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Estado de Minas

Proposta da década de 80 sobre teleférico no Parque das Mangabeiras volta à pauta

Debate sobre instalação de transporte por cabo aéreo no Parque das Mangabeiras, que se arrasta por três décadas, ganha força. Câmara estuda projeto de lei sobre o assunto


postado em 23/08/2014 06:00 / atualizado em 23/08/2014 07:18

Parque na década de 1980, quando foi inaugurado: projeto paisagístico de Burle Marx já previa instalação de teleférico. Defensores da ideia,querem que turistas desfrutem mais do verde abundante do local(foto: Sidney Lopes/EM - 2/5/87 )
Parque na década de 1980, quando foi inaugurado: projeto paisagístico de Burle Marx já previa instalação de teleférico. Defensores da ideia,querem que turistas desfrutem mais do verde abundante do local (foto: Sidney Lopes/EM - 2/5/87 )

A proposta de instalação de um teleférico no Parque das Mangabeiras, que começou a ser discutida na década de 1980, quando o parque foi inaugurado, volta à tona e está em pauta na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Um projeto de lei quer autorizar a prefeitura a “iniciar estudos de viabilidade técnica e operacional” sobre a implantação do equipamento, segundo o texto. O presidente da Fundação de Parques Municipais (FPM), Hugo Vilaça, acredita que a novidade atrairia mais visitantes ao local, inclusive turistas, mas afirma que antes de concretizá-la seria preciso avaliar o impacto ambiental. Ele avalia que o serviço poderia ser oferecido por meio de parceria público-privada (PPP).

O Projeto de Lei 956 de 2014, de autoria do vereador Joel Moreira Filho (PTC), é controverso. Na Câmara, ele recebeu pareces favoráveis da Comissão de Legislação e Justiça e, na terça-feira, da de Orçamento e Finanças Públicas, mas sua rejeição foi recomendada pela de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo. O relator, vereador Arnaldo Godoy (PT), alegou que em 2008 a prefeitura afirmou que a instalação do teleférico “não estava em pauta”. Além disso, Godoy ressaltou que o Executivo municipal “não precisa de autorização do Legislativo” para fazer os estudos de viabilidade do funcionamento do equipamento.

Na justificativa do projeto, que aguarda ser votado em primeiro turno no plenário, Moreira Filho escreveu que o intuito do projeto é melhorar a infraestrutura do parque para “aumentar o número de turistas, seu tempo de permanência e seu gasto médio” em BH. O vereador afirma que a capital se destaca como destino para “turismo de negócios”, mas que os visitantes com esse perfil costumam ficar na cidade apenas de segunda a sexta-feira. A novidade seria um motivo a mais para os viajantes esticarem a estadia até o fim de semana, diz o parlamentar. O teleférico poderia “aumentar a visibilidade da riqueza natural” da área de preservação ambiental.

(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press - 12/4/11)
(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press - 12/4/11)

TURISMO
Na prefeitura, não há em discussão nenhum projeto de instalação de um teleférico, segundo o presidente da FPM. “A ideia voltou à tona com esse projeto e é interessante. Se for bem concebido, pode atrair turistas e moradores. A população de BH não tem o hábito de frequentar os parques, se comparada com as de outros países”, analisa Vilaça. “O teleférico poderia descer a Serra do Curral até o Mangabeiras. Porém, antes, teríamos que fazer um estudo para avaliar o impacto ambiental”, ressalta.

“BH poderia ter um bondinho tipo o do Pão de Açúcar, no Rio”, sugere o músico Nirlando Barbosa. Com uma garrafa de suco nas mãos, ele acabava de chegar ao parque, onde planejava caminhar nas trilhas ecológicas dentro da mata, na companhia da mulher. Segundo Barbosa, além de incrementar o turismo, a chegada de um teleférico ajudaria a melhorar o acesso da população ao Parque das Mangabeiras, que estava ontem relativamente vazio.

O ideal seria que o serviço fosse implantado e mantido por uma empresa particular, por meio de parceria com a prefeitura, na opinião de Vilaça. “A manutenção do equipamento seria feita por uma empresa, encarregada principalmente de garantir que ele fosse seguro. Seria uma concessão, com contrapartida financeira para a fundação, que aplicaria os recursos nos próprios parques”, afirma. O presidente da FPM ainda sugere tornar o Parque das Mangabeiras um destino para quem curte aventura. “Poderíamos instalar tirolesa, escalada, para transformar em um polo de esportes radicais. Tudo isso requer estudos de viabilidade”, explica.

Independentemente de ser um ou outro equipamento (teleférico ou bondinho), penso que a ideia seria boa para incentivar o turismo neste parque, que é tão bonito - Leonardo Pieruccetti, engenheiro, que ontem foi passear no parque com o pai Edmundo, o filho Rafael, e a sobrinha Natália(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press )
Independentemente de ser um ou outro equipamento (teleférico ou bondinho), penso que a ideia seria boa para incentivar o turismo neste parque, que é tão bonito - Leonardo Pieruccetti, engenheiro, que ontem foi passear no parque com o pai Edmundo, o filho Rafael, e a sobrinha Natália (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press )

BURLE MARX
O projeto paisagístico do parque, elaborado por Burle Marx e sua equipe, já previa a instalação de um teleférico. Em 1999, a Empresa Municipal de Turismo de BH (Belotur) divulgou que havia contratado uma empresa especializada, a Werner Bredler Projetos de Teleféricos e Consultoria, que, ao custo de R$ 4.123, ficou encarregada de fazer estudos técnicos e planejar a implantação do aparelho, além de elaborar um anteprojeto do serviço. Na ocasião, ficou definido que os passeios partiriam de um estacionamento interno do parque, passariam pelo Mirante das Mangabeiras e terminariam em um ponto da Serra do Curral. A Belotur previa que o atrativo começasse a funcionar em setembro de 2000.

“Seria um teleférico ou um bondinho? O Parque das Mangabeiras parece alto demais para instalar um teleférico, com aquelas cadeirinhas”, questiona o engenheiro Edmundo Pieruccetti, de 69 anos, que tem a experiência de andar em teleféricos em Marrocos e em Petrópolis (RJ). Na tarde de ontem, ele chegava para passear no parque na companhia do filho, o também engenheiro Leonardo Pieruccetti, de 35, e dos netos, Rafael, de 4, e Natália, de 1. “Independentemente de ser um ou outro equipamento, penso que a ideia seria boa para incentivar o turismo neste parque, que é tão bonito”, comentou Leonardo, que custava a segurar o filho, aflito para brincar.

Quem mora em uma região como essa quer mais tranquilidade. Acredito que a instalação de um teleférico iria tirar a privacidade dos moradores - Kelly Cristina Gonçalves, advogada(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Quem mora em uma região como essa quer mais tranquilidade. Acredito que a instalação de um teleférico iria tirar a privacidade dos moradores - Kelly Cristina Gonçalves, advogada (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

Já a advogada Kelly Cristina Gonçalves, de 32, que levou o amigo italiano Agostinho Russo para conhecer o ponto turístico da cidade acredita que os moradores do bairro iriam se opor à chegada do teleférico. “Quem mora em uma região como essa quer mais tranquilidade. Acredito que a instalação de um teleférico iria tirar a privacidade dos moradores, além de tornar a região bem movimentada. Não sei se eles iriam gostar disso. Se fosse eu, não gostaria”, compara ela, que já morou em Nova Lima e, por razões profissionais, está vivendo em Itabirito. “Seria legal. Lá de cima, daria para ver toda a paisagem”, discordou o amigo italiano. (Colaborou Sandra Kiefer)

 


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