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Estado de Minas

Veja detalhes de problemas e soluções para viadutos da Avenida Pedro I

Consultoria indica que elevados da Avenida Pedro I apresentaram problemas de projeto. MP sugere monitoramento e diz que reparos vão custar R$ 1 milhão aos cofres públicos


postado em 18/04/2015 06:00 / atualizado em 18/04/2015 08:36

Guilherme Paranaíba e João Henrique do Vale


O relatório feito pela consultoria das empresas CGP e RCK para a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) em mais três viadutos da Pedro I indicou que todos os seis elevados construídos para o alargamento da avenida apresentaram erros de cálculo e estruturais. As intervenções sugeridas buscam adequar as construções à atualização de uma das regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), de acordo com o presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape/MG), Clémenceau Chiab. O estudo, apresentado ontem ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), sugeriu o monitoramento das estruturas. Segundo o promotor Eduardo Nepomuceno, da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público de BH, as obras nos elevados devem gerar custo extra de aproximadamente R$ 1 milhão aos cofres públicos.

A norma NBR 6118, que regula projetos de estruturas de concreto, teve atualização em 2014. Por  segurança e levando em consideração o histórico de desabamento de um viaduto e problemas em outros dois,  ajustes foram apontados com o objetivo de aumentar a durabilidade das estruturas.

O estudo para correções nos viadutos Oscar Niemeyer, Monte Castelo e João Samaha, que foi apresentado ontem a Nepomuceno, aponta ações que serão detalhadas nos próximos seis meses pelas próprias CGP e RCK, conforme o contrato celebrado com a PBH, segundo o chefe da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), Humberto Abreu. “O contrato que temos garante o detalhamento das ações. Depois, vamos chamar a Cowan e fazer os ajustes. Na hora em que forem apontadas as responsabilidades pelo inquérito civil, vamos cobrar o ressarcimento dos responsáveis”, diz Humberto Abreu.

Por meio de nota, a Sudecap, informou que a prefeitura avaliará a melhor forma de viabilizar a execução das intervenções. “Os projetos para as intervenções nos três elevados estão sendo desenvolvidos pela CGP e o prazo previsto para a conclusão é de 180 dias.”

De acordo com o relatório, os viadutos Oscar Niemeyer, Monte Castelo e João Samaha, além do Montese e Gil Nogueira, que também fazem parte do conjunto de estruturas da Pedro I, apresentaram erros de cálculo, além de outros problemas. O Batalha do Guararapes foi implodido. “Basicamente os erros apontados se referem a problemas estruturais, como armação e erros de cálculos, que, segundo o trabalho da consultoria, não comprometem a estrutura e a estabilidade, mas exigem as correções, para evitar fissuras nas estruturas dos viadutos e para aumentar a durabilidade das obras”, explica Nepomuceno.

A Sudecap vai contratar um projeto executivo que vai detalhar qual intervenção será feita em cada viaduto. Esse estudo deve ser feito pelas próprias empresas CGP e RCK, que fizeram a consultoria. “A obra (de correção) no Gil Nogueira foi orçada pela Sudecap em R$ 267 mil. Verificando caso a caso, dentro desse mesmo padrão, podemos dizer que esse valor seja um parâmetro para cada obra. Além disso, tem o valor da contratação dessa revisão, que foi de R$ 200 mil, então, temos um gasto extra de, aproximadamente, R$ 1 milhão, em razão de um serviço que foi malfeito”, afirma Nepomuceno. O MP informou que, futuramente, deve fazer uma análise técnica nos viadutos.

Histórico Todos os elevados construídos do zero pelas empresas Consol Engenheiros Consultores (projeto) e Construtora Cowan (obras) dentro da Meta 2 de implantação do BRT Antônio Carlos/Pedro I, denominada “Alargamento da Avenida Pedro I”, apresentaram problemas. A alça sul do Batalha dos Guararapes caiu em julho de 2014, matando duas pessoas e ferindo  23. O Montese se deslocou 27 centímetros e demorou nove meses para ser inaugurado. E o Gil Nogueira precisou de novos aparelhos de apoio por conta de erro no desenho do projeto.

O presidente do Ibape/MG, Clémenceau Chiabi, explica que, no geral, a atualização no ano passado da norma técnica 6118, da ABNT, fez com que os engenheiros que revisaram os projetos dos três últimos viadutos encontrassem divergências. “Quando houve essa verificação eles acharam diferenças de parâmetros de cálculos. Esse relatório da RCK não indica que está tudo caindo, muito pelo contrário. Ele indica que não existe risco, mas são adequações que eles entendem como necessárias”, afirma o especialista. Ele ainda avalia que as atitudes serão tomadas levando em consideração o histórico, pois a margem de segurança usada para os cálculos já considera pelo menos o dobro da capacidade de carga dos viadutos.

No caso do Oscar Niemeyer, que liga os bairros Santa Amélia e Itapoã pela Avenida Portugal, na Região da Pampulha, Chiabi explica que o relatório aponta uma possibilidade de trincas no encontro do viaduto com as estruturas de contenção em cada uma das extremidades com o passar do tempo. “O mais convencional é acrescentar vergalhões de aço e concreto, sem desmanchar o que já está feito, colocando mais por uma questão de durabilidade”, diz o engenheiro. Além disso, o projeto a ser detalhado nos próximos 180 dias deve apontar também uma solução para diminuir a vibração da estrutura e, consequentemente, aumentar o tempo sem a necessidade de manutenção.

O caso do João Samaha, que liga à Pedro I, no Bairro Planalto (Norte) à Rua João Samaha, no Bairro São João Batista (Venda Nova) é o mesmo do Oscar Niemeyer, no que diz respeito à vibração da estrutura. “A ideia é fazer reformas na estrutura para que ele vibre menos. Ele tem potencial de vibrar um pouco mais e se desgastar mais facilmente”, diz Clémenceau Chiabi. Por fim, no Monte Castelo, que liga dois pontos da rua de mesmo nome entre os bairros Itapoã e Santa Branca (Pampulha), a solução inicial é simplesmente monitorar o comportamento da estrutura, pois, segundo o presidente do Ibape/MG, o relatório fala em uma possibilidade de atrito lateral de estaca. “Não é que a estaca está inferior, o viaduto não cedeu nada. O relatório da RCK descreve que não há risco e sugere o monitoramento, pois houve diferença de critério de cálculo.”

A Sudecap, por meio de nota, informou que, no caso do Gil Nogueira, “a Consol concordou com a necessidade da intervenção sugerida pela CGP e RCK e se prontificou a detalhar a solução.” Entretanto, para os demais viadutos, o órgão declarou que “não houve tal concordância e a Consol afirma serem desnecessárias medidas corretivas.”

 

PROBLEMAS E SOLUÇÕES
Dados apresentados pelo MP com base no relatório das empresas CGP E RCK

Viaduto Monte Castelo

» Ausência de armação de fretagem na cabeça dos pilares
» Comprimento das estacas inferior
» Erro na memória de cálculo
» Armadura de casalhamento menor, com risco de fissuras no caixão
» Armadura de fretagem menor para a protensão
» Coeficiente de segurança nas estacas é menor que a norma NBR6122/2010


Sugestão
» Monitoramento contínuo de recalques ou prova de carga para comprovar eficiência das estacas

Viaduto B – Oscar Niemeyer
» Erro na memória de cálculo
» Comprimento das estacas inferior
» Bloco B1 com armação inferior, reduzindo o fator de segurança
» Encontro E1 com armação de flexão inferior
» Ausência de armação de fretagem na cabeça dos pilares
» Armadura de cisalhamento menor, com risco de aparecimento de fissuras
» Armadura de fretagem menor para a protensão
» Inconsistências no bloco B1 e estacas E1 e E3
» Necessidade de reforço estrutural no bloco B1

Sugestão
» Monitoramento de fissuras e contínuo de recalques do pilar P1, enquanto não realiza o reforço
» Realização de reforço estrutural com injeções de argamassa e medições de deslocamento no sentido fluxo.

João Samaha
» Necessidade de correção de cálculo
» Ausência de armação de fretagem dos pilares
» Sem armadura miníma nos encontros
» Aparelhos de apoio dos pilares P1, P2 e encontro E2 com esforços suspensos aos padrões
» Armadura de fretagem menor para a protensão

Sugestão

» Necessidade de reforço estrutural no primeiro e segundo vãos
» Vistoria e trocas dos aparelhos de apoio


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