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Estado de Minas

Polícia Civil descarta parecer técnico encomendado pela Cowan

Investigação confirma que afundamento de pilar causou desabamento da alça Sul


postado em 26/07/2014 06:00 / atualizado em 26/07/2014 07:25

Alça sul do elevado desabou no dia 3, matou duas pessoas e deixou 23 feridas(foto: EULER JÚNIOR/EM.D.A PRESS )
Alça sul do elevado desabou no dia 3, matou duas pessoas e deixou 23 feridas (foto: EULER JÚNIOR/EM.D.A PRESS )

A Polícia Civil confirmou nessa sexta-feira que a alça sul do Viaduto Batalha dos Guararapes, na Avenida Pedro I, caiu porque um bloco de fundação se rompeu, fazendo o pilar afundar e levar junto duas das 10 estacas sob essa estrutura. Essa é a única conclusão da perícia criminal até agora, segundo o delegado Hugo e Silva, que investiga o caso, e o perito Marco Antônio Paiva, da Seção Técnica de Engenharia Legal do Instituto de Criminalística. A constatação parcial corresponde a uma parte do laudo encomendado pela Construtora Cowan, responsável pela obra, que atribui o desabamento a erros de cálculo do projeto executivo, feito pela Consol Engenheiros Consultores. Mas a polícia diz que esse parecer não será usado na investigação. A causa do incidente será apontada pela perícia oficial, que ainda não tem data de conclusão.

A investigação trabalha com duas hipóteses para a queda. “Pode ter ocorrido por erros de cálculo do projeto executivo ou por falha da construtora, ao pôr uma carga excessiva na cabeça do pilar que
afundou. Algo pode ter produzido um efeito abrupto sobre o pilar, que acolheu excesso de carga”, afirmou o perito. O projeto da obra está sendo refeito pela investigação. Segundo o perito, essa medida não foi motivada pelo laudo apresentado pela Cowan, que será desconsiderado na conclusão da perícia. “Devemos manter a isenção. Não fizemos uma análise detalhada desse material, até para não interferir em nossa análise. É uma prova produzida por uma das partes, não podemos nos deixar levar por ela”, ressaltou.

O laudo da Cowan afirma que o bloco que caiu foi projetado como rígido, o que fez a quantidade de aço calculada para sua composição ser inferior ao ideal. A construtora alega que o bloco deveria ter sido flexível, o que exigiria mais ferragens para evitar que a estrutura se flexionasse, torcesse ou rompesse sob o peso do pilar. Paiva confirma que o bloco foi concebido como rígido, mas, por enquanto, não tem condições de avaliar se essa foi uma escolha errada.

As circunstâncias do desabamento serão reveladas apenas quando a área onde está o pilar afundado for escavada, de acordo com o perito. Antes, é preciso retirar os escombros. “A área deverá ficar liberada para nós até terça ou quarta-feira”, disse.

A escavação será feita pela Cowan, sob orientação da polícia, informou Paiva. A ideia é fazer uma cova em forma aproximada de cilindro, com 3,5 metros de profundidade, considerando que o bloco tem 2 metros de altura. O buraco deve ter cerca de 3 metros em volta da estrutura, avalia Paiva. “Faremos as prospecções necessárias, para saber se o projeto foi executado com fidelidade. Temos que escavar até as cabeças das estacas”, disse. O bloco será inteiramente quebrado pela construtora, para que se inspecione seu interior. “Esse trabalho terá que ser feito quase manualmente, para que vejamos as tramas de ferragem, o modo como a estrutura está fixada nas estacas. Antes das prospecções, qualquer conclusão é prematura”, aponta.

Cadastro quase pronto

O cadastramento dos moradores dos condomínios Antares e Savana, vizinhos do Viaduto Batalha dos Guararapes, está em fase de conclusão, segundo a Coordenação Municipal de Defesa Civil de BH. Até a noite de ontem, 183 famílias haviam sido registradas, informou o órgão, que estima que haja 190 ao todo. O número total de moradores não foi revelado. A medida foi definida pela prefeitura após ser recomendada por laudo técnico contratado pela Cowan, que afirma que a alça norte, ainda de pé, pode cair a qualquer momento.


Ainda não há data para o início da remoção das famílias, segundo a Defesa Civil. A Cowan se comprometeu a pagar a hospedagem, mas os locais ainda não foram revelados. Essa indefinição irrita muitos moradores. “Eles (Defesa Civil) não nos dão informação. Os moradores não sabem quando vão sair. Essa espera é angustiante”, reclama a advogada Ana Cristina Drummond.

Os moradores dos dois condomínios pretendem realizar hoje, às 9h, um protesto na Avenida Pedro I, na altura da Lagoa do Nado, junto à faixa de isolamento da área do viaduto.

O modo como será demolida a alça norte da edificação ainda não foi definido. A pedido da prefeitura, a Cowan entrou em contato com empresas especializadas no procedimento, segundo a assessoria de imprensa da construtora. Os projetos de demolição serão repassados à prefeitura, encarregada de analisá-los e escolher um. (TH)


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