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Estado de Minas

Desde novembro, pelo menos 136 cidades de MG adotam alguma limitação de água

Enquanto Copasa adota medidas para economizar água na Grande BH, estimativa da Associação Mineira de Municípios indica que 136 cidades já tiveram de restringir gasto


postado em 23/01/2015 06:00 / atualizado em 23/01/2015 07:23

Luiz Ribeiro e Luana Cruz

Nível da barragem de São Domingo, em Francisco Sá, está crítico: cidade decretou estado de calamidade(foto: Rodrigo Silveira Fernandes/Divulgacao )
Nível da barragem de São Domingo, em Francisco Sá, está crítico: cidade decretou estado de calamidade (foto: Rodrigo Silveira Fernandes/Divulgacao )
Em pleno período chuvoso, multiplicam-se os problemas do abastecimento de água enfrentados por municípios de Minas Gerais por conta da estiagem prolongada. Antes mesmo de a Copasa adotar medidas de restrição de consumo e admitir possível racionamento na Grande BH, anunciados ontem, estimativa da Associação Mineira de Municípios (AMM) já aponta que, desde novembro, pelo menos 136 cidades do estado passaram a adotar alguma limitação do uso do recurso hídrico por causa da seca. Preocupada com a situação, a entidade anunciou que vai iniciar uma campanha para auxiliar os municípios no trabalho de orientação aos moradores para reduzir o consumo de água. As últimas duas cidades mineiras a restringir o gasto de água são Ewbank da Câmara, na Zona da Mata, e Lavras, no Sul do estado. Ontem, em Francisco Sá (Norte de Minas), o prefeito Denílson Silveira (PCdoB) assinou decreto de estado de calamidade pública no município devido à crise no abastecimento.

Segundo o coordenador do departamento de Meio Ambiente da AMM, Licínio Xavier, a entidade acompanha de perto as dificuldades enfrentadas pelas 136 cidades diante da crise hídrica. “São municípios que foram obrigados a impor alguma medida que afetou o abastecimento de água, seja o racionamento ou a suspensão do fornecimento em determinado período do dia ou da semana”, explicou Xavier. “Em anos anteriores, enfrentamos enchentes nesta época. O problema agora é a seca. A previsão é que a chuva que está por vir não será suficiente para recuperar os reservatórios ao ponto de regularizar o abastecimento. Poderemos ter um ano de flagelo”, acrescentou.

De acordo com Xavier, diante das previsões meteorológicas nada otimistas, a AMM se prepara para o pior e vai promover uma campanha educativa, com confecção de cartilha sobre o uso racional da água, a ser distribuída para as prefeituras, que deverão fazer o trabalho de orientação junto aos moradores. Na cartilha, explica, serão repassadas informações de medidas a serem adotadas pela população para reduzir o gasto do recurso hídrico, como não lavar carro e passeios, fechar a torneira enquanto estiver escovando os dentes e diminuir o tempo do banho.

Xavier lembra que a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que o gasto de água por indivíduo varia de 70 a 110 litros por dia. “Mas existem cidades em Minas onde não é feita cobrança de água que o consumo per capta é muito maior, exatamente porque não se paga pelo uso do recurso”, explica o representante da AMM, lembrando que a Copasa responde por 78% das cidades do estado, com os outros 22% ficando por conta de serviços municipais de água e esgoto.

Além de orientar os moradores para economizar, as prefeituras precisam de recursos para atender as comunidades atingidas pela seca. Esta é a grande preocupação da Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams), que representa 85 prefeituras do Norte de Minas, onde a escassez de chuvas – um problema histórico – se agravou nos últimos meses.

O presidente da Amams, César Emílio Lopes Oliveira, prefeito de Capitão Enéas, disse que está fazendo  levantamento sobre a falta d’água e os demais danos provocados pela estiagem prolongada na região. O objetivo é encaminhar um pedido de socorro aos governos estadual e federal. “Com números dos prejuízos em mãos, buscaremos ajuda dos governos para solução a curto prazo”, afirma Oliveira.

CALAMIDADE PÚBLICA Um dos municípios mais castigados pela estiagem prolongada no Norte de Minas é Francisco Sá, de 23,4 mil habitantes. A barragem do Rio São Domingos, que abastece a cidade, ontem, estava com 8,6% de sua capacidade, segundo a prefeitura. Em virtude do baixo volume do reservatório, desde o início deste mês, o fornecimento de água no município está racionado. Com isso, a cidade foi dividida em duas regiões. Cada uma delas recebe água em dias alternados pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE).

Devido à estiagem prolongada, foi decretado estado de emergência em Francisco Sá desde setembro passado. Ontem, o prefeito Denílson Silveira assinou o decreto de calamidade pública. “Chegamos numa situação de dificuldade extrema, e a prefeitura não tem recursos. Além aumentaram as despesas com a necessidade de levar água para quase toda população da zona rural”.

Rio Grande enfrenta baixo volume em seca prolongada(foto: Jornal de Lavras)
Rio Grande enfrenta baixo volume em seca prolongada (foto: Jornal de Lavras)
Alerta em Ewbank e Lavras

As dificuldades de abastecimento chegaram a mais duas cidades mineiras. Em Ewbank da Câmara, na Zona da Mata, alguns bairros ficaram quase 10 dias sem água. Em Lavras, no Sul do estado, a população enfrenta intermitências no fornecimento por causa do baixo nível dos rios onde é feita a captação.

A água fornecida em Ewbank da Câmara não é cobrada da população. A distribuição é de responsabilidade da prefeitura, mas por causa dos desperdícios e abusos a situação deve mudar em breve. O secretário de obras, Paulo José Quetz, explica o período de longa estiagem acabou com a "fartura" do recurso hídrico na cidade e são necessárias ações de remanejamento, porque os reservatórios baixaram muito. “Estamos construindo dois poços artesianos  para captar água e compensar o fornecimento”.

Em Lavras, a Copasa informou que o período de forte calor e poucas chuvas vem reduzindo os níveis dos ribeirões Água Limpa e Ribeirão Santa Cruz, que, juntamente com o Rio Grande, abastecem o município, provocando intermitências no abastecimento de água de algusns bairros da cidade. A companhia pede a colaboração dos moradores para a economia de água em casa.

EMERGÊNCIA Em Francisco Badaró, no Vale do Jequitinhonha, os moradores da área urbana estão recebendo água nas torneiras somente durante quatro dias da semana por causa da dificuldade de captação, por conta da estiagem. Por causa da seca, foi decretado estado de emergência no município no dia 14. Desde novembro, 26 cidades mineiras decretaram estado de emergência por conta da falta de chuvas. (LR / LC)


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