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Estado de Minas

Fluxo de veículos e os riscos de acidentes aumentam nas rodovias estaduais entre Nova Era e Itabira

Estradas são usadas como atalho por quem quer escapar do trânsito da BR-381


postado em 09/11/2014 06:00 / atualizado em 09/11/2014 07:42

(foto: Beto Magalhães/EM DA Press)
(foto: Beto Magalhães/EM DA Press)
Itabira e Nova Era – Nas pistas estreitas, de curvas fechadas e sem acostamento, carros e caminhões tentam ganhar tempo, desrespeitando, trecho após trecho, as placas de alerta para situações de perigo e controle de velocidade. Essa é a situação nas MGs 120, 129 e 434, entre Nova Era e Itabira, protagonizada por motoristas que evitam trafegar pela BR-381, a Rodovia da Morte. Para fugir dos perigos da BR, esses condutores estão usando as MGs como atalho. As rodovias estaduais foram asfaltadas recentemente e isso atrai um grande número de motoristas, mas, como resultado de um tráfego inadequado ao projeto das vias, o trecho, que não figurava entre os 10 piores da região, registrou 16 mortes em 2013, se tornando o segundo mais mortífero de Minas, apesar de ter apenas 66 quilômetros de extensão.

A migração do tráfego da BR-381 para as estradas estaduais está se propagando na região do Vale do Aço, segundo a Polícia Militar Rodoviária (PMRv), responsável pela segurança das estradas estaduais. Entre 2012 e 2013, por exemplo, a região foi a campeã de acidentes na malha rodoviária estadual, com aumento de 8,5% no período, passando de 1.440 para 1.563 ocorrências. As mortes em desastres também acompanharam a tendência, subindo 9,3% no mesmo espaço de tempo, de 107 para 117 óbitos. A BR-381 segue como a rodovia federal mais violenta do estado, com registro de 72 mortes entre janeiro e julho deste ano, aumento de 14,5% se comparado aos 62 óbitos do mesmo período do ano passado. A segunda é a BR-040, com 58 mortes.

Viajar entre Nova Era e Itabira usando as MGs 120, 129 e 435 diminui em cinco quilômetros a viagem, que cai de 71 quilômetros pela BR-381 para 66 quilômetros pelas rodovias estaduais. Mas esta é a única vantagem, uma vez que as condições de tráfego nas vias administradas pelo DER são piores. A média de duas curvas por quilômetro da BR-381 é inferior, por exemplo, à da MG-120, onde há trechos com até 3,2 curvas a cada mil metros. Analisando também a sequência de curvas acentuadas, que representam risco maior para os condutores, comprova-se que o caminho pelas estaduais exige ainda mais de quem busca esse atalho. Enquanto o motorista que circula pela Rodovia da Morte enfrenta 21 curvas fechadas, nas MGs o número é quase três vezes pior, chegando a 61 curvas nessas condições. A velocidade na via federal é regulamentada entre 60km/h e 80km/h, enquanto no traçado que tem servido de opção há segmentos onde não se pode passar de 40km/h.

E não é só isso. Mesmo com o asfalto em piores condições de conservação, a BR-381 tem mais espaço para ultrapassagens seguras, com maior visibilidade, áreas de refúgio e terceiras faixas. Apesar do pavimento em melhor estado, as rodovias estaduais têm longos trechos sem acostamento, que se tornam ainda mais perigosos pelo fato de a pista terminar diretamente em valas de drenagem de águas pluviais e não contar com muitas áreas de ultrapassagens.

PERIGO REAL Para o engenheiro civil e especialista em transporte e trânsito Silvestre de Andrade Puty Filho, a situação é de extremo perigo. “O que mais preocupa é o uso de uma estrada de tráfego local, dimensionada para isso, como as MGs, como uma via de passagem, uma rodovia arterial. É o que experimentamos no Anel Rodoviário de Belo Horizonte, que era para ser rodovia e se transformou numa avenida carregada, com tráfego local e diversos acidentes e mortes” compara. Esse desvirtuamento das estradas estaduais traz vários problemas, na avaliação do especialista. “A geometria de uma rodovia como a BR-381 não permite curvas fechadas demais, mas numa estrada local isso não traz tantos problemas porque não há tantos conflitos. Um volume maior de veículos estatisticamente traz mais acidentes e mortes e é o que essas vias de tráfego local estão experimentando”, afirma.

De acordo com o chefe do policiamento rodoviário da 12ª Região Militar, responsável pela região do Vale do Aço, tenente-coronel Ronaldo Silva, a utilização dessas vias como alternativas à BR-381 trouxe o aumento de acidentes justamente num momento em que a corporação tem sua ação comprometida por conta do patrulhamento dos trechos urbanos da via federal que estão sob sua responsabilidade. “Cerca de 40% do nosso efetivo precisa policiar as áreas urbanas cortadas pela BR-381 em grandes cidades como João Monlevade, Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo”, afirma. Só nesses segmentos, que somam 21 quilômetros, foram registradas 10 mortes em 319 acidentes.

Uma das soluções para o problema é a duplicação da BR-381. Segundo informações do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), os nove trechos divididos em sete lotes da obra de ampliação deverão ser concluídos até 2017, sendo que alguns pontos podem ficar prontos no ano que vem. “Tendo à disposição uma via duplicada, sem conflitos para ultrapassagens, os motoristas deverão imediatamente abandonar essa improvisação que têm feito pelas rodovias estaduais”, avalia o engenheiro Silvestre Filho.


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