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Estado de Minas

Com a chegada do frio, atraso na imunização contra a gripe em BH e interior preocupa

BH registra temperatura mais baixa do ano, marcando início do período crítico para doenças respiratórias. Especialista diz que campanha de vacinação deveria ter começado em abril


postado em 09/05/2015 06:00 / atualizado em 09/05/2015 07:44

Com ventos de forte intensidade, sensação térmica caiu em toda a capital, obrigando quem saiu pela manhã a retirar agasalhos dos armários. Baixas temperaturas tendem a se repetir no fim de semana(foto: Fotos: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)
Com ventos de forte intensidade, sensação térmica caiu em toda a capital, obrigando quem saiu pela manhã a retirar agasalhos dos armários. Baixas temperaturas tendem a se repetir no fim de semana (foto: Fotos: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)

Os moradores de Belo Horizonte foram surpreendidos ao acordar nessa sexta-feira com a temperatura mais baixa do ano na capital: os termômetros registraram 12,7 graus na Estação Meteorológica do Cercadinho, na Região Oeste da capital, e a previsão é de que o frio continue presente no fim de semana. A queda na temperatura e o tempo seco do outono coincidem com o aumento das doenças respiratórias e da busca por atendimento na rede de saúde. Um quadro que pode ser agravado este ano, já que o início da vacinação pública contra a gripe – dirigida principalmente a crianças menores de 5 anos, pessoas com mais de 60 anos e gestantes – foi adiado em uma semana em Belo Horizonte e em municípios do interior. Para piorar, especialistas alertam que a campanha, iniciada em nível nacional no dia 4, chegou atrasada. Como a vacina leva 30 dias para fazer efeito, o ideal seria iniciar a imunização no começo de abril, para que hoje os mais vulneráveis já estivessem protegidos.

Em Belo Horizonte, a vacinação começou há uma semana apenas para idosos acamados. A Secretaria Municipal de Saúde nega que tenham faltado doses e atribui o adiamento a uma decisão administrativa. Já no interior, em pleno período crítico cidades reclamam que não receberam quantidade suficiente da vacina contra a gripe para imunizar todo o público alvo e, quase uma semana depois do início da campanha nacional, ainda não começaram o trabalho. Com isso, especialistas acreditam que mais pessoas podem adoecer, sem acesso à proteção em um período já considerado delicado. Ontem, o Ministério da Saúde negou que haja falta de vacinas.

Em 2014, o mês de maio foi o que registrou o maior número de atendimentos por problemas respiratórios no Hospital Infantil João Paulo II, na capital, com 3.294 crianças. Em 2013, maio ficou em segundo lugar, perdendo para abril. São esses dois meses que, segundo o diretor do hospital, Luís Fernando Andrade de Carvalho, registram o pico de casos anualmente. “As condições climáticas de oscilação brusca de temperaturas e a redução da umidade atrapalham a hidratação das vias aéreas e favorecem a disseminação das doenças respiratórias, como pequenos resfriados e gripes”, diz o médico. Ainda segundo o diretor, crianças de até 4 anos são mais afetadas, por não terem a imunidade ideal. “A cada episódio viral, a gente vai criando imunidade”, explica o diretor do João Paulo II. Nos postos de saúde de BH, as doenças respiratórias aumentam os atendimentos em 30% entre abril e agosto, segundo a secretaria municipal.

Para evitar problemas, o presidente da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia Regional Minas Gerais, Roberto Souza Lima, explica que alguns cuidados podem ser tomados. “Limpar a mucosa nasal aplicando soro diariamente, para que as vias aéreas não fiquem obstruídas nem infeccionem é uma boa solução e não tem contraindicações. O uso de umidificadores de ambiente nesta época mais seca também é indicado, assim como manter a casa arejada para a circulação do ar”, diz o especialista. O médico indica a vacina contra a gripe para todas as pessoas – embora de forma gratuita a imunização só esteja disponível para o público mais vulnerável – e acredita que campanha nacional deveria ter começado em abril. “Começando agora, só lá pelo dia 10 de junho as pessoas estarão imunizadas, pois a vacina leva 30 dias para fazer efeito. Além disso, muita gente deixa para tomar no final do ciclo, o que atrasa ainda mais o início da proteção”, adverte o especialista.
O fato de a campanha ter atrasado em vários pontos de Minas, seja por falta de doses, seja por decisão administrativa, pode contribuir para agravar a situação. “Esse é mais um fator que vai contribuir para que o número de pessoas gripadas seja maior. Isso é perigoso, pois no caso de um idoso, a gripe pode evoluir para pneumonia e até levar  à morte”, completa o médico.

METEOROLOGIA

A temperatura deve continuar caindo no fim de semana em BH, segundo a previsão do tempo. Ontem, em alguns pontos da capital, a sensação térmica pode ter chegado a 4 graus, devido ao vento. “A massa de ar frio polar tem a característica de aumentar a velocidade do vento. Consequentemente, o frio fica mais intenso. Na Região Oeste de BH, a velocidade do vento chegou a 50 quilômetros por hora, em média. Em alguns momentos, a sensação térmica chegou a algo entre 3 e 4 graus na parte alta de Belo Horizonte”, explica o meteorologista Heriberto dos Anjos, do Centro de Climatologia Tempo Clima/PUC Minas. O dia foi de frio recorde também em Maria da Fé, no Sul de Minas, onde a temperatura foi de 6 graus, a mais baixa do estado no ano.

Na capital, a variação climática do fim de semana fica entre 12 e 26 graus, com perda de força da massa de ar frio polar a partir de segunda-feira, quando as variações devem ficar entre 14 e 27 graus. Ainda segundo o meteorologista, no fim de semana a ausência de nuvens vai baixar a umidade relativa do ar, que deve chegar a 40%. Na terça-feira, a previsão indica a possibilidade de chuvas, sendo que as regiões do Triângulo Mineiro e do Alto Paranaíba devem receber os maiores volumes de precipitação de Minas.

Vacine-se

Os 147 centros de saúde de Belo Horizonte funcionam hoje, das 8h às 17h, somente para aplicar a vacina contra a gripe. A imunização está disponível para idosos a partir dos 60 anos, crianças de 6 meses a 5 anos, gestantes e mulheres até 45 dias após o parto, doentes crônicos e outras condições clínicas especiais, indígenas, trabalhadores de saúde, detentos e funcionários do sistema prisional. Os demais públicos só encontram a proteção na rede privada. Na rede pública, hoje será o Dia D de Mobilização Nacional da Campanha de Vacinação Contra a Gripe. Na capital, a previsão é de que 590 mil pessoas sejam imunizadas. A vacina é trivalente e protege contra três vírus (H1N1, H3N2 e influenza B). Ela apresenta níveis de segurança de padrão internacional e estudos indicam que reações adversas são raras. Entre elas estão dor no local da injeção, vermelhidão e febre. Os sintomas, geralmente, desaparecem em 48 horas.


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