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Estado de Minas

Esgotos lançados em Vargem das Flores deixam a água imprópria para consumo humano

Estudos para implantação do Rodoanel revelam que a quantidade de esgotos lançados no manancial que abastece a Grande BH deixa a água com 57% a mais de coliformes termotolerantes do que o mínimo aceitável pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama)


postado em 12/04/2015 06:00 / atualizado em 12/04/2015 08:00

Vargem das Flores é usada como área de lazer, mas a água é inadequada para banho, devido à maior concentração de esgoto causada pela falta de chuva e consequente redução da vazão(foto: Beto Magalhães/EM/D A Press)
Vargem das Flores é usada como área de lazer, mas a água é inadequada para banho, devido à maior concentração de esgoto causada pela falta de chuva e consequente redução da vazão (foto: Beto Magalhães/EM/D A Press)
A falta de chuvas na Grande BH que obrigou o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) a declarar situação de escassez hídrica e restrição de consumo nos mananciais do Sistema Paraopeba (Rio Manso, Serra Azul e Vargem das Flores) revelou outro problema. Com menos água, a concentração de esgoto, que era diluída no reservatório de Vargem das Flores, se tornou maior, expondo a necessidade de captar dejetos lançados irregularmente por imóveis formalmente instalados e pelas invasões.


Segundo os levantamentos para a implantação do Rodoanel, a quantidade de coliformes termotolerantes, que são indicativo de lançamento de esgoto, é 57% maior do que o mínimo aceitável pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). Dessa forma, a água de Vargem das Flores se caracteriza como classe 3, ou seja, é imprópria para banho e consumo humano, só podendo ser aproveitada depois de tratamento convencional e até avançado.

Essa degradação obriga a Copasa a investir pesado no tratamento da água de Vargem das Flores, usada para abastecer a Grande BH. A ocupação de áreas de tributários do lago e a falta de saneamento são fenômenos que o especialista em análise ambiental e modelagens de sistemas ambientais Paulo Eduardo Borges classifica como estágio “incontrolável”, do ponto de vista de planejamento. “BH é um polo atrativo de comércio e de indústrias e, com isso, mais pessoas precisam habitar regiões próximas, restando a quem tem menos condições a aglomeração nessas periferias, que, apesar de precárias, têm ainda um sistema de transporte que permite trabalhar na cidade e morar distante a baixo custo”, avalia.

"Eu pescava aqui. Essas margens eram usadas para lazer da comunidade", diz Agnaldo José da Costa (foto: Euler Júnior/EM D A Press)
Um dos principais tributários do sistema Vargem das Flores é o Ribeirão Betim, que já está poluído antes mesmo de percorrer o centro da cidade, a quinta mais populosa cidade mineira. Entre os bairros Praia e Vista Alegre, por exemplo, a concentração de esgoto chega a ser 1.870% superior à permitida pelo Conama. “Eu pescava aqui. Essas margens eram usadas para lazer e encontro da comunidade. Hoje, além de tudo, o rio enche e traz lixo e esgoto para a porta das nossas casas. O descaso é grande e até a ponte já está toda rachada. A gente mora muito longe e por isso sofre aqui, esquecido”, reclama o proprietário de um ferro-velho à beira do Ribeirão Betim, Agnaldo José Costa, de 67.

No que diz respeito a esgoto, no entanto, o Córrego Brumado e o Ribeirão Vermelho, que percorrem fazendas e chacreamentos em Sabará, ainda não foram contaminados e apresentam qualidade boa, podendo ter contato humano com a água, que ainda pode ser consumida. Os dois rios passam próximo à porção final do Rodoanel, que fica na BR-381, em Ravena.

Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Semad), os planos de despoluição e de conservação de mananciais estão ainda em análise de prioridades com outros programas que haviam sido iniciados na gestão anterior,  e, por isso, não há ainda perspectiva de que os corpos d’água que serão cortados pelo Rodoanel sejam contemplados por medidas de despoluição.


SAIBA MAIS
Via para desafogar Anel Rodoviário

O Rodoanel Metropolitano Norte é um projeto de via duplicada com 66 quilômetros que conectará dois segmentos da BR-381 (saídas para Vitória e para São Paulo) e interligará oito municípios de Leste a Oeste da Grande BH (Betim, Contagem, Ribeirão das Neves, Pedro Leopoldo, São José da Lapa, Vespasiano, Santa Luiza e Sabará), contornando toda a área urbana da capital. Um dos principais impactos seria reduzir o transporte pesado no Anel Rodoviário. Com a nova rota, a previsão é de que uma viagem entre Betim e Ravena, por exemplo, seja reduzida de uma hora para 36 minutos, e de Betim a Confins, de 90 para 30 minutos. O tráfego estimado é de cerca de 70 mil veículos por dia. A vencedora da licitação foi a concessionária Rota do Horizonte, formada por Odebrecht TransPort (60%), EcoRodovias Infraestrutura e Logística (20%) e Barbosa Mello Participações e Investimentos (20%). O grupo seria responsável pela construção, manutenção e operação da via. O contrato de parceria público-privada teria duração de 30 anos, com investimentos de R$ 4 bilhões. A Setop analisa termos e investimentos e deve fazer alterações ainda neste semestre.


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