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Estado de Minas

Franciscópolis tenta se recuperar depois de temporal e inundação

Volta da chuva à cidade de Franciscópolis, localizada em região mais conhecida pela estiagem, volta a espalhar pânico entre vítimas da tromba d'água que isolou município


postado em 13/11/2014 06:00 / atualizado em 13/11/2014 07:30

Márcia Maria Cruz
Enviada especial


Quatro pontes foram arrancadas pela água, deixando cidade ilhada. Uma das estruturas foi carregada por 200 metros. Sem acesso, prejuízos para a economia se alastram(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)
Quatro pontes foram arrancadas pela água, deixando cidade ilhada. Uma das estruturas foi carregada por 200 metros. Sem acesso, prejuízos para a economia se alastram (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)

Franciscópolis – Normalmente sinônimo de bonança para os moradores, os trovões chegaram despertando preocupação e pânico na tarde de ontem, quando a chuva retornou à cidade do Vale do Mucuri, distante 432 quilômetros de Belo Horizonte. Depois da tromba d’água que destruiu quatro pontes, alagou centenas de casas e desabrigou famílias, o maior medo era de que o atalho improvisado fosse inundado, deixando a cidade completamente ilhada. “A gente não sabe de onde veio aquela água. Parecia que o mundo estava acabando”, lembrou a assessora de gabinete da prefeitura, Marcélia Mangabeira.

Depois de decretar estado de emergência, o prefeito Edílson Alves dos Santos (PDT) deverá enviar à Defesa Civil estadual, na semana que vem, relatório com os danos causados pelas chuvas. Pretende também entregar uma cópia, em mãos, ao governador Alberto Pinto Coelho. “Cada ponte deverá custar de R$ 200 mil a R$ 250 mil. Estamos com quatro danificadas”, disse Marcélia Mangabeira. “Começamos a organizar o procedimento legal para conseguir os recursos. Pedi às secretarias e órgãos da prefeitura para fazerem levantamento dos danos ao meio ambiente, aos cidadãos e ao patrimônio público, especificando caso a caso”, afirmou o prefeito. A estimativa de gasto para recuperação dos prejuízos na cidade é de algo em torno de R$ 2 milhões.

A tromba d’água teve duração de duas horas, entre as 2h e 4h da madrugada, de domingo para segunda, deixando os moradores ilhados por pelo menos dez horas. Nesse período, não havia como entrar ou sair do município. A ponte principal, que dá acesso a Malacacheta, cidade mais próxima, a 18 quilômetros, foi uma das que cederam. A três quilômetros do Centro, a ponte de madeira que dá acesso ao distrito de Antônio Ferreira e ao povoado de Norete também foi levada pela força da inundação. Depois que água baixou, restos da estrutura, construída sobre cinco troncos de madeira de lei, foram encontrados a 200 metros da base. “Só as árvores impediram que os destroços descessem mais”, disse Marcélia.

Ao longo do leito do Rio Santa Cruz, os rastros da tragédia não deixavam a população de 5,8 mil habitantes esquecer o que ocorreu. Há 30 anos, a natureza havia sido bastante dura com a cidade, mas nem de longe provocou tamanha destruição. Na época, o município era distrito de Malacacheta e não havia tantas casas construídas.

Acostumados a enfrentar os efeitos de secas prolongadas, os moradores tiveram que criar estratégia para retirar quantidades enormes de lama do interior das casas. “Foram 24 horas de trabalho. Perdi guarda-roupa, cômoda, estante. Só não perdi a geladeira, porque quando a água já estava em 40 centímetros, conseguimos colocar em um local mais alto”, afirmou o lavrador Osmiro Pinheiro Macedo, de 44 anos.
No Centro foram dois pontos de alagamento, mas os estragos se estenderam à zona rural, onde propriedades exibem árvores dobradas, troncos arrancados e galhos retorcidos. O mato seco formou emaranhados contorcidos agarrados às cercas ou espalhados pelos pastos.

A cidade se ergueu ao longo da margem direita do Rio Santa Cruz, que ao transbordar danificou as pontes. No entanto, os moradores ainda não entendem de onde veio a água que alagou as casas no Centro, já que elas estão aproximadamente a 500 metros da margem do curso d’água e não há nenhum córrego que corte a região.

Já na área rural, o alagamento se deu pelo transbordamento do próprio Santa Cruz e do Córrego Coió. A força no encontro das águas dos dois cursos alagou a sede da Fazenda Dois Amores, destruindo o paiol, equipamentos e alimento do gado. O curral foi completamente arrasado e parte do gado só se salvou porque conseguiu fugir para partes mais altas. Mas animais como galinhas, cães e cavalos não tiveram a mesma sorte.

Com o recuo da água, além de toda a lama, ficou pela cidade um cheiro que beira o insuportável. Laticínios deixaram transportar leite, porque as estradas estão interditadas. “São muito os prejuízos para essas empresas. As crianças da área rural também estão sendo prejudicadas. Não têm como ir à aula”, afirmou o prefeito Edílson Alves dos Santos.

Na tarde de ontem, vários caminhões estavam parados na entrada da cidade, pois não conseguiam prosseguir para fazer o carregamento de granito, pedra cuja extração configura uma das principais atividades econômicas no município. A madeireira que fica próxima à margem do rio também perdeu grande parte da matéria-prima estocada em seus galpões.

Previsão

Belo Horizonte e região metropolitana terão temperaturas mais amenas e tempo chuvoso até amanhã, assimm como o interior do estado, por causa de frente fria que chega hoje a Minas, afetando o Triângulo, Oeste e Sul. Ontem, precipitações moderadas atingiram bairros da Grande BH, pegando muita gente de surpresa. De acordo com o meteorologista Ruibran dos Reis, do Instituto Climatempo, a frente fria vai avançar amanhã para as regiões Norte, Nordeste e vales do Jequitinhonha e Mucuri, onde fica Franciscópolis, causando chuva moderada no fim de semana. A previsão é de que, hoje, os termômetros na capital marquem mínima de 18 graus e máxima de 26. Previsão de chuva significativa na capital, somente a partir do dia 28, quando é esperada outra frente fria no estado.


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