Celina Aquino
Comer feijoada, ouvir samba e fazer uma boa ação. O almoço de domingo ocorreu em clima de solidariedade para os 500 convidados do Feijão Solidário, evento promovido anualmente pela Jornada Solidária, do Estado de Minas. Com um sabor ainda mais especial, por também celebrar os 50 anos do projeto social, o encontro realizado no Espaço Meet Porcão, em Belo Horizonte, foi embalado pela cantora Aline Calixto. O dinheiro arrecadado viabilizará a reforma de creches apadrinhadas.
“O Feijão Solidário é a prova de como a sociedade de Belo Horizonte atende ao nosso apelo. Fico emocionada de saber que o salão está cheio. Isso não tem preço”, destaca a presidente da Jornada Solidária, Nazareth Teixeira da Costa. Atualmente, 16 creches são beneficiadas e um abrigo para crianças em situação de risco social recebe R$ 12 mil por mês. Há 12 anos no comando do projeto, Nazareth diz que as cinco décadas são marcadas por credibilidade, transparência e muito trabalho para dar mais dignidade a quem precisa. O diretor-presidente dos Diários Associados, Álvaro Teixeira da Costa, lembra que a iniciativa começou com o seu pai, em 1964. “Naquela época, não se falava em responsabilidade social para empresas. A concepção era de que o papel era do governo.”
O cozinheiro Carlos Pita começou na sexta-feira a preparar mais de 300 quilos de comida para o almoço. De entrada, foram servidos vários petiscos mineiros, como pastel de angu e torresmo. Já a feijoada, separada em panelas de pedra por tipos de carnes, era acompanhada por arroz, farofa, couve e laranja. No tempero, não faltou amor. “Em um universo grande de chefs, principalmente em Belo Horizonte, é uma honra ser convidado para assinar o cardápio. Um pouquinho que posso doar é muito para quem precisa”, ressalta Pita, que sempre participou como convidado dos eventos da Jornada Solidária.
Nas mesas, chamavam a atenção os arranjos criados com páginas de jornal pela decoradora Olga Ullmann, da RD Design. “Poderia fazer uma decoração rica com orquídeas, mas prefiro que o valor vá para as crianças. Por isso, gosto de usar material sustentável”, justifica. Para produzir as flores de vários formatos diferentes, dispostas em painéis e vasos de papel, ela levou 45 dias. Realizada com o trabalho voluntário, Olga não abre mão de visitar as creches beneficiadas.
FOCO NAS CRIANÇAS Para o presidente do Hospital Mater Dei, Henrique Salvador, a iniciativa dos Diários Associados é muito importante para ajudar as crianças a ter acesso ao necessário para uma vida digna. “Participar do Feijão Solidário é uma maneira agradável de fazer com que um número grande de crianças sejam beneficiadas. Uma das funções das empresas é ter o compromisso com a inclusão social”, comenta. Até o fim do ano, as lojas da rede Bob’s na capital devem incentivar doações para a Jornada Solidária. O master franqueado em BH Mauro Bastos Pinhel explica que a ideia é arrecadar R$ 4 milhões em cinco anos com a ajuda dos clientes, que serão convidados a doar até R$ 1 de troco. “Todo empresário deve devolver à comunidade o que recebe ao longo do ano”, opina, ao lado da mulher e sócia Lílian Tereza Pinhel.
O show durante o Feijão Solidário teve um sabor especial para Aline Calixto: ela ficou satisfeita de poder doar sua arte. “O universo infantil sempre esteve presente na minha vida e procuro participar de tudo que envolve melhorar a vida das crianças”, explica. Aline trabalhou como professora de geografia antes de se tornar cantora. Já a aposentada Maria Thereza Calvo, de 72, disponibiliza seu tempo para todos os eventos da Jornada Solidária. A voluntária ficou responsável por receber os convidados. “Fiquei motivada a participar quando vi que o dinheiro era destinado para reformar creches. Não dou dinheiro, mas ajudo com o coração”, ressalta Maria Thereza, feliz ao pensar nas crianças que serão beneficiadas.
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É o mais antigo programa de responsabilidade social dos Diários Associados. Lançado em 1964, na época para distribuir sopa, o projeto cresceu, se transformou e hoje arrecada dinheiro para a reforma de instituições de apoio a crianças de até seis anos em Belo Horizonte. Desde 2005, quando a Jornada Solidária diminuiu o número de creches beneficiadas para que fosse possível dar uma contribuição mais significativa, 35 espaços foram totalmente reformados. Para este ano, está prevista a entrega de mais três e duas obras seguem em andamento. Além de viabilizar a reforma de piso, parede, banheiro, cozinha, telhado e o que mais for necessário, o dinheiro é usado para a criação de brinquedoteca e biblioteca.