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Estado de Minas

Sem viaduto, moradores de outros bairros que ficaram isolados defendem nova construção

Com a duplicação da Pedro I, retornos existentes foram extintos para dar prioridade aos ônibus do BRT. Vizinhos do estrutura que desabou não concordam com nova obra


postado em 17/09/2014 06:00 / atualizado em 17/09/2014 08:09

Enquanto remoção de entulho permanece, solução é contornar área interditada, mas fim dos trabalhos não vai acabar com os transtornos (foto: Leandro Couri/EM/D.a Press)
Enquanto remoção de entulho permanece, solução é contornar área interditada, mas fim dos trabalhos não vai acabar com os transtornos (foto: Leandro Couri/EM/D.a Press)

A liberação da Avenida Pedro I, em Belo Horizonte, com a demolição da alça norte do Viaduto Batalha dos Guararapes, embora aguardada com ansiedade por motoristas e moradores vizinhos, está longe de resolver os problemas de trânsito no local. O prefeito Marcio Lacerda (PSB) confirmou nessa terça-feira que ainda não há definição sobre a reconstrução do elevado e informou ter solicitado estudo à BHTrans para criar alternativas de tráfego na região dos bairros Planalto e São João Batista, que seriam ligados pela obra. “Esses viadutos foram projetados não só para facilitar a passagem dos ônibus, dos carros, mas também para fazer uma importante ligação entre duas regiões, isoladas uma da outra. Neste momento, nós não temos nenhum plano”, disse.

Segundo Marcio Lacerda, “qualquer providência exigiria muitos estudos, um novo projeto e nova definição de recursos”. “O que nós fizemos foi pedir à BHTrans que estude rapidamente alternativas para que a vida volte ao normal, sem a necessidade de construir, em curto prazo, um viaduto”, afirmou.

No domingo, a alça norte do viaduto foi implodida, sob o argumento de que apresentava os mesmos erros de engenharia da alça sul, que desabou antes de ser inaugurada, em julho. Desde então começaram os trabalhos de remoção de escombros, previstos para terminar no início da semana.

Para o professor Dimas Alberto Gazolla, do Departamento de Engenharia de Transportes da UFMG, o BRT/Move precisa ter prioridade na Pedro I. Segundo ele, o que deveria ter sido feito no local era um elevado seguindo o eixo da avenida. “Em vez de o viaduto cruzar a Pedro I, ele seria feito sobre o traçado da própria avenida. A Avenida General Olímpio Mourão Filho passaria por baixo dele, com as conversões necessárias, como ocorre no viaduto da Avenida Cristiano Machado sobre a Rua Jacuí (Região Nordeste de BH)”, compara o especialista.

O engenheiro de trânsito explica que a topografia na Pedro I ainda representaria uma vantagem. “O viaduto em linha reta ligaria a crista de um vale a outra e não precisaria ser muito alto. Atenderia tanto o BRT/Move quanto o fluxo das marginais da Pedro I, com custos bem menores”, afirmou.

Isolamento gera queixas

Com a duplicação da Pedro I, os retornos existentes na área foram extintos para dar prioridade aos ônibus do BRT/Move que circulam pela pista central. Só que, sem uma ligação entre os bairros, que ficam de lados opostos da avenida, motoristas estão gastando quase duas horas para transpor a Pedro I na região. Enquanto vizinhos do antigo viaduto ameaçam acionar a Justiça para impedir a construção de outra travessia, outros moradores, comerciantes dos dois bairros e até taxistas defendem a volta do viaduto ou a construção de um trincheira.

Antônio Vieira, de 43 anos, trabalha em um ponto de táxi do Bairro Planalto e conta que gastava sete minutos para atender clientes do outro lado da Pedro I, no São João Batista. Agora, ele disse gastar no mínimo 20 minutos para chegar à porta do cliente, pois o percurso aumentou em quatro quilômetros. “Estou deixando de atender clientes do outro lado, por não conseguir chegar em tempo hábil. A gente dá voltas por dentro dos bairros, o trânsito é intenso e as pessoas reclamam”, disse o taxista.

Dono de mercearia na Avenida General Olímpio Mourão Filho, no Planalto, Antônio Carlos Souza, de 54, reclama que não tem mais opção de acesso ao São João Batista. Ele pega a Rua Fernando Ferrari, paralela à Pedro I, sentido Venda Nova, entra na Pedro I, depois do ponto onde caiu o viaduto, e somente consegue fazer o retorno em frente ao Hospital Risoleta Neves, na altura da Avenida Vilarinho.

Outra opção é seguir sentido Pampulha, por dentro do Planalto, até chegar à Avenida Portugal, onde entra na Pedro I próximo à Estação BRT/Pampulha e segue no sentido Venda Nova. “Tenho muitos clientes que moram do lado de lá da Pedro I que deixaram de comprar comigo. A volta é muito grande. É uma questão moral construir outro viaduto. Os moradores dos prédios não querem, mas o prefeito não pode pensar só neles. E as pessoas que foram desapropriadas para construção do viaduto, que tiveram que ir morar longe, como elas ficam?”, reagiu o comerciante.

O empresário Denilson Ferreira Mendes, de 50, é dono de uma casa de festas no São João Batista. Ele reclama que, quando o trânsito está ruim, chega a gastar uma hora e meia para atender clientes do outro lado da avenida. Antes, demorava 15 minutos. Denilson também defende a construção de nova transposição no lugar do antigo viaduto. “Estou tendo que passar por dentro do Bairro Itapoã, que tem muitas ruas de mão única, o que dificulta. Se acabaram com os retornos e construíram viadutos para melhorar o fluxo na Pedro I, não adianta a prefeitura querer voltar com os retornos e os sinais de trânsito”, disse o comerciante.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)


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