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Estado de Minas

Padre que desenvolve 30 projetos sociais ressalta importância de desapego e de ajudar pessoas

"Quando se escolhe o essencial, tudo fica melhor", ensina o padre pernambucano Airton Freira que lança livro em Belo Horizonte


postado em 26/04/2015 06:00 / atualizado em 27/04/2015 08:07

Padre foi titular da Paróquia Nossa Senhora Rainha no Bairro Belvedere(foto: Marcos Vieira/EM/D.A.Press)
Padre foi titular da Paróquia Nossa Senhora Rainha no Bairro Belvedere (foto: Marcos Vieira/EM/D.A.Press)
Ele mora numa casa simples, bem às portas do sertão de Pernambuco, e precisa de muito pouco para viver: um pote, mesa e cadeira, a cama e o baú. Mais do que isso, “só mesmo paz e saúde”, diz o padre Airton Freire, de 59 anos, que está em Minas para palestras, encontros comunitários e lançamento do livro Taipa, no qual fala de desapego e da busca do essencial. “Precisamos acabar com os acúmulos e encontrar a leveza, ocupando mais espaço no coração das pessoas. Excessos e riqueza causam preocupações, aumento do colesterol e doenças da alma, como depressão, desespero e suicídio”, ensina o fundador e presidente da Fundação Terra, entidade com parceiros em todo o país, incluindo Belo Horizonte, voltada para obras sociais, culturais e na área de saúde. O religioso pernambucano falou ontem sobre seu ideal de vida e projetos no auditório do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Minas Gerais (Crea-MG) e hoje visitará Ouro Preto.

Sempre sorridente e esbanjando carisma, padre Airton revela que o título Taipa, seu 96º livro, se refere à casa de barro coberta de palha onde vive há dois anos na zona rural de Arcoverde, a 256 quilômetros de Recife. “Antes, morei numa de pedra. Agora, estou numa casa sempre de portas abertas, em total liberdade. Já viajei por tantos lugares deste mundo e sei que agora encontrei o essencial. Este livro é um diário, conto histórias. Hoje posso ver, com calma, a Via Láctea, escutar os pássaros. É o despojamento”, afirma. Ele considera que está em uma fase muito produtiva da vida, tanto que, nos últimos meses, escreveu quatro livros.

Em Arcoverde, um dos principais serviços do religioso foi tirar centenas de famílias que viviam num lixão e dar dignidade, comida e encaminhamento na vida. Por meio da Fundação Terra, criada há mais de três décadas, o padre da diocese de Pesqueira (PE) desenvolve 30 projetos nas áreas social, cultural, de educação e saúde, tudo permeado pelo espírito de cidadania e sustentado por doações. Além de Arcoverde, a fundação atua em outros 13 municípios vizinhos, num total de 2 mil famílias de periferia.

CARGAS PESADAS


As palavras do padre Aírton jamais soam como autoajuda, muito menos cartilha do bem viver. Cada frase, na verdade, vem pontuada de experiências, emoções, sabedoria e conhecimento. “Nossas cargas são pesadas e podemos, aos poucos, retirar os acúmulos. Para começar, basta uma hora de silêncio, andar descalço ou se alimentar frugalmente num dia, apenas com pão e água. Além disso, é fundamental reservar um tempo para quem sempre nos deu tempo, conversar com as pessoas, ajudar quem precisa e se conciliar com o Altíssimo”, recomenda o padre, que esteve na noite da última quinta-feira na Igreja de Santo Inácio de Loyola, no Bairro Cidade Jardim, na Região Centro-Sul de BH, e concelebrou a missa das 19h com o pároco Fernando Lopes.

Ao chegar à igreja, o pernambucano, natural de São José do Egito, logo se viu rodeado de admiradores, afinal foi titular da Paróquia Nossa Senhora Rainha, no Bairro Belvedere, na Região Centro-Sul de BH. Ainda na entrada do templo, uma fila de homens e mulheres se formou para receber a bênção. “É uma pessoa do bem, inteligente e caridosa “, disse a professora aposentada Anny Ribeiro Pereira, moradora do Bairro de Lourdes, na Região Centro-Sul. A fotógrafa Mariângela Chiari também não poupou reverência, certa de que padre Airton “é um homem santo, um São Francisco do século 21”. Emocionada, a presidente do Instituto Padre Airton (IPA), um dos braços da Fundação Terra no estado, ressaltou que “os trabalhos conjuntos são muitos, tanto em obras sociais como na evangelização”.

A cada um que o cumprimentava, o religioso respondia com um sorriso, alegria e palavras de entendimento sobre os novos tempos. “Vivemos numa época de crise de identidade, de credibilidade. As relações não são mais estáveis, as pessoas vivem relacionamentos descartáveis, superficiais. Viver não é apenas trabalhar para pagar as contas no fim do mês”, lembrou o padre. Sempre atento ao cotidiano das grandes cidades, mesmo vivendo no sertão nordestino, ele destacou a importância de ter objetivos – um “para quê” na vida. Na sua avaliação, “esvaziar a lixeira” é ponto básico para ficar melhor: “A história de nossas vidas é feita de nossas escolhas. Quando se escolhe o essencial, tudo fica melhor, mais leve”, disse.


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