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Estado de Minas

Criada há seis meses, coluna Assim Vivemos mostra cotidiano de moradores de BH

Os mais variados personagens contam histórias que emocionam, fazem rir ou são exemplos de superação


postado em 22/02/2015 06:00 / atualizado em 22/02/2015 07:27

Sandra Kiefer

Ver galeria . 358 Fotos
"Minha vida mudou com a nova rotina de treinos. Encontrei no crossfit cura para dores e lesões. Nunca havia frequentado uma academia e até tinha preconceito com o ambiente de malhação. Antes eu pedalava, jogava bola, praticava remo e sempre vivia com dor. Depois de dois anos no crossfit, sinto-me forte, bem condicionado. Perdi 10 quilos de gordura e ganhei massa magra." - Lourenço Marquez, de 29 anos, empresário e morador de Belo Horizonte (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press )
Como vivemos em Belo Horizonte? Vivemos alegres ou, quem sabe, “meio nostálgicos, achando o presente sem sentido”, como definiu o psicanalista Evaristo, vasculhando antigos LPs no Edifício Maletta, na Região Central da cidade. Há quem tire uma hora e meia por dia para pensar sobre a vida, caso do senhor encontrado na Praça do Papa, imerso em pensamentos. Na outra ponta, há aqueles que não podem interromper o serviço por mais de cinco minutos, sob o risco de perder vidas, como o aflito motorista do Samu Flávio Fernandes, que vive na adrenalina e gosta de ajudar as pessoas.


Desde que começou a ser publicado o Assim vivemos, em agosto, foi possível perceber que o cotidiano dos moradores de Belo Horizonte é mais sutil, vanguardista e variado do que se imagina. Em seis meses da coluna, reproduzida na fan page do EM no Facebook e no Instagram, com cliques inspirados da equipe de fotografia, surgiram depoimentos que emocionam. Já outros são tão humildes que dão vontade de chorar, como o do gari Glauro, que retira as luvas da SLU para mostrar as mãos tremendo e o coração disparado: “Não sou muito de falar, não. Sou meio fechado. É que o mundo anda muito maldoso e violento. Às vezes, vou recolher o lixo na casa das pessoas e sou xingado”.

Há quem viva exclusivamente de vender palha italiana, como o doce José Alvim, de 63 anos. Ele pode ser visto dia e noite na Avenida Prudente de Morais trabalhando com dignidade para sustentar a família. “Vendo docinhos para ajudar na receita da casa. Não é hobby, diversão nem passatempo. É trabalho”, conta. Ele recebeu centenas de curtidas e compartilhamentos no Facebook. José Alvim é admirado pela disposição, sorriso franco e pelos oito anos ininterruptos de luta na Praça José Cavalini e na Prudente de Morais. Em relação à receita da palha italiana, faz uma revelação: “Não tem nenhum segredo especial. É amor mesmo”.

RECORDE DE COMENTÁRIOS Na capital mineira, é possível flagrar mulheres que trabalham como carteiras, porteiras e lixeiras. Há também aquelas que se recusam a depilar as axilas, desafiando as convenções e provocando recorde de comentários da seção. E há também homens barbados que usam batom e vestem maiô de bolinhas no evento da Praia da Estação, caso do ator e performer Ed Marte. Ele apareceu de soslaio na coluna da ambulante Denice, que afirmou gostar de conviver com os jovens da classe média para aprender. “A Denice é muito querida pelo povo da Praia. Ela tem um astral bacana e uma alegria que encanta”, elogia o artista, que já lotou um perfil no Facebook, com 5 mil amigos.


Basta ter olhos para enxergar o jovem André, de 25, com seu quipá, ajoelhado em direção a Meca em plena Praça da Liberdade. Convertido há dois anos ao islamismo, evita o contato com mulheres que não sejam da família, até pelo telefone. Por intermédio do Facebook, revela ter finalmente encontrado a paz interior. Em relação ao ato terrorista contra o semanário francês Charlie Hebdo, considera que “as charges de fato foram um ato de extremo desrespeito, mas o ataque foi uma reação abominável e injustificável”.


Não há regras para escolher quais personagens vão se destacar na multidão da metrópole. A beleza pode estar nas freiras paramentadas que não se importam em gentilmente conceder entrevistas, seguidas de modelos de salto alto que imploraram para não ser fotografadas. Na mesma página, pintam indígenas, a poderosa grafiteira Criolla e até um skatista de 35 anos, chamado de ‘tio’ pela galera mais nova do esporte.


A seção é inspirada no Humans of New York, que surgiu no verão de 2010 na metrópole nova-iorquina, com a intenção de criar um catálogo exaustivo de 10 mil moradores da Big Apple. Seu idealizador é Brandon, que assina só com o primeiro nome, sem apresentar idade ou sobrenome. É assim também que ele identifica as pessoas retratadas no blog, que já coleciona 8 milhões de seguidores e se multiplicou por diversas capitais, como Paris, Amsterdã, Roma e Teerã.
Com uma câmera na mão e um bloco de notas, Brandon capta flagrantes e histórias incríveis de anônimos da cidade. Até agora, já concluiu 5 mil perfis e diz ter conhecido algumas pessoas incríveis ao longo do caminho.


Acompanhe a coluna Assim vivemos no em.com, Instagram e Facebook

 

 


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