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Estado de Minas

Estações do BRT/Move em BH são alvo frequente de vandalismo

Próximo de completar um ano, sistema Move exibe estações pichadas e depredadas, que expõem passageiros a riscos. BHTrans depende de licitações para melhorar a segurança


postado em 03/03/2015 06:00 / atualizado em 03/03/2015 07:37

Monitores que deveriam informar sobre chegada de ônibus estão inoperantes e só têm mensagem sobre punição para depredadores(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Monitores que deveriam informar sobre chegada de ônibus estão inoperantes e só têm mensagem sobre punição para depredadores (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)

O vandalismo é um dos principais problemas do BRT/Move, que completa um ano de operação dentro de cinco dias. Na segunda reportagem da série sobre o primeiro aniversário do mais novo sistema de transporte de massa de Belo Horizonte, a reportagem do Estado de Minas percorreu as 38 estações de transferência e as cinco estações de integração e constatou que a ação de vândalos provoca prejuízos e põe em risco a segurança dos usuários do transporte coletivo.

De acordo com o levantamento do EM, a situação mais grave é das estações de transferência, as plataformas para embarque e desembarque nos corredores. Nelas, 55 monitores que devem informar sobre a aproximação dos ônibus estão danificados e 209 portas estão com defeito (média de quatro por módulo), o que leva passageiros a pôr as cabeças fora da linha de segurança, expondo-se ao tráfego de ônibus. O combate a incêndio também é falho. Apenas 10 extintores e três mangueiras servem às estações por onde circulam 500 mil pessoas. A BHTrans culpa o vandalismo e afirma que procura contratar seguranças.

Sem ter como saber se os ônibus estão vindo, já que os monitores que informam sobre a aproximação dos veículos estão destruídos, resta aos passageiros se arriscar ultrapassando a linha de segurança pintada no chão. Eles se projetam além das portas enguiçadas, que ficam abertas, para ver se o coletivo de sua linha está chegando. Na noite da véspera do último Natal, um homem que não portava documentos acabou morto ao ter a cabeça atingida por um dos ônibus que passavam pela Estação São Francisco.

Os terminais mais atacados e em piores situações são as da Avenida Antônio Carlos. Na estação Operários, por exemplo, nenhuma das 16 portas automáticas funciona e por isso todas ficam abertas o dia todo. Na estação Hospital Belo Horizonte são oito portas abertas e apenas um dos oito monitores que informam sobre a aproximação dos ônibus ainda exibe informações das linhas.

Alguns passageiros se sentem desprotegidos nas estações. “Você vê depredações correndo soltas, pichadores agindo”, conta o aposentado, Lacy Marcelino da Silva, de 77 anos.

De acordo com funcionários do sistema e com a BHTrans, o vandalismo também afeta o combate a incêndios. Segundo levantamento feito pelo EM, dos 104 extintores previstos para os espaços percorridos, 78 (75%) desapareceram e 16 (15%) foram esvaziados, restando apenas 10 equipamentos ativos. Das 15 caixas metálicas para mangueiras de combate a incêndio detectadas nos espaços de embarque, desembarque e convivência, 12 (80%) estavam sem o equipamento.

Funcionária do sistema Move, a atendente de vendas Ana Paula Pereira dos Santos, de 38, é uma das servidoras que convivem com a destruição. Ela conta que pessoas mal intencionadas entram nos terminais do BRT, principalmente à noite, e esvaziam os extintores. “Tem dia em que a gente chega para trabalhar e a estação está toda suja de pó químico do equipamento. A maioria das estações está sem extintor por causa disso”, afirma.

As portas estragadas e sempre abertas, algumas por ação de vândalos, provocam ainda perdas com passagens. “Há quem aproveite para invadir a estação e pegar o BRT sem pagar. Muitos também pulam as catracas em plena luz do dia”, afirma a atendente. 

Confira a situação de vandalismo e roubos em cada estação (clique para ampliar)(foto: Arte EM)
Confira a situação de vandalismo e roubos em cada estação (clique para ampliar) (foto: Arte EM)


ATAQUES ACIMA DO ESPERADO


A BHTrans informou que a ação constante de vândalos surpreendeu a empresa. “Inicialmente, os estudos realizados no planejamento do sistema não indicavam a perspectiva de vandalização como tem acontecido. Previa-se que as atuações da Polícia Militar e da Guarda Municipal seriam suficientes para coibir eventual má utilização do sistema”, informou, por meio de nota. A empresa afirma também estar fazendo “um trabalho de conscientização junto aos usuários, sobre a importância da preservação do patrimônio público, por meio do sistema de som das estações e do Jornal do Ônibus”. O Centro de Operações da Prefeitura de BH também contribui para a fiscalização e monitoramento da operação nas estações.

Sobre a falta de vigilantes, a BHTrans informou que há uma licitação em andamento para a contratação de segurança para as estações, mas que está suspenso por mandado de segurança impetrado por um dos participantes. Na semana passada, o prefeito Marcio Lacerda (PSB) declarou que a prefeitura estuda contratar militares reformados para formar um corpo de segurança para as estações.

Quanto aos equipamentos de combate a incêndio e monitores, a BHTrans informou que só pode fazer aquisições por meio de licitações e que isso é um processo demorado. “Como exemplo, mais de 90% dos extintores de incêndio foram furtados ou descarregados por vandalismo desde o início da operação, e o custo da reposição e recarga será de cerca de R$ 7 mil.” A empresa contratada para limpeza e conservação interna das estações também tem feito, inclusive, a limpeza de pichações, além das atividades rotineiras, e o custo geral do contrato é de R$ 196 mil. Um processo de licitação em aberto para a limpeza externa das fachadas das estações vai incluir também a remoção das pichações por R$ 27 mil.

O Corpo de Bombeiros informou que vai averiguar a situação das estações e que, por se tratar de instalações públicas, pode fazer orientações sobre mudanças. Acrescentou que, em vistoria recente na Estação Pampulha, foram verificadas irregularidades e fixado prazo de 60 dias para que sejam sanadas e o espaço receba o Auto de Vistoria da corporação.


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