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Estado de Minas

Canadense inspira congresso sobre uso consciente da água em BH

Congresso sobre uso consciente dos recursos hídricos em BH conta com a inspiração de canadense de 23 anos, que desde os 6 ajuda a matar a sede de crianças em países da África


postado em 13/10/2014 00:12 / atualizado em 13/10/2014 07:16

Luciane Evans

 

Ryan Hreljac trouxe sua história para inspirar crianças e adultos, como os que ontem participaram da caminhada na Praça da Liberdade: 'A falta de água hoje é um problema global'(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press. )
Ryan Hreljac trouxe sua história para inspirar crianças e adultos, como os que ontem participaram da caminhada na Praça da Liberdade: 'A falta de água hoje é um problema global' (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press. )

Ele tinha apenas 6 anos quando descobriu, em sala de aula, que existia um mundo bem diferente daquele em que vivia no Canadá da década de 1990. Ryan Hreljac ouviu de uma professora que, na África, crianças andavam mais de cinco quilômetros para levar alguns litros de água para casa. Aquilo o marcou para sempre. “Não sabia o que essa distância significava e ela me disse para dar 5 mil passos, que saberia o quanto eles tinham que caminhar”, recorda. Ele imediatamente quis mudar essa realidade. Hoje, aos 23 anos, o jovem Ryan é conhecido como o homem que matou a sede de 500 mil africanos. Pela primeira vez no Brasil, ele está em Belo Horizonte com a intenção de despertar nas crianças de BH a mesma mobilização que teve na infância e que carrega até hoje.

Para isso, Ryan participa do 18º Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas e da 8ª Feira Nacional da Água, que vai de amanhã a sexta-feira, no Minascentro, na Região Centro-Sul de BH. Uma dos eventos programados é uma conversa entre Ryan e alunos da rede pública da capital. “Vou contar a eles minha história e mostrar que não é preciso ser Super-homem para mudar o mundo”, afirma o canadense, que chegou às 15h de sábado a Belo Horizonte e, ontem, participou da Caminhada pela água, a partir da Praça da Liberdade, com a intenção de chamar a atenção para a necessidade de consumo consciente.

Ele conta que, aos 6 anos, depois que soube da dificuldade africana, chegou em casa e pediu à mãe dinheiro para comprar um poço de água para as crianças do continente. A princípio, ele achava que 70 dólares canadenses (cerca de R$ 150 atualmente) seriam suficientes. “Soube que o valor deveria ser de 2 mil dólares canadenses (cerca de R$ 4,3 mil atualmente). Então, durante um ano, arrecadei dinheiro com os meus colegas da escola e vizinhos”, conta.

Ryan conseguiu juntar somente 700 dólares, mas mesmo assim foi à sede da WaterCan, uma ONG do Canadá que perfura poços na África, para entregar o dinheiro. A organização, comovida com a atitude do garoto, se comprometeu a dar o restante. Assim, em 1999, foi aberto um poço financiado em parte pelo canadense, em uma aldeia do Norte de Uganda, onde a água começou a jorrar perto de uma escola primária. Aos 10 anos, Ryan criou a fundação Ryan’sWell, que, atualmente, ajuda o continente africano e o Haiti.

(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press. )
(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press. )
Por ano, sua fundação arrecada 1 milhão de dólares canadenses, algo em torno de R$ 2,16 milhões. Nesses 13 anos de existência, a entidade conta com trabalho de 100 voluntários espalhados pelo mundo, além de receber doações de empresas e pessoas físicas. Já foram feitos 800 projetos para captação de água na África e no Haiti. “Temos projetos de aproveitamento de água da chuva, proteção vegetal e saneamento nas escolas. Uma coisa que percebi quando comecei a ajudar as crianças africanas era a falta de higiene que havia nas escolas, por isso, temos essa preocupação. Hoje, são 800 mil africanos e haitianos beneficiados. Cerca de 860 poços já foram feitos nessas regiões”, conta, dizendo viajar o mundo todo dando palestras e pedindo apoio à causa que abraçou na infância. “A falta de água que hoje acomete o Brasil é problema global. Por isso, temos que nos unir para mudar. A mudança não ocorre da noite para o dia, é preciso, primeiro, conscientizar”, diz.

CONGRESSO Esse é o incentivo que o jovem quer passar para as crianças belo-horizontinas. “A vinda dele tem o objetivo de incentivar novos Ryans por aqui”, comenta a gerente de Educação Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Cidinha Campos. Fã de Ryan, ela conta que o convite ao rapaz é uma forma de levar a cerca de 200 mil crianças boas histórias de consciência ambiental. “Vamos lançar esta semana o projeto de uso racional de água, que tem a intenção de dialogar sobre essa consciência”, diz.

Para os adultos, o congresso terá uma programação mais intensa. Com vários temas, que vão desde mineração e gás até hidrogeologia, o encontro traz discussões científicas e é realizado pela Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (Abas), que instalou a exposição gratuita Venha conhecer o fundo do poço – de onde vem a água que você bebe, na Praça da Liberdade. “Nem todos sabem, mas 97% da água consumível no planeta é subterrânea”, comenta o presidente da Abas/Minas, Carlos Aberto de Freitas, acrescentando que esse é um tema que tem que ser debatido pela sociedade.


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