As preces das autoridades mineiras e da população foram atendidas em relação ao longo período de estiagem que o estado viveu. Nos últimos dois meses, choveu acima da média em Belo Horizonte, o que fez aumentar os níveis dos reservatórios da região metropolitana, que seguem em situações críticas. O acumulado de água que caiu na capital mineira neste período foi de 492 milímetros. O último registro com temporais acima da média em fevereiro e março foi há seis anos. Somente nesta segunda-feira, foram 29 milímetros em apenas 40 minutos, tempo suficiente para causar alagamentos, quedas de árvores, e prejuízos aos moradores. A previsão é que os temporais atinjam a região até, pelo menos, quarta-feira.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) até esta segunda-feira o acumulado de chuva em março já está em 228 milímetros, sendo que a média mensal é de 163,5 milímetros. Em fevereiro, choveu 40% acima da média histórica, que é de 188 milímetros. O volume acumulado foi o maior dos últimos 11 anos. Os temporais acima da média nestes dois períodos aconteceram pela última vez há seis anos. “Foi em 2009 último período em que dois meses tiveram valores acima da média. Na ocasião, fevereiro teve 215,8% de chuva e março 273,2%”, afirma o meteorologista Luiz Ladeia.
Nos próximos dias a previsão é de mais chuva. Uma frente fria que está atuando no litoral de São Paulo é que está causando a instabilidade. “Essa frente jogou umidade para o continente e formou áreas de instabilidade, principalmente, na Zona da Mata, Sul de Minas, e Central”, explica Luiz Ladeia.
A situação pode servir de ajuda para os reservatórios da Grande BH. O comparativo dos últimos dois meses mostra que os níveis dos mananciais tiveram aumento. O Sistema Paraopeba, responsável pelo abastecimento da região metropolitana, começou o ano em 33,3% de sua capacidade. Em fevereiro, caiu para 30,3% e em março deu um salto para 38,7%.
O sistema é composto por três reservatórios. O Rio Manso terminou fevereiro com 43% e hoje está com 52,7%. O Serra Azul foi o que mais aumentou de capacidade. Saiu de 9,1% no mês anterior para 14,8% em março. Já Vargem das Flores subiu de 29,9% para 39,1% até esse domingo, e teve uma leve queda nesta segunda-feira de 0,1%, apesar da chuva.
Mesmo com o aumento dos níveis dos reservatórios, a situação ainda é crítica. Em abril, a Grande BH deve voltar a passar por um período de estiagem, o que poderá comprometer ainda mais os mananciais.
Estragos nesta segunda-feira
Uma chuva forte atingiu Belo Horizonte no início da tarde desta segunda-feira. Acompanhada de raios e ventos, a precipitação durou cerca de 40 minutos, mas o foi o suficiente para derrubar árvores e complicar o trânsito nas regiões Central, Leste, Centro-Sul e Oeste. Na Praça da Liberdade, uma árvore de grande porte não suportou a força da chuva e caiu. Segundo a Defesa Civil de Belo Horizonte, houve risco de transbordamento na Avenida Bernardo Vasconcelos, na Região Nordeste da capital. Foram registradas quedas de granizo em alguns bairros.
O Corpo de Bombeiros foram acionados para fazer o corte de 17 árvores caídas em vias públicas e outras quatro que corriam o risco de cair. As ocorrências aconteceram na Rua dos Médicos, no Bairro Alípio de Melo, na Pampulha, em dois pontos da Avenida Afonso Pena, no Centro, na Rua José Mota Magalhães, no Bairro Santa Lúcia, Região Centro-Sul, Avenida Pedro II próximo ao Elevado Dona Helena Greco, na Rua Guarapari, no Santa Amélia, na Rua Carongola, entre as ruas Cristina e São Romão, na avenida Olegário Maciel, em frente à Assembleia, no Bairro Santo Agostinho, e na Avenida do Contorno, em frente ao Shopping Oiapoque, no Centro. O trânsito ficou congestionado por causa das quedas de árvores de o grande número de semáforos em flash. (Com informações de Luana Cruz e Rafael Passos)
Nesta manhã, a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) emitiu um alerta para a possibilidade de chuva com volume acumulado de 20 a 30 milímetros. Mais tarde, aumentou o percentual para 40 e 60 milímetros. O aviso vale até a madrugada de terça-feira. O órgão recomendou atenção redobrada para os moradores das regiões do Barreiro, Centro-Sul, Nordeste e Oeste.