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Estado de Minas

Região Metropolitana de BH sente os reflexos da escassez de chuva que vem desde 2014

Especialista avalia que estrutura de captação na Grande BH precisa mudar


postado em 21/03/2015 06:00 / atualizado em 21/03/2015 07:10

Barragem do Sistema Serra Azul, que responde por 8% do abastecimento da Grande BH e enfrenta situação mais crítica: represa pode secar (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press 12/3/15)
Barragem do Sistema Serra Azul, que responde por 8% do abastecimento da Grande BH e enfrenta situação mais crítica: represa pode secar (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press 12/3/15)

A estiagem do último ano, sozinha, foi responsável por reduzir o nível dos reservatórios do Sistema Paraopeba, que abastece a Região Metropolitana de Belo Horizonte, em 22,6 pontos percentuais, baixando o volume de água de 68,7% para 46,1% da capacidade total. A trajetória de queda se manteve durante todo o ano, até a Copasa e o governo de Minas Gerais admitirem, em janeiro último, que seria preciso economizar 30% de toda a água consumida na Grande BH para evitar o colapso do abastecimento. Na segunda-feira, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH) aprovou a minuta que estabeleceu os critérios gerais para a definição do nível crítico dos reservatórios e pré-requisitos para restrição de uso da água. Pelo documento, sempre que os reservatórios de abastecimento público chegarem a 30% do volume útil fica configurada situação crítica de escassez hídrica. Diante desse quadro, podem ser iniciadas medidas de limitação de consumo previstas pela minuta e que são automáticas caso alguma represa chegue a 10% ou menos de seu volume. Entre elas estão a redução de 20% das outorgas para abastecimento humano e de gado, 30% da distribuição para indústrias e 25% da captação para irrigação.

Seguindo a tendência de esvaziamento dos reservatórios durante a estiagem nos últimos dois anos, a decretação automática de restrição de consumo se daria em maio no Sistema Serra Azul, responsável por 8% do abastecimento da Grande BH e que chegaria a 6,7% de seu volume útil no quinto mês do ano. A possibilidade de esgotamento da barragem chegou a ser admitida pelo secretário de estado de Planejamento, Helvécio Magalhães. Em fevereiro ele afirmou que, se não houvesse chuvas, contenção de vazamentos e economia de consumo, o reservatório iria secar.

Pelas últimas contas, Serra Azul ganhou dois meses de fôlego, mas a crise não foi solucionada, apenas retardada. “Essa é uma conta bem realista, que leva em consideração o clima e o nível de consumo dos dois últimos anos, e por isso mostra um resultado extremamente preocupante”, disse o especialista em recursos hídricos, Rafael Resck. Depois de um estudo feito por ele em conjunto com um engenheiro sanitário, a conclusão é de que os reservatórios da Grande BH são pequenos demais para um volume tão consistente de consumo quanto o da região. “A bacia de drenagem dos reservatórios da Grande BH, que é a área abrangida pelos corpos hídricos, é muito pequena. Com isso, as chuvas que incidem na região são pouco aproveitadas. Se usássemos rios maiores, com bacias de drenagem grandes, mesmo chuvas esparsas contribuiriam para um acúmulo mais significativo de água”, explica Resck. Ele considera que resolver isso só será possível com transposições e obras de longo prazo, como represamentos.

De acordo com a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), planos de captação de água diretamente do Rio Paraopeba para os sistemas Rio Manso e Serra Azul já foram entregues à Copasa e a empresa os analisa. A companhia estadual ainda não terminou o estudo de medidas de contenção de consumo que será submetido à Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae-MG).

Por enquanto, a Copasa tem adotado medidas como o combate ao desperdício que ocorre com vazamentos na rede distribuidora, além de reduzir a pressão de fornecimento de água durante o período noturno. Essa medida, porém, acaba por prejudicar o abastecimento de bairros mais altos e distantes.


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