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Estado de Minas

Seis pessoas são atropeladas por dia em BH

Campanha da Semana Nacional do Trânsito visa a proteção de quem anda a pé nas ruas de BH. Só de janeiro a agosto, 1,5 mil pessoas foram atingidas por carros e 62 delas não resistiram


postado em 19/09/2014 00:12 / atualizado em 19/09/2014 07:15

Pedro Ferreira

William Ferreira que perdeu o movimento das pernas em acidente participou do lançamento da campanha(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
William Ferreira que perdeu o movimento das pernas em acidente participou do lançamento da campanha (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)

Na Semana Nacional do Trânsito, que começou nessa quinta-feira e vai até o dia 25, um alerta: pelo menos seis pessoas são atropeladas por dia em Belo Horizonte. Os dados são do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), que, de janeiro a agosto, atendeu 9.539 vítimas de acidentes de trânsito em geral, das quais 1.529 foram atropeladas e 62 delas morreram durante o socorro. Em 2013, dos 14 mil atendimentos, 2.537 foram por atropelamento. Desses, 108 pacientes não sobreviveram. No total geral, foram 304 mortes por acidentes diversos em 2013. Os números são bem maiores, pois na pesquisa não constam os atendimentos e mortes em outros dois hospitais que recebem casos de urgência e emergência na capital, o Odilon Behrens e o Risoleta Neves.

O foco da campanha deste ano é o pedestre e equipes da BHTrans, além de dar palestras em escolas e empresas, estão nas ruas para orientar motoristas e transeuntes. As ações educativas no trânsito ocorrem o ano todo, segundo a empresa, mas é intensificada na Semana Nacional do Trânsito e tem envolvimento de outros setores, como DER-MG e Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MG). “A gente ensina que onde não há sinal semafórico, mas tem faixa de pedestre, a preferência é de quem está a pé, e não do carro”, esclarece o analista de gerência para educação no trânsito da BHTrans, Ronaro Ferreira. O último levantamento oficial de mortes por atropelamento na capital que a BHTrans tem é de 2012, quando houve 2.551 atropelamentos e 77 pessoas perderam a vida.

A maioria dos atropelamentos ocorre na Avenida Afonso Pena, mais precisamente na Praça Sete, onde há maior concentração de pedestres, segundo a BHTrans. Para tentar reduzir esse tipo de ocorrência, Ronaro disse que radares e detectores de avanço de sinal são instalados e faixas de pedestres ganham pintura nova. Hoje, a capital tem 66 radares de velocidade fixos e três móveis, 48 detectores de avanço de sinal, 11 para faixas exclusivas e dois para flagrar caminhões circulando em vias proibidas. Segundo a empresa, os atropelamentos caíram de 5.133 em1993, para 2.559 em 2012.

 “Estamos também aumentando o tempo dos sinais para pedestres”, disse Ronaro. Esta semana, 100 funcionários da BHTrans se dedicarão à educação no trânsito. Ontem, eles começaram o trabalho pela Avenida Alfredo Balena, na Região Hospitalar. Um carro acidentado foi levado para a Faculdade de Medicina da UFMG como alerta. Desenhos no chão representam o contorno de vítimas.

CELULAR
Ronaro esclarece que os motoristas não são os únicos responsáveis pelos atropelamentos. “O pedestre deve escolher um local seguro para atravessar a via, na faixa própria para ele, e não no meio dos carros. Devem obedecer ao semáforo, olhar para os dois lados sempre que atravessar. Também não devem caminhar pela rua, o que é comum perto de escolas, e não atravessar usando o telefone. O celular tira a atenção do motorista e do pedestre, seja para conversar ou passar mensagem”, alerta o educador de trânsito.

Os motoristas devem também colaborar para evitar acidentes: obedecer o semáforo, reduzir a velocidade quando houver aglomeração de pessoas, aumentar a atenção próximo a faixas de travessia e parar para o pedestre atravessar a rua onde não houver semáforo.

O auxiliar-administrativo Willian Ferreira de Jesus, de 42 anos, é cadeirante e considera que pedestres e motoristas não têm educação no trânsito. Ele perdeu os movimentos das pernas em 1998. Sofreu um acidente na MG-30, quando ia com 10 amigos de bicicleta para Nova Lima, na Grande BH. William pedalava pelo asfalto, perdeu o controle da bicicleta e caiu numa vala. As principais reclamações dele é que em Belo Horizonte os passeios são altos, as rampas de acesso são poucas e motoristas param em cima da faixa de pedestre ou estacionam bloqueando a passagem de cadeirantes.

Passarelas ignoradas


A gerente de educação para o trânsito do Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), Rosely Fontani, conta que não adianta fazer campanha de educação apenas nas estradas se a maioria dos atropelamentos ocorre nas confluências de rodovias com perímetros urbanos. “Às vezes, há passarela e o pedestre não a usa. Eles não respeitam os dispositivos de segurança. A passarela demanda um tempo maior para atravessar, mas é a forma mais segura.”
Os pedestres também não têm noção da velocidade dos carros nas estradas, segundo Rosely. Ela explica que a probabilidade de uma pessoa morrer atropelada por um veículo a 70km/h é de 100%. A uma velocidade de 50km/h, a vítima tem 60% de chance de sobreviver. A 30km/h, o risco de morrer é de 15%. “Por isso, a velocidade adotada nas estradas em perímetros urbanos é de 30km/h.”


A educadora de trânsito apresentou números do Ministério da Saúde: 46.051 pessoas morreram no país em 2012 vítimas do trânsito. Em 2011, foram 11.805 mortes por atropelamento. “A morte de pedestres no país diminuíram de 69,8%, em 1996, para 27.3%, em 2011. Por outro lado, os motociclistas mortos passaram de 4%, em 1996, para 33.9%, em 2011.”
Segundo o médico especialista em emergência do HPS João XXIII Marcelo Lopes Ribeiro, 50% dos acidentes de trânsito envolvem motociclistas. Ele conta que 30% das vítimas de acidentes no trânsito que chegam ao hospital têm fraturas expostas nas pernas e braços. “São fraturas de alta gravidade que produzem lesão muscular.” Ele diz que esse tipo de fratura produz uma toxina que atinge os rins e o paciente chega a ficar até dois anos na UTI.


Segundo o médico, os pacientes em estado mais grave são atropelados em vias de trânsito rápido, como Anel Rodoviária e Avenida Cristiano Machado. “Sofrem traumatismo da coluna e fica tetra ou paraplégicos. Na Região Central, os ferimentos são mais leves.” O especialista lembra que os atropelamentos são mais comuns nos últimos seis meses do ano, quando começa o período chuvoso. As pistas ficam escorregadias e os veículos derrapam mais. As férias escolares e as festas de fim de ano também atraem mais pessoas para as suas e há aumento desse tipo de acidente.

SEGURO
Levantamento da Seguradora Líder-DPVAT, administradora do Seguro DPVAT no Brasil, revela que a cada dia 370 pedestres são envolvidos em acidentes de trânsito no país. É o segundo tipo de vítima que mais recebe indenizações, levando em conta todas as três coberturas do Seguro DPVAT: morte, invalidez permanente e reembolso de despesas médicas. No primeiro semestre deste ano, foram pagas 7.806 indenizações por morte, média de 43 por dia. Das indenizações pagas por morte no mesmo período, 31% foram destinadas a acidentes envolvendo pedestres. Quando analisada a cobertura por invalidez permanente para o mesmo tipo de vítima, a seguradora registrou 20% do total dos casos, com mais de 50 mil indenizações.


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