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Estado de Minas

Problemas com capivaras afetam 14 áreas urbanas de Minas além da Pampulha

Ibama abre processos por proliferação do roedor em todo o estado. Problemas vão de risco de acidentes de trânsito a febre maculosa


postado em 08/05/2014 06:00 / atualizado em 08/05/2014 06:57

Capivaras em rua de Ponte Nova, na Zona da Mata: prefeitura quer levar animais para um parque(foto: Prefeitura de Ponte Nova/Divulgação)
Capivaras em rua de Ponte Nova, na Zona da Mata: prefeitura quer levar animais para um parque (foto: Prefeitura de Ponte Nova/Divulgação)

O controle da população de capivaras não é problema exclusivo da Lagoa da Pampulha, onde a Prefeitura de Belo Horizonte peleja para retirar 250 animais de seu entorno. Pelo menos 15 processos  correm no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) relacionados à proliferação do mamífero em Minas Gerais. Além da Pampulha, os casos se espalham em condomínios fechados e municípios próximos a ambientes aquáticos, hábitat dos maiores roedores do mundo. O fenômeno preocupa autoridades, uma vez que, além de trazer risco de acidentes de trânsito, a capivara pode servir de reservatório da bactéria causadora da febre maculosa, transmitida ao homem pelo carrapato-estrela. Como mostrou ontem o Estado de Minas, a prefeitura instalou placas avisando sobre a ocorrência do carrapato em parque ecológico na Pampulha, para alertar sobre o perigo.

Os municípios de Ponte Nova, na Zona da Mata, Divinópolis, na Região Centro-Oeste, e Sete Lagoas, na Região Central, tentam fazer o acompanhamento e controle dos roedores. O desafio também está presente em condomínios como o Alphaville, às margens da Lagoa dos Ingleses, em Nova Lima, o Canto das Águas, em Rio Acima, e o Nossa Fazenda, em Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Todos contam com processos em curso no Ibama relativos à elaboração do plano de manejo de capivaras, estudo que caracteriza a população dos animais e traça as ações de controle.

“Essa é uma situação comum em vários locais, pois a capivara se reproduz bem em ambientes urbanos onde tenha alimento e água à disposição e, nessas áreas, não encontra predador (o mais comum é a onça-pintada)”, afirma o analista ambiental do Ibama Junio Augusto Silva. Geralmente, os animais chegam à área urbana por meio dos cursos d’água. Em Ponte Nova, uma população de cerca de 40 indivíduos vivem próximos ao Rio Piranga, que corta a cidade. Eles já provocaram acidentes.

Há cerca de três anos, uma batida entre uma capivara e um carro levou o Ministério Público (MP) a exigir, por meio de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que o município tomasse providências. “Foi por isso que contratamos o plano de manejo. Vamos levantar a população e levar os animais para o Parque Natural Municipal Tancredo Neves”, afirma o assessor de serviços urbanos e meio ambiente da Prefeitura de Ponte Nova, José Roberto Rosado. O plano começará a ser elaborado no próximo mês, a contragosto de parte da população. “Muita gente é contra a retirada das capivaras, pois são uma atração”, reconhece.

Nova Lima

Faz dois anos que a Associação Geral Alphaville Lagoa dos Ingleses, que reúne condomínios e comércio da região, procurou o Ibama para saber como tratar dos animais. A entidade já identificou 15 capivaras que ficam próximas ao espelho d’água e a pista de caminhada. “Estamos bastante preocupados com a questão da Pampulha e vamos querer remover os animais, pois eles não trazem benefício nenhum”, afirma o diretor-presidente da associação, Abílio dos Santos. O representante do Alphaville se refere à instalação de placas a cada 50 metros no Parque Ecológico Promotor Francisco José Lins do Rego, na orla da Lagoa da Pampulha, alertando que a “área é sujeita à ocorrência de carrapatos”. A área verde é ponto de concentração das capivaras, que podem servir de reservatório da bactéria Rickettsia rickettsii, causadora da febre maculosa. A doença é transmitida para o homem pelo carrapato-estrela.

Em fevereiro, a Fundação Ezequiel Dias (Funed) confirmou a morte de um jovem de 20 anos por febre maculosa. A vítima havia passeado de bicicleta na orla da Pampulha. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o caso ainda está em fase de investigação. “Nos últimos três anos, tivemos três casos de febre maculosa e nenhuma confirmação de que foram provocados por carrapato em capivara da Pampulha”, afirma o vice-prefeito Délio Malheiros, que acumula o cargo de secretário de Meio Ambiente. Amanhã, ele vai ao parque.

A médica Virgínia Zambelli, da Sociedade Mineira de Infectologia, afirma que o risco de transmissão da doença existe, mas não vê motivo para pânico. “É melhor evitar ficar próximo das capivaras e em contato com a grama. Para o carrapato transmitir a doença, ele precisa estar contaminado e ficar de quatro a seis horas fixado ao corpo”, afirma. Além das capivaras, cavalos e cães são hospedeiros comuns da bactéria da febre maculosa. A orientação é procurar atendimento médico em caso de sintomas como febre, dores de cabeça e no corpo e manchas avermelhadas.

Saiba mais

Animal pode pesar 100kg

A capivara é o maior roedor do mundo, medindo até 1,30m de comprimento e 0,60m de altura. Pode chegar a 100kg, mas seu peso médio é de 50kg para fêmeas e 60kg para machos. Vivem, normalmente, em grupos de dois a 30 indivíduos, em que há sempre um casal dominante. Herbívoro, o animal consome de três a quatro quilos de vegetação fresca por dia. Reproduz-se a partir dos dois anos. A capivara pode servir de reservatório da bactéria causadora da febre maculosa, transmitida ao homem pelo carrapato-estrela. Os sintomas se confundem com os de outras infecções: febre alta, dor no corpo, dor de cabeça, falta de apetite e desânimo, seguidos do surgimento de manchas avermelhadas na pele, que crescem e tornam-se salientes. Não há vacina. O tratamento, com antibióticos, precisa ser administrado no período inicial da doença.


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