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Estado de Minas

Frequentadores da Pampulha cobram ações urgentes após confirmação de contágio das capivaras

Resultado de exames que atestam contágio de roedores por bactéria da febre maculosa


postado em 22/11/2014 06:00 / atualizado em 22/11/2014 07:32

Moradores como Tatiana Campos se queixam da demora para enfrentar a ameaça, que coloca em risco quem frequenta a orla(foto: Cristina Horta/EM/DA Press)
Moradores como Tatiana Campos se queixam da demora para enfrentar a ameaça, que coloca em risco quem frequenta a orla (foto: Cristina Horta/EM/DA Press)


Está nas mãos do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) o futuro das capivaras da Lagoa da Pampulha. Ainda faltam documentos e protocolos da Fundação Ezequiel Dias (Funed) e da Secretaria Municipal de Saúde para avaliação final e encaminhamento dos animais. O que já foi informado pela Funed é que 28 dos 46 roedores capturados para exames apresentaram sorologia positiva para a bactéria da febre maculosa, embora os resultados dos testes ainda não tenham sido apresentados oficialmente. A constatação não indica que os animais estejam doentes, mas atesta que eles tiveram contato com a bactéria.

A notícia não surpreendeu Tatiana Campos, de 38 anos, moradora da região. “Não é surpresa, por causa dos casos de febre maculosa em bairros próximos da lagoa. Mas fico ainda mais indignada com a demora para providências definitivas.” Para a empresária, com procedimentos “lentos e burocráticos” o poder público está colocando em risco milhares de moradores e frequentadores da região.

A professora Lilian Diniz, de 43, reconhece que o recolhimento para exames já é algum cuidado, mas lamenta ainda a presença de muitos animais na orla. “Já que o resultado é positivo, que existe o risco da doença, que todas as capivaras sejam removidas com urgência. Que sejam encaminhadas para um lugar mais apropriado”, considera. Ricardo Santana, de 60, não concorda. O empresário defende que a prefeitura cuide melhor dos roedores da orla. “As capivaras são uma atração a mais e devem ser respeitadas”.

O analista ambiental do Núcleo de Fauna Silvestre do Ibama, Junio Augusto Silva, afirma que está aguardando a oficialização da Secretaria de Saúde relativa aos laudos de cada capivara infectada. “Precisamos receber o laudo contendo resultados devidamente planilhados e ver as metodologias usadas. Assim, vamos emitir opinião de procedimentos a serem executados.”

O secretário de Meio Ambiente, Délio Malheiros, só vai se manifestar oficialmente após emissão de protocolo pela Vigilância em Saúde. Na quinta-feira, autoridades discutiram, em reunião no Ministério Público de Minas Gerais, os resultados dos exames. A conclusão é de que a orla da lagoa é um local inadequado para os roedores. Com a informação da sorologia, os trabalhos de remoção dos animais na Pampulha estão suspensos. As capivaras já recolhidas continuam isoladas, sendo tratadas e alimentadas.

Rosimeire Pereira, de 34, lamenta o resultado positivo. Diz-se triste e espera o melhor desdobramento possível para a situação. Ela e o filho, Alex Júnior, de 12, gostam de contemplar a beleza do lugar, mas, nos últimos tempos, com a proliferação do carrapato-estrela, já não se arriscam nos gramados da Avenida Otacílio Negrão de Lima. Outro admirador da lagoa, Kenis Gonçalves, de 30, espera o melhor para as capivaras. “Nada de sacrifício. Em outro ambiente elas podem não ser uma ameaça”, acredita. (Com Luana Cruz e Cristiane Silva)

Febre maculosa

Em fevereiro deste ano, laudo da Funed confirmou que a morte de um jovem de 20 anos, em Belo Horizonte, foi causada por febre maculosa, doença transmitida pelo carrapato-estrela. Familiares do estudante Samir Assi acreditam que ele foi contaminado após um passeio de bicicleta na orla da Lagoa da Pampulha, onde havia grande concentração de capivaras, animal hospedeiro e amplificador da bactéria causadora da febre. Em setembro, começou o trabalho de remoção das capivaras na orla pela empresa Equalis Ambiental. A Secretaria de Meio Ambiente ainda não divulgou balanço final da remoção, mas chega a quase 90 o número de animais recolhidos.

Temor é fundamentado

César Augusto Maximiano Estanislau - Professor de zoologia do Centro Universitário Newton Paiva

“Moradores e frequentadores da Lagoa da Pampulha têm razão em se mobilizar para a retirada das capivaras, porque, como estão, de fato elas representam um risco para a população. Como qualquer animal silvestre, a capivara carrega uma série de doenças com as quais não estamos acostumados. Estão sendo contaminadas por organismos que já estão na Lagoa da Pampulha. São vítimas do uso desordenado do solo por parte do ser humano. Sacrificá-las não é a solução para o problema. Elas precisam ser remanejadas para lugares mais apropriados, com acompanhamento responsável. Chegar a esse ponto, a esse nível de preocupação e ameaça, só confirma a falta de atenção do homem com o meio ambiente.”


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