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Estado de Minas

Piscinas são transformadas em reservatórios de água de chuva em BH

Medida é adotada para economizar água tratada. Até as piscinas abandonadas estão sendo reformadas para servir de caixa d'água


postado em 10/02/2015 06:00 / atualizado em 10/02/2015 07:55

Professora Enilce de Mattos mostra sistema que capta água de chuva para encher a piscina de casa(foto: BETO MAGALHÃES/EM/D.A PRESS )
Professora Enilce de Mattos mostra sistema que capta água de chuva para encher a piscina de casa (foto: BETO MAGALHÃES/EM/D.A PRESS )

As piscinas estão ganhando outra utilidade em Belo Horizonte. Muitas estão virando reservatório de água de chuva. Até as abandonadas há vários anos, com rachaduras, recebem revestimento conhecido como “bolsão de vinil” para funcionar como caixa d’água. A venda do material cresceu 30% em uma fábrica do Bairro Goiânia B, na Região Nordeste, e a procura por capas de piscina aumentou 50%.

Toda a água da piscina da casa da bióloga e professora da UFMG Enilce de Mattos, no Bairro Bandeirantes, Região da Pampulha, que tem capacidade de 100 mil litros, é de chuva. O marido dela usou uma garrafa PET para servir de encaixe entre a calha que recolhe a água do telhado e a mangueira que vai até a piscina. Além de usado para nadar, o reservatório também fornece água para lavagem do chão e para aguar as plantas do jardim. Uma caixa subterrânea desativada há 10 anos será reutilizada para guardar a água eliminada.

Quando demora muito a chover, Enilce compra água de caminhão-pipa para completar o nível da piscina e economizar a água tratada, que custa R$ 8 o metro cúbico. Com o caminhão, ela paga R$ 300 por 16 mil litros, mas reclama que muitas vezes a água vem suja. Enilce também reutiliza a água da máquina de lavar na limpeza da casa. O carro dela não vai a um lava a jato há quatro meses e também depende da chuva para se manter limpo.

Quem também usa a piscina como reservatório é o aposentado Jésus de Brito, de 70, que mora no Bairro Cachoeirinha, Região Noroeste. Observando a chuva da janela, ele percebeu o tanto de água que descia do telhado e escorria para o ralo. Com dois pedaços de mangueira,  canalizou a água das calhas do telhado para a piscina de 27 mil litros: “Estou muito preocupado com a crise da água e vou colaborar. A ordem agora em minha casa é economizar água e luz”.

Jésus está tão animado que vai construir um reservatório nos fundos da casa para captar água da chuva de outra parte do telhado. “Se chove forte, uma noite inteira, consigo encher a piscina. Além de usar a piscina para nadar, usamos a água para lavar o chão e molhar as plantas”, disse. A meta é reduzir em 50% o consumo de água tratada fornecida pela Copasa.

Ex-funcionário da Cemig, Jésus sabe muito bem o que é economizar. Antes de captar água da chuva, ele já havia instalado aquecedor solar nos banheiros e sua conta de luz reduziu 40%. Como desperdiçava quase 10 litros de água fria até conseguir regular a temperatura do chuveiro solar, ele agora carrega baldes para o banheiro e usa o que apara no vaso sanitário. Mas a economia não para por aí. Ele conta que demora no máximo oito minutos no banho. “Ligo o chuveiro para molhar o corpo, desligo a água, passo sabão e depois ligo de novo para enxaguar. Tudo muito rápido”, ensina.

SUBTERRÂNEOS

Piscinas desativadas há muitos anos e com rachaduras estão transformadas em reservatório de água de chuva. O empresário Reginaldo Andrade dos Santos, de 36, é dono de fábrica de capas e piscinas de vinil no Bairro Goiânia B, na Região Nordeste de BH, e conta que aumentou a procura pelos “bolsões de vinil”, que reveste as paredes e o fundo da piscina com rachaduras e evita vazamentos.

Segundo Reginaldo, no passado eram comum reservatórios subterrâneos de água nas mansões da Pampulha, devido ao abastecimento precário. “Esses reservatórios ficaram abandonados por vários anos e trincaram. Agora, com a crise da água, eles estão sendo recuperados com os bolsões atóxicos. É como se fosse uma sacola gigante dentro do buraco com entrada e saída da água que é coletada da chuva”, explica o empresário.

Muitas mansões, segundo ele, têm mais de 200 metros quadrados de cobertura e muita água era desperdiçada antes. Ele recomenda descartar o líquido dos primeiros 10 minutos de chuva, depois de um período de estiagem, para retirar a sujeira acumulada nas telhas.


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