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Estado de Minas

Número de acidentes com ciclistas cresce 44% em Belo Horizonte

Investimento em ciclovias e aumento no número de adeptos do transporte em BH não são seguidos de conscientização de motoristas. Atendimentos no HPS dispararam em 2015 em comparação com o ano passado


postado em 12/05/2015 06:00 / atualizado em 12/05/2015 07:21

Combinação de desrespeito dos condutores de automóveis e de falta de uso de equipamentos de proteção pessoal por muitos ciclistas resulta em mais desastres e ferimentos mais graves(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A PRESS)
Combinação de desrespeito dos condutores de automóveis e de falta de uso de equipamentos de proteção pessoal por muitos ciclistas resulta em mais desastres e ferimentos mais graves (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A PRESS)

O medo sobre duas rodas já não anda apenas movido a motores: cada vez mais chega aos pedais. De carona no investimento em ciclovias e no incentivo ao uso de bicicletas em Belo Horizonte, o número de ciclistas e garupas atendidos no Hospital João XXIII, na Região Centro-Sul da capital, disparou. O aumento foi de 44%, na comparação entre 2015 e 2014. De janeiro a abril deste ano, foram 144 atendimentos, contra 100 no mesmo período do ano passado. A estatística chama ainda mais a atenção quando se verifica que, entre todos os dados relativos a feridos em acidentes de trânsito, aqueles envolvendo adeptos da bicicleta foram os únicos que aumentaram no período. Os casos relacionados a motociclistas, pedestres e ocupantes de outros veículos feridos diminuíram no maior pronto-socorro de Minas Gerais, na mesma comparação (veja arte).

Para usuários das bikes e especialistas em trânsito, uma série de fatores ajuda a entender a situação. O principal é o aumento que vem sendo verificado na circulação de bicicletas – o que as torna mais expostas – mas o quadro também está relacionado ao desconhecimento dos motoristas e à falta de respeito, já que a preferência de que desfruta esse tipo de transporte muitas vezes é simplesmente ignorada. Mas a estrutura disponibilizada pela BHTrans também é apontada como responsável por ocorrências, além de erros cometidos pelos próprios ciclistas. Um deles é dispensar o uso de equipamentos de segurança, uma constante nos atendimentos do Hospital João XXIII, atitude responsável por aumentar a gravidade dos ferimentos.

Um dos atendimentos contabilizados em 2014 no João XXIII foi o do vereador Adriano Ventura (PT). Ao transitar de bicicleta pela Avenida Tereza Cristina, na Região do Barreiro, ele foi surpreendido por um carro que não respeitou a parada obrigatória, vindo da Avenida Olinto Meireles. “Ele bateu na parte de trás da bicicleta e me jogou a dois metros de distância”, relembra o parlamentar, socorrido com escoriações pelo corpo. Acostumado a ir do Barreiro até a Câmara Municipal, na Região Leste de BH, ele conta que o aumento do número de bikes na cidade não surtiu efeito na cabeça dos condutores de carros maiores. “Os motoristas não entenderam que bicicleta é um veículo que precisa de preferência. Hoje (ontem) mesmo quase fui atropelado no Barreiro. É como se eu fosse invisível”, afirma.

Quem também parou no João XXIII foi o advogado José Custódio Pires Ramos Neto, 24 anos. Em dezembro de 2013 ele treinava na orla da Lagoa da Pampulha, quando foi vítima de um motorista irresponsável. “A ciclovia estava com tapumes perto de um clube, devido a preparativos para a festa de virada do ano. Escutei um grito e vi uma pessoa no lado do passageiro do carro me mandando ir para a ciclovia. Logo depois, levei uma fechada e caí em um dos blocos de concreto que separam a pista dos ciclistas da rua”, afirma. Com os relatos de outros ciclistas de que o motorista havia tentado fazer a mesma coisa momentos antes, ele registrou um boletim de ocorrência, mas o condutor não foi identificado.

O advogado aponta que problemas na configuração da ciclovia também contribuíram para o resultado, com escoriações diversas, pontos no antebraço e uma lesão no pescoço. “Se não houvesse aqueles blocos de concreto, talvez eu conseguisse me equilibrar depois da fechada, mas do jeito que está, não teve jeito. A prefeitura colocou em um espaço muito estreito uma ciclovia de mão dupla. Inviabiliza a presença dos ciclistas que querem treinar e andam, em média, a 30km/h”, afirma.



Palavra de especialista

Marcelo Lopes Ribeiro, coordenador da Internação e chefe das equipes de plantão do HPS João XXIII

Respeito e proteção são fundamentais


Com o aumento do número de ciclovias em Belo Horizonte e a disponibilização de pontos de compartilhamento de bicicletas, mais pessoas estão usando esse meio de transporte. Nesse contexto, é extremamente importante o uso dos equipamentos de segurança e quem costuma pegar as bikes nessas estações compartilhadas não tem usado esse assessórios. De cada 20 acidentados que dão entrada no João XXIII, apenas um usa algum tipo de proteção. O mais comum são ferimentos em membros inferiores, como pés, pernas, coxas e joelhos. Em caso de atropelamentos, em que as pessoas são ejetadas, há exemplos de traumatismo cranioencefálico leve, mas também há casos graves, principalmente quando a vítima não usa capacete.


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