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Estado de Minas

Mistério sobre localização do corpo de Eliza continua

Apesar da certeza do primo do goleiro, polícia não encontra restos mortais de Eliza em lote vago em Vespasiano, na Grande BH. Advogado vê manobra de condenados pelo crime


postado em 26/07/2014 06:00 / atualizado em 26/07/2014 07:04

Retroescavadeira operou no lote durante duas horas e meia e voltou com a terra para o buraco de cinco metros pouco depois das 13h(foto: PAULO FILGUEIRAS/EM/D.A PRESS)
Retroescavadeira operou no lote durante duas horas e meia e voltou com a terra para o buraco de cinco metros pouco depois das 13h (foto: PAULO FILGUEIRAS/EM/D.A PRESS)

Quatro anos e 45 dias depois do desaparecimento e assassinato de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Fernandes, policiais civis fizeram ontem, mais uma vez, buscas sem sucesso pelos restos mortais, motivados por novas informações de Jorge Rosa Sales, de 21 anos, primo do atleta e principal testemunha do caso. O alvo foi um lote vago no Bairro Santa Clara, em Vespasiano, na Grande BH, onde morava o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, condenado a 22 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado e ocultação do cadáver de Eliza. Já Bruno foi condenado a 22 anos e 3 meses de prisão pelo assassinato e ocultação do cadáver e pelo sequestro e cárcere privado do filho, Bruninho. Luiz Henrique Romano, o Macarrão, pegou 15 anos de prisão por homicídio qualificado.

Jorge deu entrevista à Super Rádio Tupi, dos Diários Associados, na quinta-feira, dizendo ter certeza do local da desova do corpo, o que motivou a polícia a tomar novo depoimento dele e fazer a busca. Foi o nono endereço vasculhado desde a morte de Eliza, em 10 de junho de 2010.

O delegado Wagner Pinto, chefe do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP), chegou ao lote vago, na Rua Aranhas, ao lado do número 870, às 9h05, 10 minutos antes de Jorge, que estava acompanhado do advogado Nélio Andrade e de um tio. Às 10h, um comboio de viaturas partiu para Vespasiano. Uma retroescavadeira com a marca da prefeitura de Vespasiano começou a tirar terra, sempre com orientação de Jorge. Enquanto a máquina cavava, policiais remexiam o terreno procurando pistas, debaixo de chuva. Três objetos foram retirados do monte de terra:  um pé de um calçado similar a uma bota, uma luva parecida com as usadas por operários em construções e outro objeto semelhante a um sapato.

Segundo o delegado, o próprio Jorge sinalizou a necessidade de parar o trabalho, às 13h15, pois tinha certeza que era o local correto. Um buraco com cerca de cinco metros de profundidade foi aberto e coberto com a terra retirada. “Ele nos disse que não seria mais necessário. São várias hipóteses. Pode não ser aqui o local, ele pode ter se confundido ou ocorreu uma retirada posterior do corpo”, disse Pinto. “Acho complicado se sujeitar ao risco de voltar ao local dos fatos. É bastante arriscado e ousado”, afirmou.

Sobre as diferentes versões já apresentadas pelo rapaz, o delegado disse que não é possível descartar nenhuma hipótese: “Nossa função é averiguar. Se não, ficaria essa dúvida e seríamos cobrados eternamente”.

 Antes de deixar Vespasiano, Jorge afirmou, que na época em que Eliza foi morta, ele foi muito pressionado por advogados e por outras pessoas, se sentido confortável para falar o que houve apenas agora: “Estou chateado, pois queria um enterro digno para ela. Antes, eu estava sob muita pressão, mas conversei muito com meu tio e ele me orientou, dizendo que deveria seguir meu coração. Tenho certeza que estava ali. Nós arrastamos o corpo até o pé do coqueiro e jogamos no local. Não tem erro, não esqueço o local onde eu vou”.

Morador do imóvel ao lado há 20 anos, o marceneiro José Cassiano Pereira disse nunca ter visto movimentação no lote, especialmente nos últimos quatro anos: “É um local residencial e muitas crianças costumam brincar aqui. Não acho que tenha corpo, pois ninguém nunca viu nada”.

O advogado Nélio Andrade, que acompanhou Jorge do Rio de Janeiro até BH, disse que todos tinham convicção das informações dele, que garantiu inúmeras vezes durante a viagem que o corpo estava no lote em Vespasiano. “Ele disse que participou do crime. Se participou, ninguém pode saber mais do que ele onde ela foi enterrada. Não viemos do Rio à toa”, afirmou Andrade. Nem a polícia nem vizinhos do lote souberam informar quem é o dono da propriedade vasculhada. A reportagem procurou a Prefeitura de Vespasiano, que não retornou os contatos.

OUTRO PRIMO Depois da busca frustrada, Jorge foi levado para o DIHPP para ser ouvido pelo delegado-corregedor Luiz Carlos Ferreira. Isso porque na entrevista à rádio ele disse que Macarrão poderia estar envolvido na morte do primo dele e de Bruno, Sérgio Rosa Sales. As investigações desse caso foram concluídas com a prisão de duas pessoas, uma delas já condenada pelo crime. Segundo o delegado, o depoimento de Jorge em nada justifica alguma providência sobre o caso. Ele reafirmou que Macarrão e Sérgio não se davam bem. “O que o Macarrão pudesse fazer para tirar a vida de Sérgio, ele faria”, afirmou. No delegacia, Jorge reafirmou que apontou o local certo onde Eliza foi enterrada. “A cena que presenciei foi muito forte e eu não tinha como errar o lugar. Se o corpo não está lá, alguém deve ter retirado”, disse.


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