperaturas são mais baixas, e sim durante a primavera e o verão. Além disso, explica, não é comum grandes populações de gafanhotos no Brasil como acontece na África. Pelos relatos dos moradores, o entomólogo afirma que podem ser duas espécies de insetos, o verde com longas antenas, conhecido popularmente como esperança, seria uma espécie de grilo. O amarronzado, com antenas mais curtas, o gafanhoto. Mas segundo Angelo Machado, só mesmo com uma análise mais criteriosa é possível afirmar que insetos são esses. As causas dessa grande população, segundo ele, também precisam ser investigadas. “É um mistério. Eles não se reproduzem no inverno. Mas, para saber ao certo, é preciso fazer uma investigação no local em que eles estão aparecendo”, afirma.

Para a bióloga Carla Camillo, da Prefeitura de Mariana, uma das cidades onde estão sendo registrados grande aglomerações desses insetos, esse aparecimento também é uma incógnita. “O motivo deve ser algum desequilíbrio ecológico, pois não estamos em época de reprodução”. Ela conta que nunca viu tantos deles juntos como dessa vez. Segundo ela, preocupados com a grande quantidade de insetos, alguns moradores têm procurado a prefeitura em busca de orientação. “Esses grilos e gafanhotos, de um modo geral, são inofensivos para a população. Não trazem doenças e não atacam. O risco maior é para a lavoura e para os jardins, já que eles adoram comer plantinhas”, explica.

Saiba mais
Insetos ágeis

Os grilos, gafanhotos e esperanças que estão aparecendo em grandes quantidades em diversas regiões de Minas são de uma ordem de insetos chamada ortópteros formada por cerca de 20 mil espécies. Os grilos são insetos ágeis, com longas antenas, que medem cerca de três centímetros e se alimentam de outros insetos e plantas. Podem ser esverdeados ou da cor de um galho seco. Os gafanhotos são insetos maiores que os grilos, chegam a medir até seis centímetros , tem antenas curtas, são escuros e se alimentam de plantas. As esperanças são maiores bem maiores que os grilos e gafanhotos e chegam a medir em média oito centítmetros. Algumas espécies se alimentam só de plantas e outras de outros insetos. Suas antenas são bem mais longas que as do grilo e elas geralmente são verdes.


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