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Estado de Minas

Vender bebida alcoólica para menor de idade agora dá cadeia

Em Belo Horizonte, 646 adolescentes foram flagrados bebendo no ano passado


postado em 19/03/2015 06:00 / atualizado em 19/03/2015 07:14

Pesquisa coordenada pelo médico Valdir Campos indicou que muitos bares de Belo Horizonte vendem bebida alcoólica para adolescentes(foto: Euler Junior/EM/D.A Press 26/6/09)
Pesquisa coordenada pelo médico Valdir Campos indicou que muitos bares de Belo Horizonte vendem bebida alcoólica para adolescentes (foto: Euler Junior/EM/D.A Press 26/6/09)
“Bar famoso não vende bebida para a a gente, mas boteco lero-lero vende direto”. “O que mais tem é ‘de menor’ entrando nas baladas com carteira de estudante falsificada. Se passar da portaria, lá dentro a bebida é liberada”. “Nos shows grandes, não pode beber, mas nos eventos menores é fácil conseguir”. A conversa informal com estudantes do ensino médio, na faixa de 16 anos a 18 anos, sentados em bares depois da aula, ainda uniformizados, mostra que não será uma tarefa simples fiscalizar o cumprimento da lei sancionada ontem pela presidente Dilma Rousseff. A partir de hoje, donos de bares, padarias ou supermercados que fornecerem bebida alcoólica a crianças ou adolescentes abaixo de 18 anos podem ser presos, além de pagar multa entre R$ 3 mil e R$ 10 mil.

Nada menos de 646 adolescentes foram flagrados bebendo pela equipe de 380 comissários do Juizado da Infância e da Juventude de Belo Horizonte, nas mais de 31 mil fiscalizações ocorridas ano passado. “Antes, ao fazer o flagrante do adolescente consumindo álcool, o comissário ligava para o pai e só liberava após assinatura de termo de responsabilidade. Agora, além de acionar os pais, vamos chamar a polícia para mandar prender o dono do estabelecimento. No momento em que ele for detido, o bar ficará interditado até o pagamento da multa”, compara Ângela Maria Xavier Muniz, coordenadora do comissariado.

Na lei antiga, o bar respondia apenas por contravenção penal. O proprietário sofria uma advertência e pagava multa. Com a nova legislação, corre o risco de pegar de dois a quatro anos de cadeia. A medida reforça o Estatuto da Criança e do Adolescente e pode ser estendida também a outros produtos que possam causar dependência física ou psicológica.”A legislação é bem vinda, porque temos mesmo de cuidar dos nossos jovens. O grande desafio será identificar nos caixas de supermercado a geração ‘leite em pó’, que parece ter 25 anos e na verdade tem apenas 15. Vamos ter de pedir a identidade para conferir”, afirma Adilson Rodrigues, superintendente da Associação Mineira de Supermercados. Hoje mesmo, a entidade fará comunicado interno alertando supermercados a treinar suas equipes.

Fernando Júnior, presidente da Associação de Bares e Restaurantes de BH, considera um exagero da lei determinar a prisão dos donos de estabelecimentos. “Se o pai entra no restaurante e pede uma cerveja para dividir com o filho, se passar o fiscal o dono do bar vai preso?”, afirma. Segundo ele, o setor já está se profissionalizando devido à enorme concorrência da noite em BH. “Na prática, a maioria dos bares já está dentro da lei”.

Estudo da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (UNIAD) da Unifesp, realizado em 100 estabelecimentos comerciais de Belo Horizonte, em 2012, revelou que os adolescentes foram bem sucedidos em comprar bebidas alcoólicas em 73% das vezes. As lojas de conveniência foram as que ofereceram maior resistência à venda de bebidas aos jovens, com 50% de recusa, seguidas de bares, restaurantes e supermercados, com índice de recusa na casa de 33%. As que menos rejeitaram a venda foram padarias e lanchonetes, com 11% e 12%. A idade dos adolescentes foi questionada em 31% das vezes e, em 18% das vezes, o documento de idade foi pedido. Entretanto, dos 32 atendentes que perguntaram a idade, 10 venderam após obter esta informação. Os grupos de pesquisadores eram formados por jovens com idades entre 14 a 17 anos. “Os jovens podem ficar bêbados com mais facilidade do que um adulto. Ele perde a capacidade de controlar a impulsividade característica da idade, que ficará aumentada pelos efeitos do álcool”, alerta o médico Valdir Ribeiro Campos, membro da Comissão de Controle do Tabagismo, Alcoolismo e Uso de Outras Drogas da Associação Médica de Minas Gerais.


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