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Estado de Minas

Conduta dos apressadinhos no trânsito é comum e eleva risco de acidentes em BH

Motociclistas que avançam sinal vermelho pouco antes de ficar verde e condutores que passam no semáforo que acaba de fechar provocam alto risco de colisão e mortes


postado em 23/01/2015 06:00 / atualizado em 23/01/2015 08:14

Guilherme Paranaiba
 

Cruzamento da Rua Niquelina com a Avenida do Contorno: motos avançam sinal vermelho assim que o de pedestres pisca; carro passa sob semáforo que acaba de fechar (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)
Cruzamento da Rua Niquelina com a Avenida do Contorno: motos avançam sinal vermelho assim que o de pedestres pisca; carro passa sob semáforo que acaba de fechar (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)

Basta o semáforo de pedestres começar a piscar, avisando que o tempo para a travessia está chegando ao fim, para o ronco dos aceleradores tomar conta do cruzamento. Um ou dois segundos antes de o sinal ficar verde para os veículos, motociclistas já arrancam as motos. Embora não existam estatísticas específicas, essa conduta perigosa, que pode causar acidentes e mortes, é muito comum nos cruzamentos de Belo Horizonte e preocupa a BHTrans e especialistas.

O risco de colisão é grande quando um ou mais veículos, simultaneamente aos motociclistas do outro sinal, passam imediatamente após o semáforo ficar vermelho para eles na via transversal. Foi o que aconteceu na segunda-feira no cruzamento das ruas Cláudio Manoel e Rio Grande do Norte, na Savassi, Centro-Sul de BH. O piloto de uma moto não esperou o sinal abrir e a motorista de um carro não parou quando o semáforo fechou. Os dois ficaram feridos e os veículos foram destruídos pela batida. A BHTrans admite que a situação é preocupante, mas garante que o sistema funciona perfeitamente se as regras forem respeitadas, e responsabiliza os motoristas pelo risco.

A reportagem do EM percorreu 10 cruzamentos movimentados de BH e flagrou o abuso. O encontro da Rua Niquelina com a Avenida do Contorno, no Bairro Santa Efigênia, Leste de BH, foi o mais desrespeitado por motoqueiros e motoristas, tanto na arrancada antes da hora quanto no avanço do sinal que acaba de fechar.

Em um dos casos, um grupo de quatro motociclistas percebe que o sinal lateral de pedestres começou a piscar e acelera para sair da Rua Niquelina. O que está mais à frente alcança a faixa de pedestres antes de a luz verde aparecer e passa próximo a um caminhão que segue pela Contorno. “Eles arrancam antes da hora o tempo todo”, afirma a empresária Valdirene Soares, de 44 anos, dona de uma loja de material de construção na esquina. Ela conta que é muito comum ver acidentes no cruzamento, e uma das causas é o avanço de semáforo.

Pouco tempo depois, ocorre o contrário. Para os carros e motos, a passagem está liberada na Niquelina. Quando o sinal fica amarelo, é possível observar que duas motos na Contorno começam a acelerar. Um veículo passa no amarelo, outro carro passa já no vermelho e um terceiro também fura o sinal. As duas motos precisam ir devagar para evitar colisão. Os pedestres da Niquelina também precisam esperar para não serem atropelados.

O problema se repetiu em cruzamentos como o da Rua Rio Grande do Sul com a Avenida Amazonas, no Barro Preto, e o da Rua Professor Morais com a Avenida Getúlio Vargas, na Savassi. O supervisor de segurança Alexsandro Miguel Bernardo da Cruz, de 42, diz que o risco não é apenas de batida entre veículos. “Para o pedestre, é bem pior. Consigo fazer a travessia correndo quando percebo o perigo de arrancadas na hora errada. Mas e as pessoas idosas? Já vi um atropelamento por conta disso”, conta.

O supervisor também é motoqueiro e diz que arranca apenas com a luz verde. Mas outros motociclistas admitem o abuso. “É quase automático acelerar quando pisca o sinal de pedestres. Mas procuro conferir se o trânsito já parou na outra via”, admite o serralheiro Ronilson Marciano, de 23. “Acelero já sabendo que vai abrir e olho bem ao redor para saber se está tudo certo”, afirma o policial militar Robson da Silva, de 35.

Soluções

Para o professor da UFMG e especialista em engenharia de transportes, Ronaldo Guimarães Gouvêa, os condutores têm o dever de seguir as normas do semáforo, mas o poder público poderia, segundo ele, minimizar os problemas, aumentando um ou dois segundos no “vermelho total” ou “vermelho de limpeza”. “É o tempo em que os dois semáforos de um cruzamento ficam fechados ao mesmo tempo para um veículo atrasado completar a travessia sem riscos”, lembra. “O cronômetro regressivo funcionando apenas no sinal verde também é outra estratégia que poderia ser usada”, afirma o especialista.
O diretor de Sistema Viário da BHTrans, Edson Amorim, diz que a empresa investe em campanhas educativas relacionadas ao respeito à faixa de pedestres. Mas o principal é a mudança de conduta de motociclistas e motoristas: “É um comportamento inadequado. As pessoas têm que andar no trânsito de uma forma mais harmônica, mais tranquila e com mais gentileza”, diz.

Amorim sustenta ainda que não há ajustes a serem feitos nos semáforos para resolver o problema. Mesmo que a BHTrans deixasse, por exemplo, alguns segundos com o semáforo de pedestres e de veículos fechados juntos, os condutores se acostumariam com a nova realidade e desrespeitariam da mesma forma, na avaliação do diretor. Amorim acredita também que o sinal com cronômetro aumenta a ansiedade e causa a mesma reação. “Ele não pode passar enquanto o sinal não estiver verde para ele. Essa é a orientação básica das regras de trânsito”, alerta.

Veja flagras de apressadinhos:



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