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Estado de Minas

Depredação de equipamentos públicos gera gastos de R$ 2,1 mi em BH só neste ano

Depredação de equipamentos urbanos, como pontos de ônibus, radares e semáforos, gerou gastos de R$ 2,1 milhões com reforma e manutenção no primeiro semestre em BH


postado em 24/11/2014 06:00 / atualizado em 24/11/2014 07:13

(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS )
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS )

Dinheiro público que vai para o ralo. O gasto com a manutenção de equipamentos urbanos depredados é uma conta que não acaba em Belo Horizonte, mesmo com a vigilância da prefeitura. Placas de sinalização, semáforos, abrigos de pontos de ônibus, radares e lixeiras são alvos preferenciais de vândalos. No ano passado, cerca de R$ 4,2 milhões foram gastos pela administração municipal para substituir ou recuperar bens, incluindo os danificados por acidentes com veículos ou que precisam de manutenção. Até junho deste ano, a conta chegou a R$ 2,1 milhões.

Reportagem do Estado de Minas flagrou um ataque ao patrimônio público na quarta-feira, quando três adolescentes depredaram uma bicicleta de uso compartilhado do serviço Bike BH no cruzamento da Rua Alagoas com a Avenida Afonso Pena. Apesar do local movimentado, o mais novo dos três menores, que segurava uma garrafa pet com tíner, destruía o guidão e o banco da bicicleta.

A Serttel, empresa que administra o sistema, confirma o ataque às bikes, mas diz que as ocorrências são reduzidas. “Não temos evidências que podem caracterizar os casos como vandalismo”, afirma o diretor da empresa, Peter Cabral.

Basta uma volta pela capital para constatar a depredação. Em pontos de embarque e desembarque de ônibus são frequentes os casos de abrigos quebrados ou pichados. Dos 9,1 mil abrigos de BH, apenas 2,3 mil (25%) são cobertos. Segundo a BHTrans, estão em processo de licitação mais 1,3 mil abrigos para a cidade. Além da falta de conforto, os passageiros são prejudicados pelo ataque de vândalos que destroem 20 abrigos por mês, segundo a Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans). Mensalmente, são gastos R$ 300 mil em manutenção e reforma dos abrigos.

“É muito ruim encontrar um abrigo danificado, porque ficamos expostos ao sol e à chuva enquanto aguardamos o ônibus, o que é muito desconfortável”, reclamou o conferente de mercadoria Ademias Vieira da Silva, enquanto esperava o coletivo em um ponto no Anel Rodoviário, no Bairro São Francisco. O abrigo está com o teto quebrado e só tem banco em um lado. Sem a proteção para o sol forte, a auxiliar de produção Naiara Aline Gonçalves, de 26, usava uma sombrinha no mesmo ponto. “E ainda somos nós, cidadãos, que pagamos a conta”, protestou.

Lixo
Dar destinação correta ao lixo é outro sério problema em BH. Segundo a Superintendência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte (SLU), cerca de 20% das 21 mil lixeiras da capital precisam ser substituídas ou reformadas por causa do vandalismo todos os anos. São 4,2 mil novos equipamentos a cada 12 meses, com custo de R$ 230 mil.

“É por isso que tem tanto lixo espalhado pela cidade. Além de poucas lixeiras, as que existem são alvo de pessoas rebeldes, que não se preocupam com os outros”, diz o instalador de portas Amauri Dias Teixeira, de 29, em um ponto de ônibus da Avenida Cristiano Machado, no Bairro Sagrada Família, na Região Leste.

A lista de equipamentos depredados inclui ainda 23 semáforos em 2013, média de 1,9 por mês. Apenas no primeiro semestre deste ano foram 27 equipamentos, média de 4,5 por mês. O gasto, que no ano passado chegou a R$ 32,8 mil, já passou de R$ 25,8 mil somente no primeiro semestre de 2014. A conta com radares depredados também é alta. R$ 500 mil foram gastos com o conserto dos equipamentos de fiscalização eletrônica depredados entre janeiro de 2013 e junho deste ano. Em outra frente de manutenção, os reparos com placas danificadas consumiu R$ 72 mil no ano passado e R$ 39,1 mil no primeiro semestre de 2014.

Palavra de especialista
Jurema Rugani,
arquiteta e urbanista  

Sem vigilância e consciência

“O vandalismo repercute mal em todo o mundo, já que a cidade é um bem para todos, para o uso comum. Danificar um equipamento de uso da coletividade é ir contra esse princípio. Quem pratica vandalismo não se sente pertencente à cidade. Talvez até haja um distanciamento de fato, porque parte da população pode não ter acesso a esses sistemas, geralmente instalados em áreas de maior poder aquisitivo e menos periféricas. Mas faltam consciência coletiva da população e vigilância da administração pública. Essas ações quase sempre ocorrem à noite, quando a cidade está desguarnecida. Por isso, fica o questionamento: quem toma conta da cidade?”.

 


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