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Estado de Minas

Assassinato de jornalista expõe avanço de crimes violentos nos vales do Jequitinhonha e Mucuri

População está assustada. A média mensal de ocorrências passou de 141 para 169


postado em 25/05/2015 06:00 / atualizado em 25/05/2015 15:36

Padre Paraíso, onde jornalista foi assassinado, tem uma média de 8,7 crimes violentos por mês(foto: Prefeitura de Padre Paraíso/Reprodução Facebook)
Padre Paraíso, onde jornalista foi assassinado, tem uma média de 8,7 crimes violentos por mês (foto: Prefeitura de Padre Paraíso/Reprodução Facebook)

Padre Paraíso, no Vale do Jequitinhonha, onde o jornalista Evany José Metzker, 67 anos, foi decapitado no dia 14, era uma cidade pacata, onde a população deixava portas, janelas e carros abertos e as pessoas andavam nas ruas sem medo. Mas a tranquilidade foi substituída pelo medo e pela violência. E não é um caso isolado. O crescimento do número de homicídios, assaltos à mão armada, roubos, explosão de caixas eletrônicos e tráfico de drogas, entre outros, que já atormenta os grandes centros, chegou as pequenas cidades do Norte de Minas e dos vales do Jequitinhonha e do Mucuri, as mais pobres do estado, onde a falta de estrutura e o baixo efetivo das polícias Militar e Civil facilitam a escalada da violência.


Dados da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) indicam que, nos primeiros quatro meses deste ano, a 15ª Regional Integrada de Segurança Pública (Risp), de Teófilo Otoni, que abrange Padre Paraíso, registrou 677 crimes violentos (homicídios e estupros tentados e consumados, assaltos, roubos, sequestros e cárcere privado), um média mensal de 169. Em 2014 inteiro, a média mensal foi de 141 crimes.


Em Padre Paraíso, foram 35 crimes violentos de janeiro a abril, média de 8,7 por mês, excluindo o assassinato de Metzker, e outras ocorrências já registradas neste mês. Em todo o ano passado, foram 49 crimes dessa natureza no município, média de quatro por mês. O número de assassinatos deste ano, incluindo a morte do jornalista, já bateu o do ano passado, quando ocorreram três. Este ano, já são quatro assassinatos.


O avanço da violência interrompe projetos de vida. Depois de se aposentar na Usiminas,  em Ipatinga, no Vale do Aço, onde trabalhava no departamento financeiro, J.F.S, de 59 anos, retornou há alguns anos para Padre Paraíso, sua terra natal. Comprou uma casa lotérica na cidade, imaginando que teria paz por se lembrar dos tempos da infância e da adolescência. Mas encontrou uma realidade bem diferente. Em março, depois de três assaltos em 15 meses e aterrorizado,  J.F.S vendeu a lotérica. “Fiquei com muito medo. Não tive mais clima para continuar no negócio e acabei desistindo. Não tem mais sossego na cidade”, diz o aposentado, que voltou a morar em Ipatinga e viaja sempre para Padre Paraíso, para visitar a mãe.


Ele lembra que o primeiro assalto à casa lotérica ocorreu no fim de 2013, quando, próximo ao horário do fechamento, dois homens armados renderam o gerente e um funcionário – ele não se lembra quanto foi levado. Em novembro de 2014, ao meio-dia de um movimentado sábado, dia de feira livre na cidade, dois homens armados não se intimidaram com a grande fila na lotérica, renderam funcionários e levaram R$ 1,8 mil.  Em seguida, fugiram numa moto.


(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)
Diante do crime, o dono da lotérica reforçou a segurança da loja, com a instalação de grades. Imaginou que, assim, estaria seguro. Mas em menos de 90 dias depois, em fevereiro, ainda pela manhã, quando os funcionários abriram a lotérica dois homens invadiram o local e fizeram o gerente do estabelecimento refém. Em seguida, fugiram com R$ 9 mil . Nenhum deles foi preso.  J.F.S diz que depois dos assaltos, os funcionários ficaram tão traumatizados que tiveram de fazer tratamento psicológico.


Segundo o aposentado, no início deste ano, além de assaltos à agência dos Correios e à casa lotérica, os moradores também foram aterrorizados por uma quadrilha, que na madrugada de 12 de maio, explodiu o caixa eletrônico de uma agência bancária na cidade. Na fuga, os bandidos atiraram nos vidros dos carros estacionados perto da agência. Ninguém se feriu. Nos últimos 40 dias, aconteceram na cidade três assassinatos, relacionados com o tráfico de drogas, que também cresce na região.


O aumento da criminalidade na cidade também assusta o comerciante Roberto Caires, dono de uma mercearia. “Vivemos um clima de insegurança. Na cidade, existem poucos policiais e ficamos reféns dos criminosos”, lamenta Caires, lembrando que o município tem um pelotão da Polícia Militar com  apenas dois veículos.

 


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