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Estado de Minas

Com 115 mil caixas d'água, Pará de Minas tem ambiente propício para proliferação da dengue

Índice de infestação do Aedes aegypti é de 9,3%, o segundo maior de MG. Por causa da crise hídrica, cidade tem excesso de tanques, o que facilita a reprodução do mosquito


postado em 13/04/2015 06:00 / atualizado em 13/04/2015 06:54

Em Pará de Minas, onde população chegou a ficar sem água por até 12 dias, uso de todo tipo de vasilhame foi saída encontrada contra a crise(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press26/1/15)
Em Pará de Minas, onde população chegou a ficar sem água por até 12 dias, uso de todo tipo de vasilhame foi saída encontrada contra a crise (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press26/1/15)

Pará de Minas, na Região Centro-Oeste do estado, enfrentou vários meses de rodízio e racionamento de água e, por causa disso, a população procurou se prevenir comprando recipientes para armazenar água. Segundo o diretor de vigilância em saúde do município, Carlos Henrique Lara Lázaro Guilarducci, a cidade hoje tem mais caixas d’água que gente. O município tem 45 mil imóveis cadastrados, aproximadamente 90 mil habitantes e 115 mil caixas d’água. “Os moradores começaram a usar recipientes classificados pelo protocolo de dengue como A2. São aqueles reservatórios que ficam no solo, como as caixas, tonéis e tambores. A gente fez campanha para que a água armazenada seja renovada, mas nem sempre é. O ciclo do mosquito é de 10 a 12 dias, sendo ideal que a água seja trocada a cada 7 dias e que as caixas fiquem tampadas.” Segundo Guilarducci, agentes visitaram moradores que guardaram água por até 25 dias.

Ainda conforme o diretor, em bairros como Santos Dumont, Padre Libério e Valter Martins, na parte alta da cidade, faltou água até por 12 dias consecutivos e, por isso, foram registrados mais casos de reservas irregulares de água. “Não é proibido guardar água, é só fazer corretamente”, diz Guilarducci. A Prefeitura de Pará de Minas gastava, em média, 10 quilos de larvecida, lançado nas residências parainterromper a reprodução do Aedes aegypti, e nos últimos meses usou três vezes mais remédio.

INDICADORES O LirAa (Levantamento rápido do índice de infestação pelo Aedes aegypti ) é uma pesquisa amostral que aponta indicadores que permitem atuar de forma otimizada no combate aos focos do mosquito transmissor. Neste ano, 130 municípios de Minas fizeram o levantamento. O LirAa estabelece os números do Índice de Infestação Predial, relação do número de imóveis positivos para presença do mosquito pelo número de imóveis pesquisados. É considerado alto a partir de 4%, ou seja, a cada 100 imóveis pesquisados, 4 são positivos.


Com o resultado, é possível identificar municípios com alta infestação como Ituiutaba (10,7%), Pará de Minas (9,3%), São Sebastião do Paraíso (6,9%), Dores do Indiá (6,8%), Unaí (6.8%), Valadares (6,6%) e Bom Despacho (6,1%).
A psicóloga Heloísa Nascimento Silva é moradora de Dores do Indaiá, no Centro-Oeste mineiro, e teve dengue, em fevereiro, junto dos dois filhos. Enquanto ela acabava de passar pelos sintomas da doença, a menina, de 1 ano e 8 meses, e o garoto, de 7 anos, enfrentaram fase aguda na semana de 26 de fevereiro. As crianças ficaram internadas por quatro dias na Santa Casa da cidade, dividindo o mesmo quarto.

“Meu filho estava com 50 mil plaquetas, quando o indicado é entre 150 mil e 400 mil. Ele entrou em zona de alerta e a pediatra pediu para internar. Também estava com desidratação e febre alta. As plaquetas demoraram a subir. Minha filha entrou em desidratação muito grave, com muitos vômitos, diarreia e febre alta”, relata.
De acordo com a psicóloga o quadro da família não é isolado, porque em Dores, quem ainda não teve dengue pelo menos conhece alguém que teve. “É uma coisa geral. Às vezes se chega na Santa Casa e não tem nem lugar para sentar e tomar soro de tanto paciente com dengue”, relata.


A Prefeitura de Dores do Indaiá informou que a cidade recebeu o fumacê nos dois primeiros meses do ano, quando a infestação estava alta. Também foram contratados agentes de endemia para compor a equipe de combate à dengue. Moradores criaram um mapa on-line para denunciar coletivamente locais com potencial foco de dengue, o que também ajudou no combate. Este mês, a cidade conseguiu reduzir o número de registros.

REPELENTE Além de não deixar água parada, como prevenção contra o mosquito, Heloísa Nascimento conta que os moradores de Dores incluíram o uso de repelentes na rotina. A demanda é tão alta pelos produtos que chegou a faltar em farmácias da cidade. “A pediatra do meu filho indicou um repelente importado com duração de 10 horas e não consegui encontrar em Dores. Tive que buscar em Belo Horizonte. A farmácia daqui informou que não está conseguindo trazer tanto produto para a demanda”, contou a psicóloga.


Moradora do Barreiro, em BH, Nathália Fernanda vive com o marido e a filha de apenas um ano. Outros familiares dela já tiveram a doença e mãe teme que a criança também seja picada pelo Aedes aegypti. Ela também adotou o repelente para uso diário. “Meu tio já teve dengue quatro vezes. Tenho medo. Minha filha acorda e a primeira coisa que faço é passar repelente nela. Todo mundo passa. Aqui é cheio de pernilongos. Minha mãe colocou telas por toda a casa”, conta a estudante de direito.


De acordo com o gerente de zoonoses do Barreiro, Vitor Rodrigues Dias, o uso de repelente é eficaz como uma “medida individualista” porque evita a picada do mosquito. “Tem pessoas que usam o repelente, mas esquecem o pratinho cheio de água no quintal. Ela se protege, mas não torna o ambiente onde vive saudável”, conclui.


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