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Estado de Minas RAIVA ANIMAL

Minas fica sem previsão para vacinação antirrábica

Campanha deste ano está suspensa nos 853 municípios porque, segundo Ministério da Saúde, o fornecedor não consegue atender a demanda e não há data prevista para a regularização


postado em 19/08/2014 06:00 / atualizado em 19/08/2014 07:07

A médica veterinária Natália Carolina Eulálio decidiu não esperar pela campanha e vacinou a cadela vira-lata Gorda, que tirou do abandono(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
A médica veterinária Natália Carolina Eulálio decidiu não esperar pela campanha e vacinou a cadela vira-lata Gorda, que tirou do abandono (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)


A campanha de vacinação antirrábica animal está suspensa nos 853 municípios mineiros e não há previsão de quando a imunização estará disponível. O Ministério da Saúde, responsável pela compra e distribuição das doses para os estados da federação, informou que o laboratório fornecedor não teve condição de atender a demanda e, por isso, foi necessário alterar o cronograma de entrega do produto. A raiva é uma doença infecciosa causada por um vírus que ataca os nervos periféricos de animais e seres humanos. O vírus se instala no sistema nervoso central e nas glândulas salivares, onde se multiplica.

Em Minas, mais de 3,3 milhões de cães e gatos podem ficar sem imunização este ano, o que aumenta o risco de contágio também das pessoas. Há confirmação de dois casos de raiva humana no estado. Em 2003, em Serra Azul de Minas, no Alto Jequitinhonha, foi confirmada uma morte com transmissão por cachorro. Em 2012, outro caso de raiva humana, em Rio Casca, na Zona da Mata, com transmissão por morcego. Em 2012, um cão morreu no Triângulo com diagnóstico de raiva animal.

A auxiliar administrativo Marta Maria Gomes da Silva, de 49 anos, moradora do Bairro Santa Tereza, na Região Leste de BH, está preocupada com a saúde do seu poodle Shed, de 4 anos. Ela não tem condição de pagar R$ 35 por uma aplicação em clínica veterinária particular. “Com R$ 35, pago o leite do mês para toda a família”, disse. Se não houver a campanha até novembro, ela pretende fazer ajustes nas contas domésticas para garantir a saúde do cão e da família.

No ano passado, 2,9 milhões de cães e mais de 408 mil gatos foram imunizados em Minas. A população canina teve cobertura vacinal de 96% e a felina, de 97%. Em Belo Horizonte, a campanha deste ano estava prevista para setembro, mas a expectativa do ministério é que os estoques sejam regularizados a partir de novembro, mas sem data definida. As doses serão distribuídas aos estados de acordo com os critérios epidemiológicos, mantendo a prioridade para locais com risco iminente de transmissão da raiva canina e felina e áreas de difícil acesso da Região Amazônica e de fronteiras com Bolívia e Paraguai.

Enquanto a situação não é regularizada, a Diretoria de Vigilância Ambiental da Secretaria de Estado da Saúde (SES), que faz o repasse da vacina para o interior, recomenda aos municípios intensificar outras ações de vigilância do Programa de Controle da Raiva. A SES informou que tem vacina antirrábica animal somente para situações de emergência, ou seja, para casos positivos da doença.

Em BH, são 275 mil cães e 54,9 gatos, conforme o censo animal do ano passado. A estimativa é que 10% da população esteja abandonada nas ruas. Na campanha de 2013 foram vacinados na capital 172,9 mil cães e 21,9 mil gatos acima de quatro meses de idade. As 215 mil doses recebidas na campanha do ano passado acabaram em julho e o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) só recebeu outras 600 doses. A vacinação gratuita é no Centro de Controle de Zoonoses (Rua Edna Quintel, 173 – Bairro São Bernardo), mediante disponibilidade. Desde 1989 não há em BH casos de raiva animal doméstico e desde 1984 não há registro de contaminação em humanos.

AGRESSÃO

A Secretaria Municipal de Saúde de BH pede para que seja notificada qualquer suspeita de raiva animal ou humana em 24 horas. O animal deve ser isolado. “Em caso de agressão por cães, gatos ou outro animal, a pessoa exposta deve lavar o ferimento com água e sabão e procurar logo assistência médica”, pede a secretaria. Outra medida é monitorar a circulação viral enviando amostras da população canina para diagnóstico laboratorial da raiva.

A médica veterinária Natália Carolina Eulálio trabalha em um Pronto-Socorro Veterinário no Bairro Floresta, Região Leste, e já vacinou a vira-lata Gorda, abandonada pelo dono há três anos. “Muita gente só lembra de vacinar o animal quando há campanha.” Ela conta que já houve suspensão da imunização por dois anos. O auxiliar administrativo Welison Soaes, de 26, também não espera para vacinar seu vira-lata Bidu. “Vacino em clínica particular.”

A Secretaria Municipal de Saúde de Manhuaçu, na Zona da Mata, estava com a campanha preparada quando houve a suspensão. “Nossa orientação é que os donos de animais façam a compra da vacina. Por outro lado, vamos entrar em contato com o Ministério Público Estadual para que a Vigilância Sanitária faça vistoria em todos os locais que comercializam a vacina. Os estabelecimentos que estiverem dentro das normas terão seus nomes publicados na imprensa local”, disse a coordenadora de Vigilância Ambiental de Manhuaçu, Emilce Estanislau.


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