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Estado de Minas

Obras intermináveis de tradicionais escolas estaduais em BH prejudicam estudantes

Com reformas de prédios históricos suspensas, alunos estudam em locais improvisados, muitos há quatro anos, e não têm previsão de voltar às origens


postado em 25/03/2015 06:00 / atualizado em 25/03/2015 07:03

Na Escola Barão de Macaúbas, operários estão de braços cruzados e dizem que construtora não vem recebendo. Maior parte da obra já estaria pronta(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Na Escola Barão de Macaúbas, operários estão de braços cruzados e dizem que construtora não vem recebendo. Maior parte da obra já estaria pronta (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

Alunos de tradicionais colégios da rede estadual de ensino de Belo Horizonte tombados pelo patrimônio histórico ainda não sabem por quanto tempo mais deverão continuar estudando em instalações improvisadas. Muitos deles foram desalojados de suas salas há quatro anos, devido a reformas iniciadas nos prédios históricos. No entanto, obras paradas e sem perspectiva de retomada transformam o futuro em uma incógnita. É o que ocorre em três unidades da Região Centro-Sul: a Escola Barão do Rio Branco, no Bairro Funcionários, a Escola Pandiá Calógeras, no Bairro Santo Agostinho, e o Colégio Estadual Central, em Lourdes. Os trabalhos também foram suspensos na Escola Barão de Macaúbas, no Bairro Floresta, na Região Leste.

Poucos meses antes da previsão estabelecida inicialmente para que as unidades fossem entregues à comunidade escolar, as obras foram suspensas. Sem um comunicado formal do governo de Minas sobre as razões da interrupção, funcionários acreditam que as reformas estejam paradas para que contratos e valores possam ser apurados e revistos. Enquanto não há uma resposta para a questão administrativa, alunos e professores enfrentam a rotina de aulas em locais improvisados e a cidade segue privada dos prédios históricos.

A paralisação da reforma desanima professores e alunos da Escola Estadual Barão do Rio Branco. Desde janeiro de 2011, os cerca de 1 mil alunos da unidade foram acomodados em salas adaptadas no Instituto de Educação de Minas Gerais (Iemg). A expectativa era de que as obras fossem entregues em julho deste ano. “Pensávamos que em agosto estaríamos em casa. Depois de quatro anos aqui, estávamos ansiosos para voltar para casa”, disse a professora Valéria Medeiro Severo.

Boa parte das salas que abrigam estudantes da Barão do Rio Branco fica no porão do Iemg, sem ventilação, já que, na maioria delas, não há janelas, apenas vidro. Quando chove, a água costuma alagar corredores que ficam um pouco abaixo do nível da rua. Na hora do recreio, o pátio mal comporta o número de estudantes, cerca de 500 por turno. “Estamos em um porão, muito mal instalados. Entra muita água e sofremos com o mofo. Isso atrapalha muito o nível do ensino”, disse a vice-diretora, Nazareth Mari.

Barão do Rio Branco: pátio está vazio, enquanto estudantes têm aulas nos porões do Instituto de Educação(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Barão do Rio Branco: pátio está vazio, enquanto estudantes têm aulas nos porões do Instituto de Educação (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

ABANDONO
Enquanto os alunos se apertam nas salas e não têm lugar adequado para recreação, o pátio da Barão do Rio Branco, sob a sombra de um frondoso fícus, está vazio, abandonado desde que a reforma do prédio foi paralisada. Em um dos cantos está largada uma das placas da obra do governo do estado. No informe que fica na fachada principal da escola, na Avenida Getúlio Vargas, dados sobre valores e prazo de término foram tampados. Na tarde de ontem, apenas seguranças trabalhavam na vigilância do prédio, para evitar que alguém entrasse, mas era possível ver, pelas frestas dos portões, que boa parte das instalações estava rebocada, mas sem pintura. Outro indício de que a retomada das obras pode demorar é que a Cemig desligou a energia elétrica na tarde de ontem. O custo da obra estava estimado em R$ 7,2 milhões.

Na Escola Estadual Barão de Macaúbas, no Bairro Floresta, operários também estavam de braços cruzados na tarde de ontem. Disseram que, somente esta semana, 22 colegas foram demitidos. “A construtora não recebe desde agosto do ano passado”, disse um dos funcionários, que usava camisa da empreiteira responsável, mas pediu para não ser identificado. Segundo ele, cerca de 90% da reforma está concluída. “Por dentro já está tudo pronto. Temos que terminar o acabamento da parte de fora, como pintura, muro e jardinagem. Mas como fazer sem dinheiro?”, questionou. Para sanar um problema estrutural detectado em 2013, foram estimados investimentos de R$ 3 milhões na reforma, que tinha duração prevista de 540 dias. Cerca de 1,1 mil alunos foram transferidos para um espaço da Escola Estadual Pedro Américo, no bairro vizinho de Santa Tereza.

Na Escola Estadual Pandiá Calógeras, no Bairro Santo Agostinho, Centro-Sul, a restauração estava dividida em duas etapas. A primeira começou no fim de janeiro de 2013. A previsão de conclusão era até julho do mesmo ano, mas o prazo foi estendido para o fim do ano passado. Os 1,6 mil estudantes estão em um prédio alugado, no mesmo bairro. No Colégio Estadual Central, o custo da reforma da Unidade 1 foi estimado em R$ 9 milhões. Os alunos foram realocados, mas os da Unidade 2 permanecem estudando no local. Todas as obras são acompanhadas pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) e pela Secretaria Municipal do Patrimônio Histórico. As intervenções estão a cargo do Departamento de Obras Públicas do Estado de Minas Gerais (Deop-MG).

O Estado de Minas procurou a Secretaria de Estado da Educação e a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas para questionar o motivo da suspensão das obras e a previsão de retomada dos serviços. Em nota conjunta, as pastas se limitaram a informar que “todos os empreendimentos a cargo do Deop foram paralisados no fim de 2014 pela administração anterior”. Acrescentaram que “o governo do estado conclui um amplo levantamento da situação físico-financeiro dos projetos e, após a aprovação do Orçamento de 2015, decidirá sobre a retomada das obras”.

O dever de casa de cada uma

» Escola Estadual Barão do Rio Branco
A escola se instalou no casarão neoclássico da Avenida Getúlio Vargas em 1914, oito anos depois de sua criação. Em julho de 2011, os alunos foram transferidos para o Instituto de Educação de Minas Gerais, mas as obras só começaram em janeiro de 2013. A previsão era de que fossem concluídas em julho deste ano. A reforma está orçada em R$ 7,2 milhões.

» Escola Estadual Barão de Macaúbas
Uma das escolas tradicionais do Bairro Floresta, foi criada em 7 de setembro de 1921 e instalada em um prédio de estilo neoclássico. As obras, de pouco mais de R$ 3 milhões, começaram em meados de 2012 e estavam previstas para terminar em fevereiro de 2014.

» Escola Estadual Pandiá Calógeras
Tombada em nível municipal. A reforma estava prevista para ocorrer em duas etapas: a primeira teve início em janeiro de 2013 e previa a restauração do telhado. A segunda teria como meta a recuperação estrutural. Cerca de 1,6 mil estudantes foram transferidos para um prédio alugado para permitir a obra.

» Colégio Estadual Central
Em 1898, o externato do Ginásio Mineiro foi transferido de Ouro Preto para Belo Horizonte. Em março de 1943, foi autorizado a funcionar como colégio, com a denominação de Colégio Estadual de Minas Gerais. Em março de 1956, passou a funcionar em Lourdes, com obras projetadas pelo arquiteto Oscar Niemeyer. A reforma teve início no primeiro semestre de 2013, orçada em R$ 9 milhões.


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