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Estado de Minas

Nossa História: Museu Abílio Barreto reúne acervo que revela em detalhes o passado de BH

Criado por JK quando era prefeito da capital, espaço acumula mais de 70 mil itens que revelam em detalhes da capital desde o início das obras para a sua construção


postado em 23/05/2015 06:00 / atualizado em 23/05/2015 07:34

O Abílio Barreto reúne o maior acervo sobre a história de Belo Horizonte e é o único museu dedicado à preservação da memória da capital(foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
O Abílio Barreto reúne o maior acervo sobre a história de Belo Horizonte e é o único museu dedicado à preservação da memória da capital (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)

No começo dos anos 1940, Juscelino Kubitschek, então prefeito de Belo Horizonte, foi o responsável pela transformação da cidade. Nesse período, uma das mais importantes obras foi a construção do complexo arquitetônico da Pampulha. Projetado por Oscar Niemeyer, o conjunto, que reúne espaços como a Casa do Baile, o Iate Clube, o Cassino e a famosa igrejinha, se tornou um marco cultural nacional. Ao mesmo tempo em que investia na modernização da capital, JK se preocupava com o passado de BH e decidiu criar o Museu Histórico de Belo Horizonte, inaugurado em 18 de fevereiro de 1943. “Juscelino chegou até a ser criticado por isso. Como assim criar um museu de história sendo que Belo Horizonte mal tinha história, nem havia completado 50 anos ainda? Mas ele sempre foi um homem de visão e sabia que uma cidade moderna também precisa de memória”, lembra a historiadora da diretoria de Museus e Centros de Referência da Fundação Municipal de Cultura (FMC), Célia Regina Araújo.

Hoje, a instituição criada pelo presidente bossa-nova é um dos 68 museus da cidade cadastrados pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM/MinC), que está realizando, até amanhã, a 13ª Semana dos Museus. Hoje, com o nome de Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB), em homenagem ao jornalista e escritor que iniciou o acervo do local, quando, por volta de 1935, passou a recolher documentos e objetos que deveriam integrar o futuro museu, o local é o espaço museológico mais antigo de BH, com 72 anos.

Situado no Bairro Cidade Jardim, seu conjunto arquitetônico compreende o casarão secular sede da antiga Fazenda do Leitão, construída em 1883, por José Cândido da Silveira, e o moderno edifício-sede, inaugurado em dezembro de 1998, primeiro local originalmente concebido e edificado para abrigar um museu na capital. Na área externa, estão os abrigos para o bonde elétrico e a locomotiva a vapor, o palco ao ar livre e os jardins concebidos como local de educação e lazer.

Segundo o presidente da Fundação Municipal de Cultura (FMC), Leônidas Oliveira, o MHAB possui o maior acervo museológico de Minas Gerais, com 70 mil itens, englobando as áreas de arqueologia, artes visuais, biblioteconomia, ciência e tecnologia, virtual, história, imagem e som. “É impossível tudo ficar em exposição, mas todo o material está disponível para consulta do público, que precisa agendar para ter acesso, porque esse acervo ficar protegido em um local adequado e específico”, avisa Lêonidas. Verdadeiras preciosidades como documentos e textos escritos pelo próprio Abílio Barreto, com destaque para as 101 fichas sobre os mais variados assuntos (esportes, saúde, carnaval, falecimentos), anotados com a própria letra do jornalista e escritor. “Era uma espécie de diário oficial da cidade porque ele anotava diariamente e datava tudo que acontecia por aqui”, comenta a historiadora Célia Araújo. Documentos oficiais, recortes de jornais, negativos de vidros de várias imagens, inclusive da época da construção da capital, fotografias de momentos importantes como a  inauguração de Belo Horizonte, sem falar em objetos que surpreendem. Uma coleção de pinturas de artistas franceses que a comissão construtora contratou para retratar as paisagens do então Curral del Rey encanta pela beleza.

Leônidas Oliveira, que é ex-diretor do Museu Abílio Barreto, ressalta a coleção de chaves das casas do antigo arraial destruídas para dar lugar à nova capital. “Os proprietários foram desapropriados e tiveram que entregar as chaves. E elas estão todas aqui. É muito forte e simbólico. Outro objeto importante é uma caixinha,  espécie de porta-joias grande, doada por um caixeiro viajante do fim do século 19, com várias bijuterias da época como broches, brincos, colares e medalhinhas”, frisa.

Peça curiosas como uma cafeteira-despertador, gramofones, placas de rua antigas, vestidos, sapatos, chapéus e bolsas, objetos da época da escravidão (grilhões, correntes), coleção de lápis e caixas de fósforos, utensílios domésticos e de uso pessoal, objetos de iluminação e de transporte, fragmentos de edifícios da cidade, como a antiga igreja da Boa Viagem, que foi destruída para construir a nova e até peças do mobiliário de Olímpia, a dona do famoso cabaré belo-horizontino, também fazem parte do conjunto de peças. A afinidade e a diversidade impressionam. “O nosso acervo está sempre crescendo. Nunca deixamos de receber material aqui, mas os nossos pesquisadores e historiadores fazem uma avaliação para verificar se realmente aquele item tem  importância histórica”, pontua o atual diretor do MHAB, Guilherme Maciel. Alguns objetos ficam expostos constantemente e outros só para consulta.


Conterrâneo de Diamantina

Idealizador e diretor do Museu Histórico Abílio Barreto entre 1943 e 1946, o jornalista, historiador, escritor e poeta Abílio Velho Barreto nasceu em Diamantina, em 22 de outubro de 1883. Quando sua mãe ficou viúva, a família se mudou para Belo Horizonte, então um canteiro de obras administradas pela Comissão Construtora da Nova Capital. Abílio tinha apenas 12 anos nessa época e já começou a trabalhar para ajudar a família. Em 1898, foi admitido na Imprensa Oficial, onde fez carreira como tipógrafo, revisor e redator interino do Minas Gerais. Em 1924, foi promovido a primeiro oficial do Arquivo Público Mineiro, cargo no qual se aposentou, em 1934. No ano seguinte, passou a dirigir o Arquivo Municipal e, ainda nessa função, em 1941, foi convidado pelo então prefeito, o amigo e conterrâneo Juscelino Kubitschek, para organizar o Museu Histórico de Belo Horizonte. Abílio Barreto morreu em 17 de julho de 1959.

Serviço


Museu Histórico Abílio Barreto (Avenida Prudente de Morais,202, Cidade Jardim).Horários de visitação: Exposições: terça, sexta, sábado e domingo, das 10h às 17h; quarta e quinta-feira, das 10h às 21h.Biblioteca: terça a sexta-feira, das 9h às 11h e das 13h às 17h.Loja do MHAB: terça a domingo, das 9h às 17h.Área Externa: terça, sexta, sábado e domingo, das 7h às 18h; quarta e quinta-feira, das 7h às 21h.
Café e restaurante Ortiz: terça, quarta e domingo, das 10h às 18h e de quinta a sábado, das 10h às 23h. Informações: (31) 3277-8573 / 3277-8572 e www.pbh.gov.br/cultura/mhab


Associação
de amigos


A Associação dos Amigos do Museu Histórico Abílio Barreto (AAMHAB) é uma entidade civil, sem fins lucrativos, que tem por objetivo proporcionar a participação da comunidade nas atividades do museu. Desde sua fundação, em 1994, a associação tem sido a principal parceira do MHAB, viabilizando diversos programas e projetos culturais, sobretudo por meio da captação de recursos financeiros. Além disso, mediante a atuação dos membros de seus conselhos, a AAMHAB tornou-se um interlocutor permanente, contribuindo para a consolidação do Museu como espaço de preservação, investigação e comunicação da memória e da história de Belo Horizonte. A associação foi responsável direta pela captação dos recursos necessários ao desenvolvimento do “processo de revitalização” do MHAB, iniciado em 1993, bem como pela produção executiva das obras de construção da sede do museu e aquisição de mobiliário e equipamentos adequados ao seu pleno funcionamento.


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