(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Depois da tragédia, familiares de vítimas de desabamento lutam para recomeçar

Onze dias após acidente, parentes da motorista de ônibus foram ao apartamento dela pela primeira vez recolher os pertences


postado em 15/07/2014 06:00 / atualizado em 15/07/2014 06:38

Priscila, irmã de Hanna (D), foi com os tios Cláudio e Cláudia cumprir a triste e difícil tarefa de recolher os pertences e doar o que for possível para entregar o imóvel (foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)
Priscila, irmã de Hanna (D), foi com os tios Cláudio e Cláudia cumprir a triste e difícil tarefa de recolher os pertences e doar o que for possível para entregar o imóvel (foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)

Malas abertas nos cantos do quarto, roupas sobre a cama, pacotes fechados e uma boneca de pano ainda pendurada na porta. Onze dias depois do desabamento do Viaduto Batalha dos Guararapes, na Avenida Pedro I, em Belo Horizonte, familiares da motorista Hanna Cristina Santos, de 24 anos, voltaram nessa segunda-feira ao apartamento da jovem morta na tragédia para desmontar a casa, retirar móveis e doar o que for possível, antes de entregá-lo ao proprietário. “Nossas vidas foram destruídas e temos que seguir em frente. Somos unidos, mas é uma dor que vai durar para sempre”, disse a tia e madrinha de Hanna, Teresa Cristina Santos, moradora do Barreiro.

No imóvel alugado no Bairro Heliópolis, na Região Norte, moravam também a irmã, Priscila, de 30, a filha de Hanna, Ana Clara, de 5, e os avós maternos da menina, José Antônio e Analina. “Clarinha está bem”, afirmoue Teresa, certa de que, nesse momento, o melhor é preservar a criança e evitar mais traumas. Com os olhos tristes, marcados pelas lágrimas e pela saudade, ela foi apartamento com Priscila e com os irmãos gêmeos Cláudia Andréa, cabeleireira residente há 11 anos em Lisboa (Portugal), e Cláudio André, vestindo uma camisa branca com o retrato da sobrinha.

Em silêncio, cada um cumpria sua tarefa: empilhar sapatos, dobrar vestidos, embalar eletrodomésticos e juntar brinquedos. “Com a perda do ônibus e a morte da minha irmã, fiquei desempregada. O coletivo era nosso sustento e agora terei que morar no Barreiro, com minha tia”, disse Priscila, mostrando uma foto tirada em Caldas Novas (GO) em que aparece sorridente ao lado de Hanna e da mãe. “Só agora estamos tomando pé da situação. É a primeira vez que venho aqui depois que tudo ocorreu. Sinto um vazio no peito, como se tivessem arrancado um pedaço”, disse Priscila em voz baixa.

Hanna era motorista do ônibus suplementar S70, que fazia o trajeto Conjunto Felicidade/Shopping Del Rey. O veículo pertencia à família e, há mais de um ano, a jovem foi habilitada para dirigir e sonhava em comprar um carro este ano. No dia 3, por volta das 15h, a queda do viaduto provocou a morte dela e do assistente de serviços gerais Charlys Frederico Moreira do Nascimento, de 25 anos, morador de Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, deixando 23 feridos.

Hanna Cristina dos Santos tinha orgulho de dizer que era motorista(foto: FACEBOOK/REPRODUÇÃO)
Hanna Cristina dos Santos tinha orgulho de dizer que era motorista (foto: FACEBOOK/REPRODUÇÃO)

REVOLTA

“Confiamos na Justiça de Deus e Ele saberá o que fazer. Nossa revolta é contra os engenheiros que fizeram o serviço no viaduto. São uns irresponsáveis, por terem autorizado a retirada das escoras. Nenhum dinheiro vai trazer de volta minha sobrinha”, desabafa Teresa. Ela explicou que somente ontem a família reuniu forças para tomar providências, como tirar os pertences de Hanna e da menina do apartamento. “Meus pais têm casa em Florestal, então ficavam um tempo lá e outro cá. A parte burocrática, como o seguro do ônibus, será resolvida pelos advogados”, conta Teresa. Tomada pelas lembranças, ela citou dois momentos extremos da trajetória da sobrinha: “Fui buscá-la no berçário, quando nasceu, e depois fazer o reconhecimento do corpo no Instituto Médico Legal (IML)”.

Olhando as peças de roupas, os parentes se recordaram da jovem alegre e vaidosa, animada com a Copa do Mundo e chegou a ir à Fan Fest, no Expominas. “Programamos até ver o show de Tiaguinho”, lembrou Priscila.

“Um dos orgulhos de Hanna era dizer que era motorista. Na verdade, ela foi também um anjo da guarda da filha, que estava sentada ao lado, e dos passageiros”, disse Priscila. Depois do acidente, a família ouviu relatos de quem estava BRT/Move, que passou segundos antes na frente do suplementar. “As pessoas disseram que Hanna salvou a vida deles, pois deu passagem ao Move”, disse Teresa.

CHARLYS

Os familiares de Charlys Frederico Moreira do Nascimento, a outra vítima do desabamento, também não escondem o sofrimento. “Temos recebido ajuda dos amigos e apoio de toda a família. A gente vai levando a vida…”, afirmou, na tarde de ontem, por telefone, a mulher dele, Cristilene Pereira Sena.

Emocionada, ela passou o telefone para a amiga e vizinha do Bairro Aeronautas, Cristiane Rodrigues, que a ajudado a resolver problemas. “Eles faziam planos, pretendiam ter um filho e casar. Só depois da perícia e fim das investigações é que serão tomadas providências”, adiantou Cristiane.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)